Capítulo 75

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Bianca narrando:

Hoje acordei animada, pois era a segunda vez que eu iria na consulta do meu bebê. Ninguém imagina o quanto esperei por esse momento, eu precisava mais que qualquer coisa ver como o bebê estava, se está crescendo e se a saúde dele está em dia, eu precisava saber de notícias do meu anjinho. O Marcelo iria me levar, eu só não sabia se ele vai querer entrar comigo na sala para me acompanhar, mas espero que sim, seria um momento mágico vê-lo escutar o coraçãozinho do filho. A consultava estava marcada com o mesmo obstetra da Isabele que é o doutor Rodrigo, às nove horas da manhã. Nós saímos de casa às sete e meia, o MC não queria que a gente se atrasasse. Eu nem quis reclamar mesmo achando muito cedo, apenas agradeci mentalmente por ele estar começando a enxergar e aceitar a situação.

— Será que o doutor consegue descobrir o sexo do bebê hoje? – Pergunto pro Marcelo que deu os ombros enquanto estava concentrado dirigindo o seu carro.

— Esperamos que sim. – Responde sério.

— Esperamos? Então quer dizer que você também espera? – Sorrio.

— Tenho outra escolha? – Ele me olha e eu assinto.

— Você poderia ter me abandonado ao invés de ter me acolhido.

— Eu jamais faria isso contigo. Além do mais, eu precisava de alguém naquela casa antes que eu enlouquecesse sozinho, e você serviu. – Deu os ombros novamente.

— Admite que você está ansioso para saber do bebê?

— Eu não to nem aí pra essa criança, já te disse isso.

— Vou fingir que acredito. – Digo e ele rola os olhos.

Nós chegamos na clínica ainda era muito cedo e o doutor estava atendendo outra paciente, então, tivemos que esperar. Percebi que o Marcelo estava ansioso porque ele não parava de mexer a perna e roer as unhas. O mesmo não dizia uma palavra, nem mesmo se iria me acompanhar e eu também não quis perguntar, só o fato dele ter aceitado vir me trazer já me fez ganhar o dia. Eu alisava a minha barriga e suspirava fundo, cada suspiro era de preocupação. Por mais que eu esteja feliz de estar na segunda consulta do meu bebê, as notícias que eu receberia me preocupava, fiquei insegura e rezando muito para tudo dar certo.

— Bianca? – Escutei o obstetra me chamar depois de longos minutos esperando.

Me levantei da cadeira e olhei para o Marcelo que também se levantou, ele quis mesmo me acompanhar. Entramos naquela sala gelada e o meu coração já começou a bater forte, eu sentia um enorme frio na barriga, fraqueza nas pernas e arrepio por todo o meu corpo. A gente se sentou na cadeira e o doutor começou a fazer umas perguntas antes de me examinar, até fugiu um pouco do assunto falando sobre a Isabele e a barriga dela que estava prestes a explodir, segundo ele. Achei ele muito extrovertido e gentil, um ótimo profissional.

— Você ainda sente náuseas e enjoos frequentes? – Indaga e eu assinto. — Quando foi a sua última relação sexual?

— Ontem. – Engoli o seco.

— Sente dores na gravidez? Houve sangramentos?

— Não, só uma vez que eu senti dor no pé da barriga depois de ter... ter caído de uma escada, mas a dor não foi muito intensa e logo passou. – Menti, eu não havia caído de nenhuma escada e sim apanhado de Marcelo.

— Certo. O bebê já mexeu?

— Sim, tem pouco tempo.

— A gravidez foi planejada? – Ele pergunta olhando para nós dois.

— Não. – Respondo após um silêncio.

— Pais de primeira viagem?

— Sim! – Dou um sorriso fraco e acabo ficando sem graça por Marcelo não querer participar da conversa.

Antes dele pedir para eu me deitar na cama hospitalar, me fez outras perguntas variadas relacionadas sobre o meu histórico de saúde pessoal, se eu tomava algum medicamento e etc. Levantei a minha blusa deixando a minha pequena barriga em amostra e o doutor passou um gel gelado sobre ela. Em poucos minutos, começou a deslizar o aparelho na minha barriga que me deixava cada vez mais tensa, pois sua expressão olhando para o televisor não era uma das melhores. Logo escutamos um barulho acelerado que era o coraçãozinho do bebê batendo, meus olhos ficaram inundados ouvindo aquele som que fazia eu me apaixonar cada vez mais por ele, eu já amava demais esse bebê.

— Tenho uma notícia boa e uma ruim, infelizmente. Qual vocês preferem ouvir primeiro? – Ele pergunta e o meu coração dispara.

— Qual é a ruim? – Fico aflita.

— Você está no começo de uma gravidez de risco... e acho que vocês já devem conhecer quais são os riscos. Pode existir alguma probabilidade de ocorrer a doença ou morte da mãe ou do bebê durante a gravidez ou na hora do parto. Mas fiquem tranquilos, isso está bem no começo e tem como cuidarmos para evitar que o caso se torne de risco avançado. O que você pode fazer para que a gestação seja tranquila até o final é ter repouso absoluto, alimentação equilibrada e consultas frequentes pré-natais para eu poder acompanhar o desenvolvimento da gravidez, identificar precocemente os problemas e instituir o tratamento adequado o mais cedo possível.

Ali no meio de todas aquelas palavras, eu vi o mundo mais uma vez desabar sobre mim. Tive uma vontade enorme de chorar e culpar o Marcelo que me encarava sério e em choque com a notícia. Mas no fundo, eu sempre soube que isso podia acontecer por culpa dele.

— E qual é a notícia boa, doutor? – Marcelo pergunta já que eu não conseguia mais dizer nada.

— É que o bebê de vocês é uma menina! Uma pequena guerreira que virá ao mundo e nós vamos trabalhar juntos para que isso aconteça da forma mais saudável.

E no meio dessa tempestade na minha vida, surgiu uma luz e um motivo para me dar forças para continuar. Eu seria mãe de uma menina, uma pequena princesinha, e não tinha nada mais gratificante que isso. Obrigada filha por simplesmente existir e ter me escolhido para ser a sua mamãe. Ela é a minha prioridade agora, o meu bem mais precioso. Independente do problema que teremos pela frente, iremos enfrentar juntas e vamos conseguir vencer todos os obstáculos.
Na sala, eu fui surpreendida por um sorriso que brotou no rosto de Marcelo, aquele sorriso raro que demonstrava interesse e amor, só esse sorriso para me acalmar e me fazer acreditar cada vez mais em nós dois. Ele chegou perto de mim e segurou a minha mão, eu não contive as minhas lágrimas e ali chorei.

De Repente GrávidaOnde histórias criam vida. Descubra agora