Capítulo 17: Novos Rumores

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A luz suave da manhã penetrava pelas cortinas do quarto, acariciando meu rosto como um toque gentil. Acordei com risadinhas suaves e um beijo inesperado, seguido de um travesseiro voando em minha direção. Ian, com seu jeito brincalhão, pulava na cama cheio de energia.

— Acorda, dorminhoca! — ele exclamou, rindo.

Eu ainda tentava despertar enquanto me espreguiçava, mas uma pontada aguda na parte inferior do meu abdômen me fez sentar abruptamente.

— Ian... estou ficando tonta! Preciso de ajuda... — minha voz falhou. — Pega o remédio, por favor!

A fraqueza começou a tomar conta de mim como uma sombra opressora. Ian, imediatamente, pulou da cama e começou a revirar minha bolsa, a ansiedade visível em seus movimentos.

— Aqui! — ele disse, entregando-me o comprimido. 

— A dor está insuportável... acho que preciso ir ao hospital, Ian.

A expressão no rosto dele mudou drasticamente.

— O que você tem? — Questionou, a preocupação agora clara em sua voz.

— Uma dor forte na barriga... ai... Está doendo tanto! — eu quase desabei em lágrimas.

Em um movimento rápido, ele me levantou no colo e correu em direção ao carro. Sua determinação misturava-se ao desespero.

— Acelera esse carro, por favor! — pedi, com a voz alta e raivosa.

Dirigimos em direção ao hospital que me atendeu rapidamente, um local próximo de casa e aberto 24 horas. Assim que entrei na sala de atendimento, fui cercada por enfermeiros que me acomodaram em uma cama, colocando soro na veia e medicamentos para aliviar a dor. Por sorte ou coincidência, o mesmo doutor que revelou minha gravidez estava em seu plantão e me atendeu.

— Vamos ver o que está acontecendo. — Ele deslizou o aparelho de ultrassom sobre a minha barriga, e um gel frio me fez estremecer. A imagem na tela, um pequeno ponto branco que se movia, fez meu coração disparar ainda mais.

Senti um misto de alívio e medo. O aperto no meu peito se intensificou, e a vontade de chorar brotou.

— Pode ficar despreocupada, mamãe. Foi só um susto! — disse o médico, sorrindo. — O bebê está bem, mas você precisa redobrar os cuidados pois os três primeiros meses são delicados.

— O que o senhor está dizendo? — Ian perguntou, confuso.

— Você vai ser papai, Ian! — segurei sua mão, meu coração batendo descompassado.

— Eu vou ser pai?! — Ele olhou para mim, chocado.

— Vamos deixar essa conversa para depois! — respondi, tentando evitar a explosão de emoções.

O médico continuou: — Estresses na gravidez não são bons. Você precisa de uma alimentação saudável e vitaminas. Recomendo iniciar o pré-natal o quanto antes.

Quando o doutor saiu, a enfermeira veio retirar o soro, aliviando um pouco da pressão que eu sentia. A dor havia diminuído, mas a fraqueza ainda me deixava vulnerável.

— Ian, eu estava com medo de te contar antes. — disse, enquanto entrávamos no carro.

— Eu vou ser pai... — ele murmurou, um sorriso tímido brotando em seu rosto.

— Descobri há pouco e não sabia como lidar com isso. Estou em choque, ainda não caiu a ficha.

— Você vai morar comigo! — ele disse, firme.

— O quê?! — virei o rosto, abrindo as janelas para respirar.

— Não vou deixar você sozinha carregando um filho meu! — sua voz aumentou, a frustração evidente.

— Sei que engravidamos fora da hora... Eu tinha tanto pela frente, uma faculdade, um futuro... — lágrimas escorriam pelo meu rosto ao pensar em tudo que eu poderia perder.

— Você não está perdida, amor. Temos um longo caminho pela frente.

— Mas o bebê... — a preocupação me invadia.

— Ele veio para somar parte do que você planejou, tente ver pelo lado positivo.

— Eu não quero contar para ninguém!

— Os meus pais vão saber hoje. — Ian disse, a determinação em sua voz me fez tremer.

— O quê?! Você não pode contar! — implorei.

— Eles vão amar a notícia, Isabele. O sonho deles é serem avós!

Após essa discussão fervorosa, ele me deixou em casa. Pedi para que fosse embora, pois precisava de um tempo sozinha. Agora que Ian sabia e seus pais em breve também saberiam, eu precisava pensar em como lidar com essa gravidez não planejada.

A Carla estava na cozinha, preparando o almoço. Meu rosto estava inchado e meus olhos vermelhos, e ela imediatamente percebeu. Veio me abraçar em silêncio, e não consegui conter as lágrimas, chorando em seu colo.

— Estou grávida. — finalmente revelei.

— Eu sei. — Carla disse, como se já esperasse por isso.

— Como assim? — encarei-a, surpresa.

— Os sintomas estavam bem evidentes, Isabele.

— Não conte nada a minha família, por favor?!! — pedi, a urgência em minha voz.

— Pode ficar tranquila, não sou eu quem deve contar... Isso é algo que você precisa fazer!

— Infelizmente, não tenho coragem. — a tristeza pesava em meu coração.

— A sua barriga vai crescer, e não tem como esconder. — ela afirmou, como se soubesse da luta interna que eu enfrentava.

— Isso me dói, mas eu prometo que contarei.

— Tudo bem! — Carla sorriu, como se me desse força.

— Você acha que devo morar com o Ian? — perguntei hesitante.

— Você acha que seria melhor?

— Estou tão perdida, não sei como contar para os meus pais, meu irmão, a Bianca...

— Não precisa contar para ninguém agora. Espera até se sentir segura o suficiente.

— Tentei impedir o Ian, mas ele não me ouviu.

— Deixa ele contar. Mais cedo ou mais tarde, todos vão saber. — ela disse, e eu dei de ombros, sem saber o que pensar.

— Desde que descobri que estou grávida, só penso em cerejas. — confessei.

— Desejo, Isabele. — Carla riu, e eu franzi a testa.

— Mas eu não gosto de cerejas! — protestei.

— Agora precisa mudar a sua alimentação, tudo o que você comer vai para o bebê.

— Isso vai ser difícil.

— É o que vamos ver! Estou indo comprar cerejas. Não pode passar vontade! — ela se levantou, pronta para sair.

— Obrigada, Carla.

Enquanto a Carla saia, uma onda de gratidão me invadiu. Ter alguém como ela ao meu lado tornava tudo mais suportável. A vida não poderia parar, e eu precisava me distrair, fazer planos, e me preparar para o que estava por vir. Afinal, em poucos meses, uma nova vida chegaria, e eu precisava estar pronta.

De Repente GrávidaOnde histórias criam vida. Descubra agora