Naquela manhã, permaneci deitada na cama, com os olhos fixos no teto. O sol entrava pela janela, mas a luz não conseguia dissipar a escuridão que pairava sobre meus pensamentos. Reflexões sobre a vida e os desafios que estava enfrentando invadiam a minha mente, seguidas por uma onda de preocupações que me deixava inquieta. As horas passaram lentamente, e logo chegou o momento de me arrumar para a consulta médica.
Escolhi uma calça jeans confortável, uma t-shirt simples e um par de tênis que me permitisse andar com leveza. Com um suspiro profundo, separei os meus documentos e alguns exames anteriores que poderiam ser úteis na consulta.
Na cozinha, a Carla demonstrava uma ansiedade que não conseguia conter. Ela parecia mais preocupada do que eu própria.
— Está tudo bem, Isabele? — perguntou, sua voz tremendo um pouco.
— Estou tentando permanecer calma. — respondi, sentindo a inquietação crescer dentro de mim.
O Ian havia saído para resolver algumas pendências, mas prometeu voltar a tempo de me acompanhar. Quando finalmente chegamos à clínica, a familiaridade do lugar me trouxe um leve alívio. A Carla e o Ian me esperavam na recepção enquanto eu entrava na sala do doutor sozinha. Assim que a porta se fechou atrás de mim, um frio na barriga me dominou.
— Isabele Rosie, o que lhe traz aqui? — indagou o médico, com um olhar preocupado.
— Estou com mal-estar há algumas semanas, enjoos e vômitos frequentes. E agora, algumas pontadas na parte inferior da barriga têm me deixado aflita. — confessei, a voz trêmula.
— E como está a sua menstruação?
— Muito atrasada! — respondi, engolindo em seco. A realização do atraso me atingiu como um soco no estômago.
— Vou solicitar um exame de sangue. O resultado sairá em algumas horas! — disse ele, enquanto preenchia uma ficha.
— Tudo bem. — murmurei, tentando manter a calma.
— Este é o papel que irá precisar, depois pode retornar em minha sala que estarei com os resultados em mãos.
Após o exame físico e algumas perguntas adicionais, fui liberada para o laboratório. Enquanto caminhava pelos corredores, optei por não chamar Ian e Carla. Agulhas sempre foram um pesadelo para mim, e eu não queria que eles vissem a minha fragilidade. A sala do laboratório estava gelada, e o nervosismo me fez tremer.
— Isabele Rosie? — ouvi a voz da enfermeira, e meu coração disparou. O atendimento foi mais rápido do que eu esperava.
— Sou eu. — disse, tentando controlar o tremor das minhas pernas.
— Sente-se nesta cadeira, por favor! — A enfermeira segurava uma bandeja com uma seringa e tubos de coleta. Ela era rápida e eficiente, e antes que eu pudesse me preparar psicologicamente, já havia passado o álcool gelado sobre minha pele e perfurado o meu braço.
— Pai nosso que estás no céu, santificado seja o vosso nome... — murmurei, fechando os olhos.
— Pronto, já tirei! — disse a enfermeira, sorrindo.
— O quê?! — abri os olhos, surpresa.
— A senhora está liberada!
Finalmente, pude respirar aliviada. A agulha não doeu como eu temia; foi como se uma leve brisa tivesse passado por mim. Assim que a adrenalina foi embora, uma vontade imensa de chorar me invadiu. Saí correndo pelos corredores da clínica até encontrar o Ian e a Carla na recepção. O Ian me abraçou, e as lágrimas escorriam sem controle. Estou sensível e emotiva além do normal.
— Eu detesto agulhas! — consegui dizer entre soluços.
— Até as crianças que estão aqui não choraram. — ele riu, tentando me animar.
— Estou com fome. — declarei, tentando mudar de assunto.
— Vamos tomar um sorvete? — sugeriu, e eu assenti com um sorriso.
Caminhamos em direção à sorveteria que ficava na mesma rua da clínica. A Carla decidiu ficar para acertar o pagamento da consulta e do exame, que ficariam prontos em cerca de duas horas. A presença de Ian ao meu lado me trouxe um conforto inesperado. Caminhávamos de mãos dadas, e eu me sentia completa. O brilho nos olhos dele sempre me admirando me fazia sentir especial.
— Para você! — de repente, ele me entregou uma flor que havia colhido de uma árvore.
— Que linda! — murmurei, tocando as pétalas delicadas.
— Eu não gosto de enrolações, e acho que está na hora de assumirmos o nosso relacionamento.
— Por que isso agora? — perguntei, um pouco surpresa.
— Porque eu quero ficar com você, Isabele. Você mexeu comigo de uma forma única. A cada dia que passa, me apaixono mais por você. Aliás, eu me apaixono por você todos os dias quando acordo e fico admirando o quanto a sua beleza natural é perfeita. Você é o meu primeiro pensamento do dia e o último da noite, pois desde o primeiro dia quando os nossos olhares se encontraram, eu não consegui mais tirar você dos meus pensamentos.
— Ian... — fiquei sem palavras, um misto de emoção e surpresa me inundava.
— Isabele Rosie, aceita namorar comigo?
— Eu... acho que ainda é cedo para decidirmos sobre o nosso futuro, estamos nos conhecendo há pouco tempo. Mas, adoraria estar junto com você! — selamos nossos lábios, um gesto que parecia encerrar a conversa.
Sentia que era importante ser honesta, mesmo sem a certeza do que viria a seguir. O Ian entendeu, e concordamos em dar um passo a passo, permitindo que o nosso relacionamento se desenvolvesse naturalmente. Eu não tive a oportunidade de me declarar, mas os meus sentimentos por ele eram recíprocos. Nunca havia tido algo assim antes, e a sensação era diferente e maravilhosa.
As horas se arrastaram até que finalmente avistamos o médico ao longe, segurando os resultados. Quando me chamou, uma onda de ansiedade tomou conta de mim novamente. Preferi entrar sozinha na sala, determinada a descobrir o que estava acontecendo.
— Isabele Rosie, meus parabéns... você está grávida! — disse o doutor, com um sorriso que me pareceu distante.
— O quê?!!! — Senti como se minha alma tivesse deixado o meu corpo, e a realidade começou a escorregar entre meus dedos. Minha pressão baixou, os lábios secaram, e eu mal conseguia pensar.
— Você está com cinco semanas de gestação. Aqui estão os medicamentos que você precisará usar. Os enjoos são comuns durante a gravidez, mas é preciso cuidado com a medicação pois pode afetar o bebê. Você terá que agendar várias consultas para o pré-natal a partir de agora!
As palavras ecoaram na minha mente como um tambor surdo, enquanto tudo ao meu redor se tornava um borrão. O que eu faria agora?
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De Repente Grávida
Teen Fiction+16 "Ela não quer alguém que a entenda por completo. Mas ela não abre mão de alguém que acalme sua cabeça e principalmente o seu coração. Ela quer por as vezes estar junto de ti e ficar apenas em silêncio, mas que esse silêncio nunca signifique...