Capítulo 16: O Retorno à Realidade

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Os dias que passei com a minha mãe foram um sopro de esperança em meio ao turbilhão da minha vida. Aqueles momentos juntas, entre risadas e confidências sussurradas na cozinha, foram um bálsamo que eu não sabia que precisava. Mas, como toda boa história, a felicidade tem seu fim, e eu me vi de volta à dura realidade que deixei para trás, mesmo que por um breve fim de semana. A despedida foi uma tormenta de emoções; as lágrimas que escorriam pelo nosso rosto pareciam ser o único testemunho da profundidade do nosso vínculo.

— Prometo que voltarei logo! — murmurei, enquanto ela me abraçava com força, como se quisesse me prender ali para sempre.

Com a promessa ecoando na mente, embarquei em um voo que parecia interminável, perdido em pensamentos sobre o que estava por vir. Quando finalmente pousei no aeroporto da minha cidade, o frio da realidade me envolveu novamente, mas fui surpreendida por uma cena que aqueceu meu coração. A Carla e o Ian estavam ali, de braços abertos, como dois faróis em meio à neblina.

— Olha quem está de volta! — exclamou Ian, seu sorriso largo refletindo a alegria do reencontro. Corri até eles, e em um instante, fui envolvida em seus abraços.

— E como está a minha sogra? — ele perguntou, com uma piscadela travessa enquanto nos afastávamos.

— Muito bem! — respondi, deixando escapar um sorriso que não conseguia conter.

A Carla me olhou com curiosidade, e um leve franzir de testa denunciando a preocupação que ela não conseguia esconder.

— Você passou mal lá, Isa? — sua voz era suave, mas carregava uma inquietude.

Neguei com a cabeça, embora uma onda de enjoos ainda fizesse eco em minha mente. O remédio que eu tomava funcionava como uma barreira, mas a lembrança das náuseas persistia.

A exaustão pesava sobre mim como uma manta de lã em um dia quente. A tristeza se infiltrava em cada pensamento, alimentada pelo turbilhão de eventos que pareciam não ter fim. Desde que enviei aquela mensagem para Bianca, seu silêncio era uma sombra que me seguia. Como eu poderia contar a ela, e a todos, que estava grávida? Um assunto tão delicado exigia um toque de leveza, algo que, naquele momento, me parecia impossível.

Quando finalmente chegamos em casa, o relógio marcava seis horas da tarde. O trânsito que enfrentamos parecia um teste de paciência, mas não era nada comparado à tempestade que se formava dentro de mim. Eu precisava da presença de Ian, da segurança de seus braços, e por isso pedi que ficasse comigo. A carência pulsava em meu peito, como uma melodia que não conseguia ignorar.

— Para celebrar seu retorno, marquei um jantar com a minha família para te apresentar! — disse ele, seus olhos brilhando com empolgação.

— O quê?! Como irei conhecer a sua família, assim, de repente? Poderia ter me consultado antes de marcar esse jantar. — protestei, a frustração subindo como um vulcão prestes a entrar em erupção. 

— Eles vão adorar te conhecer! Fará mesmo essa desfeita comigo? — Ele me olhou com uma mistura de surpresa e desapontamento.

O nervosismo se intensificou, e acabei disparando:

— Ian, você notou alguma diferença no meu corpo?

— O quê? — Ele me encarou, confuso.

— Estou me sentindo um pouco inchada...

— Vou levar você ao oftalmologista, então! — disse, com um tom brincalhão.

— Mas estou comendo demais. — protestei, em um misto de brincadeira e seriedade.

De Repente GrávidaOnde histórias criam vida. Descubra agora