Empurrei o mesmo, afastando-me daquele momento de pura adrenalina. Eu não conseguia entender porquê havia cedido. Mas sabia que, certo ou errado, talvez não voltaríamos a ser o que éramos antes, uma vez que a confiança foi quebrada. Todavia, o seu companheirismo ainda significava algo para mim; eu precisava de alguém que me ajudasse nesse momento.
— A consulta com o médico será amanhã às nove horas! — informei, tentando manter a seriedade na conversa.
— Você já comeu? — ele perguntou, a preocupação evidente em sua voz.
— Tentei, mas você tirou toda a minha concentração e o pouco apetite que me restava.
— Precisa se alimentar bem, Isa. — ele insistiu, com um tom de quem realmente se importava.
— Graças a você, tive dificuldades nessas últimas semanas. — Minha resposta saiu mais amarga do que eu pretendia.
— Agora eu posso te ajudar! — Ele se aproximou e me abraçou novamente.
— Essa pizzaria não me traz boas lembranças... — Sentei-me em um banco, e ele continuava a me observar, como se quisesse decifrar cada pensamento meu.
— Se não fosse por ela, nós não teríamos nos conhecido. — ele disse, com um sorriso nostálgico. — Amanhã podemos sair para jantar? — ele perguntou, tentando parecer casual.
— Irei pensar, agora somos apenas amigos.
— Pode ser uma amizade colorida? — piscou um de seus olhos, me fazendo rir.
— Você sabe que não.
Entramos na pizzaria, e o ambiente pesado mudou completamente. O desânimo que eu sentia antes se dissipou, dando lugar a uma leveza inesperada. O meu pai, a Carla e a família de Ian nos observavam com olhares curiosos, mas nós estávamos sorrindo. Caminhei em direção à mesa e logo fui cercada por perguntas.
— Fala sério, filha! Amigos? Em que século estamos mesmo? — meu pai exclamou, claramente indignado.
— Eu não sei se devo acreditar nele. Preciso investigar melhor essa história antes de tomar qualquer atitude.
— Por que vocês não conversaram feito adultos?
— Mas nós conversamos. — protestei, revirando os olhos.
— Vamos embora? Irei pedir a conta! — Carla chamou o garçom, decidida.
— Por que a pressa, Carla? — perguntei, curiosa.
— Seu pai e eu vamos a um show de rock!! — ela sorriu.
— Desde quando vocês gostam de rock? — indaguei, incredulamente.
— Temos uma banda favorita em comum! — Carla explicou, surpreendendo-me ainda mais.
Logo saímos da pizzaria. Eu não quis me despedir de Ian, mas ele sabia que tínhamos um compromisso pela manhã. Ao chegar em casa, me deitei no sofá, de barriga para cima, refletindo sobre a vida. Havia algo de bom em ter esclarecido as coisas com o Ian. Nos últimos tempos, me senti tão sozinha e carente, especialmente sem a presença da Bianca. A ausência dela pesava em mim, e eu me perguntava por que ela havia se afastado.
A saudade da amizade e do amor que perdi me fez chorar. Acho que meu lado emotivo se aflorou durante a gestação. As lágrimas quentes escorriam pelo meu rosto enquanto acariciava a minha barriga.
— Ah, bebê... — suspirei fundo. — Pode não acreditar, mas estou ansiosa para escutar o seu coraçãozinho batendo amanhã. — Com delicadeza, alisei a barriga e logo pude senti-lo mexendo dentro de mim. — Obrigada por me lembrar que não estou mais sozinha. Agora tenho você!
E naquele momento, no conforto do sofá, percebi que o amor que brotava em meu coração era por essa nova vida que estava prestes a começar.
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De Repente Grávida
Fiksi Remaja+16 "Ela não quer alguém que a entenda por completo. Mas ela não abre mão de alguém que acalme sua cabeça e principalmente o seu coração. Ela quer por as vezes estar junto de ti e ficar apenas em silêncio, mas que esse silêncio nunca signifique...