Capítulo 47: A Grande Descoberta

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O almoço em família estava repleto de risadas e conversas, porém, o tema mais pulsante era referente ao meu futuro acadêmico. Léo, recém-ingressado na faculdade, esbanjava entusiasmo. Após a refeição, retirei-me para a sala, buscando um momento de tranquilidade antes do compromisso do dia. Assim que o relógio marcou duas e meia, lembrei da ligação de Iago avisando que estava a caminho. Separei os documentos e exames, colocando tudo na bolsa enquanto a ansiedade crescia em meu peito.

— Boa sorte lá, maninha! — Léo disse. — Assim que souber, me liga! Quero comprar presentes, estou ansioso demais!

— Pode deixar! — respondi, sorrindo, embora uma sombra de preocupação se instalasse em meu coração.

A consulta sempre me deixava em um turbilhão emocional: euforia, tensão e uma ponta de histeria. Contudo, eu tinha certeza de que tudo estava bem. Nos últimos dias, cuidei de mim com rigor, alimentação saudável e as vitaminas em dia. Um leve sorriso se formou em meu rosto ao ouvir a buzina de um carro, mas logo se desfez ao perceber que não era o Ian.

— Vem logo, cunhada! Estamos atrasados! — Iago gritou do carro. Acenei para ele e sua mãe, sentindo uma pontada de desânimo. Como o Ian poderia me deixar assim, à mercê da preocupação?

— O Ian não foi trabalhar com o carro dele? — perguntei, já dentro do veículo.

— Querida, eu o avistei saindo em outro carro, mas não sei de quem era. Pensei que você soubesse. — respondeu a mãe de Ian. A minha raiva fervia. Respirei fundo, contando até dez mentalmente para não me deixar levar.

— Não sabia. — murmurei, fixando o olhar em um ponto distante.

— Ele mandou avisar que estará na sua casa hoje à noite para saber do bebê. — comentou Iago, e uma onda de irritação me tomou.

Chegamos à clínica, e após tomar um copo d'água, sentei-me na sala de espera com o frio na barriga aumentando. O semblante sério refletia a confusão em minha mente. Em poucos minutos, o doutor me chamou, e, ao entrar em sua sala, a ansiedade quase me paralisou. Ele elogiou o crescimento do bebê e, após algumas perguntas básicas, pediu que eu deitasse.

O gel frio na minha barriga trouxe uma sensação misturada de nervosismo e alegria. O bebê se mexia, e isso acalmou um pouco meu espírito. O doutor deslizou o aparelho, e na tela, observei o pequeno ser se movendo.

— Hum... Temos aqui um ou uma...

— Fale logo, doutor! Estou prestes a explodir de ansiedade! — exigi, a voz traindo minha impaciência.

— O bebê está bem, saudável, grande... — ele fez uma pausa, sorrindo. — É um menino, meus parabéns!!!

A revelação me deixou atônita. A felicidade inundou os meus olhos, acompanhada pelas lágrimas da mãe de Ian. Iago pulou de alegria, e eu mal podia conter o meu entusiasmo. A imagem de montar o quarto, escolher o nome e o enxoval dançava em minha mente. Desde a descoberta da gravidez, aquele momento parecia um presente do destino.

— Isabele Rosie, você está com 21 semanas. Impressionante como passou rápido. O seu bebê está forte e saudável, e você também ganhou peso de forma normal. Continue nesse ritmo. — ele prosseguiu, entregando-me alguns papéis e as imagens da ultrassom.

— Doutor, é normal o bebê não se mexer?

— Depende... Eles dormem também. No entanto, se ficar um dia sem movimento, procure o hospital para verificar. Ou, deite-se de lado e pressione alguns pontos da barriga, isso pode ajudar. E lembre-se de contar os movimentos após as refeições.

— Certo, muito obrigada! — sorri, aliviada.

Saímos da clínica com o coração leve, e Iago começou a sugerir nomes de meninos, mas eu o provocava, dizendo que não gostava de nenhum sugerido. Porém, eram todos bonitos. Eles me deixaram em casa, e ao abrir a porta, deparei-me com o Léo na sala. O meu pai estava no trabalho e a Carla em sua casa. Tirei a sandália e joguei a bolsa na mesa, o Léo ficou só esperando eu dizer algo.

— Você vai ter um sobrinho! — exclamei, sentando-me ao lado dele no sofá. Ele parecia prestes a pular de alegria.

— É sério?!! — comemorou.

— Sim. — respondi, mas a tristeza de outros problemas pesava sobre mim.

— Você não gostou?

— Claro que gostei, Léo. Estou chateada com outras coisas que não têm nada a ver com o meu filho.

— Então, esquece esses problemas. Hoje é um dia especial!

— Pena que o pai do bebê não pensa assim.

— Isa, ele ama você e o bebê. É normal ter desavenças, somos jovens.

— Você tem razão...

(...)

A noite chegou e, surpreendentemente, fui acordada por beijos suaves no meu rosto. Ao abrir os olhos, observei o Ian à minha frente. Com pressa, corri ao banheiro, a bexiga apertando. Depois de uma rápida higienização, fui até a cozinha e peguei um pote de sorvete pois necessitava de um doce. Ligando a TV em seguida, e me afundando em uma série. Tentei ignorar a sua presença indesejável. Ian, percebendo o meu afastamento, tentou se aproximar, mas novamente eu recuei. O peso da mágoa me impedia de agir de forma diferente.

De Repente GrávidaOnde histórias criam vida. Descubra agora