Algumas semanas depois...
Semanas se passaram desde o castigo que parecia não ter fim. As minhas tardes se arrastavam em uma monotonia serena, marcada por uma rotina que, apesar de pacífica, se tornava tediosa. No entanto, hoje era um dia diferente. O sol brilhava intensamente, prometendo uma noite animada, pois era a festa de aniversário da Bianca. Na plena tarde ensolarada, eu e Bia havíamos planejado passar o dia juntas, resolvendo os últimos detalhes para o evento que aconteceria à noite.
Para aproveitar a tarde, tive que sair rapidamente de casa, antes que meu pai chegasse do trabalho. Com a chave e o celular em mãos, verifiquei novamente se tudo estava em ordem e saí pelas ruas tranquilas do bairro. Durante o caminho, enviei uma mensagem para Léo para avisá-lo sobre minha breve ausência.
"Se por acaso chegar em casa antes de mim e não me encontrar, estarei na casa da Bia ajudando na organização da festa. Prometo que não vou demorar."
A caminhada até a casa da Bianca foi curta, já que ela morava a poucas ruas de distância. Quando toquei a campainha, fui recebida por um sorriso radiante e um abraço apertado.
— Você veio!!! — exclamou Bia, pulando e gritando de alegria.
— Eu prometi que viria. — respondi, tentando acompanhar sua empolgação.
— Os vestidos chegaram e você precisa vê-los, estão no meu quarto!
— Posso ajudar a escolher as músicas também? — ofereci, e ela assentiu com um sorriso travesso.
— Só evite colocar aquelas músicas entediantes que você costuma ouvir. — brincou, rindo.
— Ei, não fale assim das minhas músicas! — empurrei-a levemente e gargalhamos juntas.
Entramos no espaçoso quarto de Bianca, onde dois vestidos deslumbrantes estavam expostos nos cabides. O primeiro, um longo vestido azul gelo com detalhes brilhantes, era perfeito para a recepção dos convidados. O segundo, um vestido prata até os joelhos, estava coberto de brilhos e era a escolha ideal para a segunda parte da noite. A visão desses vestidos me encantou, pois combinavam perfeitamente com a personalidade de Bianca.
Enquanto escolhíamos as músicas que seriam tocadas pelo DJ e organizávamos as lembrancinhas, o tempo voava. O relógio marcava a proximidade da chegada de meu pai, então, com relutância, despedi-me de Bia e voltei para casa com pressa.
A ideia de descansar antes da festa seria um alívio, mas a empolgação pela noite de celebração me impelia a continuar. Eu tinha grandes expectativas e, embora não houvesse falado com meu pai sobre minha ida, sabia que convencê-lo não seria fácil. A escolha da roupa para a festa era crucial, e optei por um vestido preto com um generoso decote e detalhes brilhantes. Separei o perfume, maquiagem e acessórios para usar após o banho, preparando-me para o momento crucial: convencer meu pai a me deixar ir.
— Está ocupado? Gostaria de conversar sobre algo rapidamente para não tomar muito do seu tempo. — disse, ao encontrar meu pai concentrado em seu notebook.
— Pode falar, filha. — respondeu, sem desviar os olhos da tela.
— Hoje é a festa de aniversário da minha melhor amiga. São mais de dez anos de amizade e...
— E o que eu tenho a ver com isso? — interrompeu ele, ainda olhando para o computador.
— Eu posso ir?!
— Eu havia deixado você de castigo por tempo indeterminado.
— Por favor... Hoje é um dia muito importante para a Bia. Ela sempre esteve comigo, nos momentos bons e ruins.
— Está bem, mas... seu irmão terá que ir junto.
— Combinado.
— Quero que vocês voltem cedo para casa. Ele ficará de olho em você. Nada de beber, entendeu?
— Valeu, pai!! — não consegui conter a felicidade e corri para o quarto, saltitando de alegria.
Como eu imaginava, a permissão para ir à festa não veio sem um custo. Léo e eu sempre fomos uma equipe, e, apesar de suas idiossincrasias, sabíamos que isso não mudaria. Mesmo que ele não fosse tão responsável quanto eu em festas, a parceria entre nós continuava firme.
Passei algum tempo me arrumando, caprichando na maquiagem com um delineado perfeito e um batom vermelho vibrante. O cabelo foi cuidadosamente arrumado, e o perfume escolhido com atenção. Quando finalmente saí de casa, a festa já havia começado. Bianca me enviava mensagens e ligações desesperadas, e eu me dei conta de que havia esquecido o presente.
— Agora são nove horas da noite. Quero vocês em casa às duas da manhã! — ordenou meu pai, e eu assenti, ciente da responsabilidade.
— Por acaso... posso dormir na casa dela? — perguntei, já sabendo a resposta.
— Nem pensar. Só se ficar muito tarde e perigoso.
— Tudo bem, estamos indo! — despedi-me e me dirigi para o carro.
Antes de trancar a porta de casa, verifiquei se não havia esquecido nada. O carro ainda tinha o perfume de Léo, que antes eu achava agradável, mas hoje me causava um leve enjoo. Léo estava impecavelmente vestido com um blazer estiloso e jovem.
— Léo, me promete que o que acontecer na festa fica na festa, e você não contará nada ao nosso digníssimo pai? — indaguei.
— Se cuida. Vou ficar de olho em você enquanto estiver sóbrio... depois, não irei lembrar nem do meu próprio nome! — respondeu ele, rindo.
A noite prometia ser inesquecível e, apesar dos desafios e restrições, eu estava pronta para aproveitar cada momento. A festa de Bianca seria uma celebração que valeria a pena, e eu estava ansiosa para fazer parte dela.
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De Repente Grávida
Roman pour Adolescents+16 "Ela não quer alguém que a entenda por completo. Mas ela não abre mão de alguém que acalme sua cabeça e principalmente o seu coração. Ela quer por as vezes estar junto de ti e ficar apenas em silêncio, mas que esse silêncio nunca signifique...