Despertei cedo ao lado de Ian, o suave cheiro de café filtrando pelo ar me convidava a levantar. Após um banho revigorante, vesti uma de suas camisetas, que me envolveu como um abraço acolhedor. Fomos juntos à cozinha, onde encontrei Iago com a cara de sono e o cabelo emaranhado. Assim que me viu, correu para me abraçar, com suas mãos apertando a minha barriga como se quisesse cumprimentar o bebê.
— Oi, Isa!! — exclamou, sorrindo enquanto depositava um beijo carinhoso na barriga.
O café da manhã que escolhi era simples: um pedaço de queijo e salada de frutas, mas me satisfiz. Porém, quando o celular de Ian tocou, ele se afastou para atender, e um frio na barriga me invadiu. O que ele estava escondendo? A insegurança começou a corroer o meu ânimo.
— Por que o seu irmão atende o celular escondido? — perguntei, tentando disfarçar a preocupação.
— Se você é a namorada dele e não sabe, imagine eu! — respondeu Iago, rindo. Rolei os olhos, sabendo que ele tinha razão, mas não conseguia deixar de me sentir inquieta.
— Tudo bem, o que importa mesmo é que hoje é o dia da tão esperada ultrassom! — disse, tentando focar no que realmente importava.
— Posso ir junto? — perguntou Iago, os olhos brilhando.
— O que vocês estão conversando? — Ian se aproximou, mas eu desviei o olhar, frustrada.
— Estamos falando sobre o seu filho! A Isa vai à consulta hoje! — Iago respondeu com entusiasmo.
— Você irá com ela, eu não poderei ir. — A declaração de Ian cortou o ar.
— O quê?! — Olhei para ele, incrédula.
— Tenho um trabalho importante hoje.
— Mais importante do que ver o seu filho? E se eu entrasse em trabalho de parto agora, você me deixaria com o seu irmão para ir trabalhar? — O tom da minha voz subiu, e a indignação queimava dentro de mim.
— Óbvio que não, são situações completamente diferentes!
— Como assim diferentes? Este momento é crucial, Ian!
— Eu não disse que não era importante. No entanto, a minha presença no trabalho hoje é fundamental, e não posso faltar.
— Você não pode estar falando sério, Ian...
— A minha mãe e o Iago irão com você, está decidido. Eles vão te buscar no horário da consulta!
— Se eu soubesse que voltaria para enfrentar estresse e decepção, jamais teria vindo!
— Não fala isso.
— Queria que você estivesse presente em todas as consultas, vivendo cada momento da gravidez ao meu lado. — Meu tom de voz tremia.
— Eu vou fazer o possível.
— Sabe de uma coisa? Prefiro ir sozinha mesmo. Eu preciso estar bem para a consulta do meu filho! — Saí apressada, trocando de roupa em um instante e chamando um táxi pelo aplicativo do celular. As lágrimas escorriam pelo meu rosto enquanto eu ia embora, sentindo o peso da decepção.
A gestação havia me transformado em uma marionete de emoções descontroladas. Com a cabeça apoiada na janela do carro, observei as paisagens passarem, refletindo sobre a minha vida. Momentos de alegria se alternavam com tempestades, e eu queria simplesmente sumir. Tentei ignorar o turbilhão de pensamentos, desejando que o dia fosse de felicidade.
Cheguei em casa com a sensação de derrota, o corpo fraco. A Carla estava na cozinha, e assim que me viu, correu para me dar um abraço forte e reconfortante. Mas eu não consegui conter as lágrimas perto da mesma.
— Isa, o que aconteceu? — Ela me guiou para uma cadeira e trouxe um copo de água.
— Brigas e mais brigas... — Minha voz saiu baixa, apenas um sussurro de tristeza.
— Pode me contar o que houve? — Sua expressão era de preocupação genuína.
— Hoje é a consulta mais esperada para finalmente descobrirmos o sexo do bebê! Porém, o Ian não poderá me acompanhar devido a um suposto trabalho importante... Carla, seja honesta comigo... ele está mentindo, não está?
— Você pode estar se precipitando. Já pensou que ele pode estar dizendo a verdade?
— O Ian nunca trocaria essa consulta por nada! Estávamos contando os dias para isso.
— Pode haver um motivo sério, algo importante, como escolher entre a vida e a morte. Mas não se preocupe, eu vou na consulta com você.
— O irmão e a mãe dele querem ir comigo. Não consegui recusar, eles são incríveis e amam esse bebê mais do que eu.
— Você tem algum plano em mente?
— Ainda não. — Respondi, pensativa.
— Não faça nada sem me contar. Posso te ajudar.
— Não, Carla... Você está grávida, e os primeiros meses são delicados, lembra?
Durante a manhã, fiquei pensativa se deveria seguir Ian ou tentar entrar em contato com seus amigos para colher informações. As minhas paranoias estavam me deixando louca, uma mistura de amor e raiva se revezando dentro de mim. Já esperava passar dificuldades ao voltar para a cidade, mas deveria ter ouvido a minha mãe; voltar só me deixou mais vulnerável.
Entrei no closet e escolhi uma roupa para a consulta: uma blusa e calça confortáveis, separando também algumas maquiagens e acessórios. Decidi me arrumar após o almoço, já que a consulta seria às três horas da tarde. Enquanto pensava, lembrei das mensagens estranhas de Richard, principalmente quando ele mencionou o Ian como se soubesse de tudo. Então, uma ideia brilhante surgiu em minha mente. Era hora de agir.
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De Repente Grávida
Teen Fiction+16 "Ela não quer alguém que a entenda por completo. Mas ela não abre mão de alguém que acalme sua cabeça e principalmente o seu coração. Ela quer por as vezes estar junto de ti e ficar apenas em silêncio, mas que esse silêncio nunca signifique...