Capítulo 10: Consolação e Alegria

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O sol se inclinava preguiçosamente para o horizonte, lançando uma luz suave sobre a cidade enquanto eu tomava a decisão de passar a tarde na casa de Bianca. Sua mãe me havia informado que a Bia estava mergulhada em uma profunda tristeza após o término de um relacionamento significativo, causado por uma traição devastadora. Eu sentia um aperto no peito ao pensar no sofrimento da minha amiga, especialmente quando sabia o quanto ela estava ansiosa para completar o primeiro ano de namoro com seu então parceiro.

Ao chegar, encontrei Bianca em seu quarto, envolta em um manto de tristeza. Seus olhos estavam inchados e vermelhos, com as lágrimas escorrendo sem cessar.

— Eu não entendo porquê teve que acabar assim. Tudo bem que estávamos tentando forçar um relacionamento para agradar os outros, mas por que ele fez isso comigo? — Suas palavras estavam carregadas de dor, e seu olhar estava distante, perdido em um mar de lágrimas.

— Porque ele é desprovido de caráter. — respondi, envolvendo-a em um abraço acolhedor. A sensação de sua respiração irregular contra meu peito era um lembrete pungente da sua agonia.

— Apenas eu não enxergava o que estava bem diante dos meus olhos... O que eu faço agora? Sinto-me completamente desnorteada! — Sua voz tremia com a intensidade de seu choro.

— Você continuará sendo a mesma pessoa maravilhosa que sempre foi: alegre, extrovertida e cheia de vida. Não podemos depender de outra pessoa para nossa felicidade, e é um alívio ter se livrado de alguém que estava apenas te fazendo mal.

— Você tem razão, ciclos se encerram para que novos possam começar.

— Agora, que tal mudarmos de assunto? Tenho uma novidade para contar que pode te surpreender!

— Me conta!!

— Eu e o Ian estamos nos conhecendo melhor.

— O quê?! Como assim?!! — Sua expressão mudou drasticamente, e um sorriso leve começou a se formar em seus lábios, um vislumbre de esperança em meio à sua tristeza.

— Decidi dar uma chance ao perceber o quanto ele estava determinado a estar comigo, apesar da minha frieza e das minhas resistências. A persistência e a sinceridade dele foram impossíveis de ignorar.

— Seja recíproca, ele deve estar apaixonado. Já te disse que vocês formam um casal bonito?

— Sinceramente, ainda estou tentando descobrir o que realmente quero.

— Deixe as coisas acontecerem naturalmente. Não apresse nada e não tome decisões precipitadas. 

Passamos o restante da tarde juntas, devorando doces e pipocas, enquanto conversávamos sobre tudo e nada. Meu objetivo era claro: animar a Bianca e ajudá-la a se distrair dos problemas temporários que, embora dolorosos, não deveriam dominar a sua vida. Eu desejava passar a noite ali com ela, para ser um apoio emocional sólido. No entanto, meus planos foram interrompidos por uma mensagem inesperada.

Bate-papo on: Ian / online

— Isa, estou na porta da sua casa!

—  Os avisos com antecedência simplesmente não existem para você, né?

— Eu só queria te fazer uma surpresa.

— Estou indo!

Bate-papo off.

Eu não esperava uma mensagem do Ian hoje, e menos ainda que ele voltaria. Apesar de sentir que tinha cumprido bem o meu papel de amiga, eu precisava ir. A Bianca já estava adormecendo no sofá, exausta mentalmente. Espero que ela não fique chateada por eu não ter ficado como havia prometido.

— Estava na casa da Bianca, e planejava passar essa noite com ela. — Anunciei ao chegar, encontrando o Ian sentado com o celular na mão.

— Me desculpe, mas surpresas não se fazem com avisos prévios — ele disse, fazendo-me rir.

— Tudo bem, vamos entrar.

— Eu trouxe um presente para você!

— Outro presente, Ian? Se acha que pode me ganhar apenas com presentes, continue assim! — Gargalhei.

— Você merece todos os presentes do mundo. Quero te reconquistar e me redimir por tudo que eu fiz.

— Só me prometa uma coisa? — Indaguei, segurando um riso travesso ao ver sua expressão curiosa.

— O quê?

— Que não irá se apaixonar por mim? — Disse, não conseguindo evitar o sorriso.

— Ah, então você quer me iludir? — Ele reagiu com uma expressão indignada, mas logo começou a me fazer cócegas. Caímos no sofá, rindo descontroladamente, e a atmosfera leve e divertida me fez sentir um contentamento genuíno.

Para o jantar, o Ian trouxe lanches artesanais, caixas de chocolates e flores. Organizamos tudo na cozinha e nos acomodamos no sofá da sala para assistir uma série. Eu estava sinceramente feliz com a sua visita, especialmente com suas tentativas contínuas de me conquistar. Isso apenas reforçou a minha admiração pelo esforço dele.

— Aonde estão os seus pais, Isabele? Hoje eu só conheci a sua mãe. — Perguntou Ian, curioso.

— A minha mãe?!

— Sim, a Carla.

— A Carla não é a minha mãe! — Gargalhei. — Ela tem sido uma babá temporária. Os meus pais se divorciaram recentemente e a minha mãe se mudou para outra cidade. No momento, meu pai e o meu irmão estão viajando.

— Eu mal posso esperar para conhecer a sua família e que você conheça a minha também!

O calor da noite e a companhia de Ian proporcionaram uma sensação de conforto inesperada. Enquanto a TV exibia uma série sem grandes pretensões, eu me deixava levar pela doçura dos momentos compartilhados. A vida, com suas reviravoltas e surpresas, continuava a me mostrar que, mesmo nos momentos de incerteza, ainda havia espaço para pequenos triunfos e alegrias inesperadas.

De Repente GrávidaOnde histórias criam vida. Descubra agora