Ian narrando:
O meu cérebro girava, o meu corpo já não estava sob o meu controle, eu mal conseguia enxergar normalmente e as palavras saiam meio emboladas da minha boca, não sabia mais o que estava fazendo. Sete e meia da manhã, as pessoas ainda bebiam felizes e dançavam, eu acompanhava o ritmo. Era muito difícil alguém me ver bêbado, eu era acostumado por beber desde cedo mas estou bebendo há quase três dias sem parar e não tem corpo que aguente. O Marcelo começou a se drogar, ele me oferecia toda hora e eu ainda tinha a consciência de recusar, o mesmo estava muito pior que eu, agarrando qualquer mulher que aparecia em sua frente.
A minha consciência pesava, eu tinha reflexos da minha ignorância com a Isabele. Ela ficou assustada com o meu outro lado, eu pude perceber pelo seus olhos inundados e medonhos. O Alemão 157 decidiu se juntar com o Marcelo após a morte do RD, mas não sabemos o que ele realmente quer. Apesar desse nome, o Alemão é gente boa, eu só não quero ele de conversa com a minha mulher.
— Ei, gatinho! Dança comigo? – Escutei uma voz feminina, era a mesma loira que estava dando em cima de mim desde que a festa começou. Devo confessar que ela tem um corpão e foi isso que chamou a minha atenção de primeira.
— Danço sim! – Respondo rindo. Quando eu ia agarrar a mesma para dançarmos um sertanejo juntos, vejo o Léo me fuzilando de longe.
— O que foi? Não quer mais? – Ela percebe.
— Não.
— Então vamos sair daqui e ir para outro lugar mais fechado e íntimo. – Deu um sorriso malicioso.
— Vai procurar outra pessoa! – Digo fechando os olhos sentindo o meu corpo bambear sozinho.
Joguei o copo no chão, tirei meu tênis e a camiseta, e me joguei na piscina. Eu necessitava daquela água gelada para melhorar a tontura. A rapaziada se jogou em seguida e algumas mulheres também quiseram entrar, a piscina era grande mas logo ficou lotada.
O pessoal foi embora antes das nove horas da manhã, estava todo mundo muito cansado, eu não aguentava nem ficar de pé. A porta do quarto estava trancada pela Isabele, o Léo e a Letícia já dormiam no quarto deles, e o outro quarto Marcelo estava ocupando com umas três mulheres. Essa casa tem cinco quartos mas dois estão em reforma e não tem móveis, então o que me restou foi dormir sozinho no sofá.(...)
Abro os olhos de forma lenta sentindo o meu rosto sendo acariciado por duas mãos delicadas e macias, eu conhecia aquele toque único. A minha cabeça doía fortemente junto com o meu corpo, eu estava ardendo de febre. Ela me olhava com aqueles olhos doces e me chamava para subir pro quarto, a mesma me ajudou a chegar lá e tirou a minha roupa molhada da piscina. Logo depois, pegou um remédio para dor e eu tomei, deitamos na cama juntos e ela ficou fazendo carinho no meu cabelo até eu dormir. Tenho tanta sorte de tê-la, agora que voltei ao normal, me sinto um babaca por ter tratado ela daquela forma. Nunca mais eu bebo desse jeito, não sei porque fiz isso de forma exagerada, era uma mistura de emoção e felicidade. A Isabele está praticamente para ganhar bebê e eu faço uma burrada dessas no momento que ela mais precisa de mim, eu errei e admito. Essa noite com certeza foi uma despedida, pois não quero fazer de novo algo que estraga a minha saúde e vida.
— Ian... Você está bem? Já são sete horas da noite e você ainda tá dormindo. – Ela me chacoalha na cama e eu desperto.
— Acho que to doente, não consigo nem levantar.
— Vou fazer um chá e trazer algo para você comer, você não come nada desde ontem.
— Não precisa, fica aqui comigo. – Peço.
— Já volto! – Ela beija o meu rosto e sai do quarto, mas volta em poucos minutos carregando uma bandeja em suas mãos. Nela, havia duas xícaras com chá e uma tigela de vidro com bolachas e outra com pão de queijo. — Come tudo e mais tarde a gente conversa! – Ela diz e pega a sua xícara, também faço o mesmo. Sinto frieza em suas palavras.
Depois de comer, tomei um banho para relaxar o corpo e lavar a alma, vesti uma bermuda tactel e uma regata por causa do calor que fazia. Desci as escadas encontrando o pessoal com cara de derrota, a Letícia e o Léo estavam na piscina, o Marcelo deitado no chão e a Bianca no sofá, ambos pareciam brigados. Liguei para os meus pais e pro Iago que queria ter vindo mas o nosso pai não havia deixado, desejei feliz ano novo e disse que já estava com saudades. Me deitei no sofá prestando atenção na TV que passava notícias sobre futebol, mas na verdade, os meus pensamentos estavam na Isabele. O MC sugeriu pra gente pedir pizza ao invés de sair e jantar fora já que estamos todos cansados, eu concordei e liguei na pizzaria mais próxima daqui pedindo três pizzas do sabor preferido de cada um.
— Isa? – Chamei ela adentrando o quarto, a mesma estava deitada de forma confortável na cama e mexendo no celular. — Vamos conversar agora? Não gosto de te ver com raiva de mim. – Me sentei na beira da cama.
— Não estou com raiva de você, eu só te pedi pra parar de beber um pouco por causa da sua agressividade. Ontem eu estava passando mal, sentindo dores no pé da barriga e você me ignorou.
— Eu...
— Ian, eu sei que você estava afim daquela loira... Eu me segurei e fiquei quieta na minha, então você não tinha o direito de vir pra cima de mim com ciúmes de um cara que só me pediu para ir deitar porque a festa estava virando um caos com aquelas pessoas fora de si.
— Mas ela que deu em cima de mim, tenho culpa de ser lindo e maravilhoso? – Brinquei pensando que ela fosse sorri mas só ficou mais furiosa. — Amor, você sabe muito bem que eu não ligo mais para nenhuma mulher além de você. E todos os caras já pegou aquela loira lá, tenho até nojo! Infelizmente o mundo de hoje está cheio de pessoas que não respeitam os casais comprometidos. Eu podia estar bêbado, completamente descontrolado, mas jamais te trocaria por qualquer uma.
— Eu confio em você.
— Me desculpa por ter te tratado daquele jeito? Nunca foi a minha intenção aumentar a voz e apontar o dedo na sua cara, a bebida que fez aquilo comigo.
— Não coloca a culpa na bebida, Ian, você que bebeu em excesso.
— Me perdoa? – Aproximo o meu rosto do seu, estou louco para beija-lá.
— Tudo bem, deixa pra lá! – Abaixou sua cabeça e eu beijei o seu rosto.
— Te amo. – Digo e a mesma permanece em silêncio, apenas abracei ela acariciando a sua barriga.
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De Repente Grávida
Ficção Adolescente+16 "Ela não quer alguém que a entenda por completo. Mas ela não abre mão de alguém que acalme sua cabeça e principalmente o seu coração. Ela quer por as vezes estar junto de ti e ficar apenas em silêncio, mas que esse silêncio nunca signifique...