Bianca narrando:
Algumas semanas atrás...
Estávamos empolgados numa reunião com o arquiteto que iria fazer o quarto da nossa filha. Eu havia dito para Marcelo que não tinha necessidade porque eu entendia perfeitamente de decoração, mas ele não confiou e preferiu contratar uma pessoa para isso. Não tínhamos escolhido nenhum tema específico, eu só queria um quarto rosinha com decorações infantis, mas nada muito exagerado, quero algo mais simples e aconchegante para ela. O projeto do quarto ficou pronto em alguns dias e finalmente a reforma começou, estava ansiosa para ver tudo pronto e organizado com as coisinhas dela. Sei que começamos a montar o quarto muito tarde, é que eu não estava com cabeça para isso e o Marcelo não se importava com nada, tive que insisti muito.
— Bia, vou sair agora! Vai querer que eu traga alguma coisa do mercado? – Marcelo me perguntou, achei estranho o mesmo estar sendo legal comigo.
— Não, obrigada.
— Fala logo, aproveita que hoje eu to bonzinho.
— Tá bom, quero sorvete de morango com pão de queijo.
— Quê? – Me olhou confuso.
— Estou com vontade. – Dei um sorriso sem graça.
— Que louca! – É a última coisa que diz rindo antes de fechar a porta e sair.
Aproveito que ele saiu para tomar um banho longo e relaxante. E sobre a vadia da Samanta, ela não veio mais aqui em casa já tem uma semana, nem mesmo para limpar, então eu mesma tive que arrumar a casa porque não suporto bagunça e Marcelo é muito bagunceiro. Assim que terminei o banho fiquei na sala assistindo série e mexendo no celular enquanto ele não chegava da rua.
Bom, eu completei recentemente 27 semanas de gestação, a cada dia tomo um susto com o tamanho da minha barriga que está cada vez maior. Eu ainda não sei como a bebê se chamará, Marcelo e eu nunca falamos sobre isso, é muito raro ele querer saber sobre a bebê e se eu falo algo ele finge não escutar. Ela começou a mexer dentro da minha barriga já tem uns dois meses, o doutor me disse que ela está mais saudável mas ainda não escapei do risco. Tenho tanto medo de não conseguir sobreviver no parto ou que alguma coisa aconteça a ela, eu não quero morrer sem ver o rostinho da minha filha.— Comprei o seu sorvete de morango e o pão de queijo, mate a sua vontade. – Escuto Marcelo adentrando a sala com uma sacola de super mercado.
— Obrigada.
— Algum problema? – Pergunta quando me olha encolhida no sofá.
— Não, por quê?
— Nada, você é estranha.
— Igual a você. – Digo baixo, ele escuta mas ignora e veio se sentar do meu lado. — Marcelo... Você nunca mais me falou sobre o seu filho de dois anos, como ele se chama?
— Não interessa. – Bebericou sua cerveja.
— Por que não trás ele aqui um dia para passar a tarde com a gente?
— Tá louca? Nunca nem vi essa criança, já basta a sua que vou assumir.
— Gostaria de conhecer ele, você também deveria. – Me levantei do sofá e o deixei sozinho na sala. Caminhei até a cozinha para comer o meu sorvete com pão de queijo.
(...)
1 dia antes...
O Marcelo decidiu sair hoje na noite de sábado, amanhã é dia das mães mas ele como sempre não se importava com essas datas especiais. Ele queria fazer um almoço aqui em casa mas acabou que resolvendo fazer amanhã à noite. Eu passei o dia inteiro estressada com ele, não concordei que saísse sem mim, Marcelo sabe que eu quero sair dessa droga de casa a meses mas ele não deixa, quer me manter como prisioneira aqui só por causa do tamanho da minha barriga. Nós já brigamos por causa disso e ele sempre diz que tem medo que algo me aconteça, mas desde quando ele se importa comigo e com a bebê mesmo?
Estava em seu quarto sentada em sua cama só o observando se arrumar, colocando a sua melhor roupa e passando um de seus melhores perfumes, todo animadinho cantando e dançando. O mesmo não havia me contado para onde ia ou que horas chegaria, isso me deixava profundamente irritada pois não queria ficar sozinha em casa com dois seguranças chatos que não interagiam comigo. Confesso que o ciúmes estava me corroendo por dentro, eu gostava dele, não suportava pensar que ele vai estar com outra em algum motel por aí. E por causa disso tudo, foi mais um motivo para uma terrível discussão entre nós dois.
— Eu quero ir com você, Marcelo! – Gritei furiosa.
— Não, se tu não tivesse grávida eu até te levaria comigo.
— Eu to grávida e não morta, quero me divertir.
— Querer não é poder, e se você fosse eu não iria conseguir usar as minhas drogas. Sem contar que a senhorita há uns três meses atrás foi pra balada escondida no meu porta-malas, eu só não te bati porque a tua amiga tava lá.
— MC por favor, eu prometo não te dar nenhum trabalho, só quero sair um pouco de casa.
— Não me chama de MC, já te falei isso.
— Tanto faz, você não vai sair!
— Desde quando mulher manda em mim? – Gargalhou.
— Não estou achando graça. – Digo e ele gargalha mais alto.
— Enquanto eu vou me divertir você vai ficar presa aqui, ninguém mandou engravidar.
— Idiota!!! – Fui pra cima do mesmo que me empurrou forte. — Se você passar por aquela porta, eu juro que ligo pra polícia e te denuncio.
— Repete! – Ele se aproxima e eu me encolho no chão.
— Por favor, Marcelo... Não vai. – Sinto as lágrimas escorrerem.
— Repete o que você tinha falado.
— Marcelo...
— Você liga pra polícia e eu mato a sua família e depois te mato. – Me tapeou.
— Pode me matar, quero mesmo é te ver queimando no inferno seu monstro!!! – Aumento o tom da minha voz e logo sinto aquela mão grande puxando forte o meu cabelo.
— Essa surra vai ser pra você aprender a me respeitar e nunca mais falar desse jeito comigo, to cansado dessas birras suas!
Nem preciso dizer o que aconteceu depois disso, ele me bateu mas não atingiu a minha barriga, o que me fez ficar aliviada. Eu pedia pro mesmo parar, estava me machucando muito, eu não merecia essa surra plena véspera do dia das mães, eu não merecia esse monstro na minha vida. Fiquei chorando e jogada no chão até escutar o barulho do seu carro saindo da garagem. Quando me certifiquei que ele não estava mais em casa, me levantei com cuidado e quebrei todos os seus perfumes jogando com força no chão, chutei a cama, quebrei tudo que eu pude. Parei quando senti uma pontada muito forte na minha barriga, eu gritei e me agachei no chão, doeu muito, mais do que os machucados espalhados pelo meu corpo... Eu odeio o Marcelo.
Estava frágil ultimamente, chorona, carente, só queria um cafuné e um abraço. O Marcelo não prestava nem para me beijar, ele não encostava um dedo em mim a não ser para me bater. Não sei que pecado estou pagando, só sei que não aguento mais esse inferno na minha vida. Maldita hora que eu fui julgar a Isabele falando que aquele bebê estragaria a vida dela, olha onde estou agora.
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De Repente Grávida
Ficção Adolescente+16 "Ela não quer alguém que a entenda por completo. Mas ela não abre mão de alguém que acalme sua cabeça e principalmente o seu coração. Ela quer por as vezes estar junto de ti e ficar apenas em silêncio, mas que esse silêncio nunca signifique...