Capítulo 58: Novos Caminhos

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O sol já estava alto quando finalmente consegui descansar um pouco, aninhada em uma soneca tranquila antes do almoço. Quando o relógio marcou 1 hora da tarde, um leve frio na barriga me lembrou da consulta médica. Com um suspiro profundo, preparei-me, escolhendo cuidadosamente o que vestir. Ao pegar o meu celular, recebi uma mensagem da Bianca: "Já estou no ponto de táxi, te esperando!". Um alívio me invadiu; ela não fugirá da consulta.

Ao chegar no ponto de táxi, a saudação de Bianca foi rápida, e logo estávamos dentro do carro. O trajeto até a clínica era breve, e enquanto o táxi avançava, aproveitei para alertá-la sobre a Duda e compartilhei o que havia acontecido. A clínica nos recebeu com a calma que eu precisava, e, para a minha surpresa, o doutor nos chamou um pouco antes do horário marcado. Assim que adentramos a sala, notei o nervosismo dela que parecia palpável no ar.

— Você pode se deitar ali, irei examiná-la! — O doutor disse com um tom profissional, mas acolhedor. 

A Bianca me lançou um olhar apreensivo revelando sua insegurança, mas obedeceu. Enquanto o doutor aplicava o gel frio em sua barriga, segurei firme sua mão que tremia. Logo, um sorriso tímido apareceu em seu rosto ao ouvir as boas notícias.

— Bom, Bianca, você está com 5 semanas de gestação. O bebê está bem e o coração bate forte e saudável. — O doutor anotava algo em papéis diferentes.  — Vou te prescrever uma vitamina pré-natal. Cuide-se e descanse bastante. Agendarei o seu retorno para o próximo mês! — Ele então voltou a sua atenção para mim. — E você, Isabele? Como tem se sentido?

— Hoje mais cedo eu me envolvi em uma briga, e no sábado passei por um grande susto... Será que o meu bebê está bem, doutor? — Perguntei, a ansiedade apertando meu peito.

— Deite-se aqui. Vou examiná-la! — Ele conduziu o aparelho sobre a minha barriga, e logo sua expressão relaxou. — Por sorte, está tudo bem! Mas você precisa se hidratar mais e repousar. Fique em casa e evite riscos, ou teremos complicações futuras.

— Pode deixar, obrigada! 

Saímos da clínica aliviadas, e antes de ir para casa, decidimos parar em uma sorveteria. O calor da tarde era perfeito para mais algumas risadas e desabafos sobre o que a Bianca deveria fazer a seguir. Eu estava disposta em ajudá-la.

— Primeiro passo concluído com sucesso! — Eu exultei. — Que tal um jantar só entre nós quatro: eu, você, Ian e Marcelo?

— Nem aqui e nem na China! Nós não somos um casal! — Fez uma expressão de desgosto.

— Aproveite e convide-o para sair, conte logo a novidade! — Sugeri, percebendo sua relutância.

— Que novidade? Ele é uma incógnita, não quero que seja o pai!

— Dizem que os filhos mudam as pessoas... Quem sabe o Marcelo, com seu jeito sangue-frio, não se transforma no Marcelinho do bem? — Eu ri, mas ela não gostou.

— Quero ele longe de mim!

— Por quê? — Eu insisti.

— Nada... Vou pegar mais sorvete! — Levantou-se, na tentativa de fugir do assunto.

Passamos a tarde conversando, mas cada vez que eu tentava tocar no assunto Marcelo, a Bianca mudava de tema, como se um escudo invisível a protegesse. Não conseguia entender como ela se envolveu com alguém assim. O alerta de Léo sobre o passado obscuro de Ian ecoou na minha mente, e um nó se formou no meu estômago. A tarde se arrastou, e ao chegar em casa, me deixei cair no sofá, acariciando a barriga. O alívio de saber que o meu bebê estava bem me acalmou e logo adormeci, exausta.

(...)

Despertei do sono e me encontrei na cama do meu quarto, com o Ian me observando. Ele sorriu e eu, confusa, levantei-me rapidamente em direção ao banheiro. Após o jantar, assistimos a uma série, envoltos na tranquilidade da casa vazia. Eu sabia que o meu pai estava na casa da Carla e que o Léo havia cortado laços comigo e com o Ian. Mandei uma mensagem para a Bianca, avisando-a que tinha até o final do dia para contar a novidade a Marcelo. O meu coração se apertou ao lembrar que eu havia escondido isso de Ian. Ele merecia saber.

— O Léo falou algo sobre mim? — Ian perguntou, acariciando a minha barriga. Neguei com um olhar. — Acho que ele tentou te colocar contra mim, inventando um monte de mentiras.

— O Léo nunca mentiria para mim em algo sério. — Repliquei, um pouco defensiva.

— Então o que ele te disse?

— Nada, já disse! — Dei os ombros, tentando desviar da conversa.

— Você não tem nada para me contar? — Sua voz estava mais intensa. — Então a Carla mentiu quando me contou que você brigou hoje com a Duda?

Surpresa, olhei nos olhos dele, que estavam sérios. 

— Ela me perseguiu, Ian. Mas, consegui reagir a tempo de ela tentar fazer algo contra mim.

— Você perdeu o juízo, Isabele! Está grávida e ainda assim reagiu? — Ele parecia preocupado.

— Eu precisava me defender! Não sabia as intensões dela.

— Vou resolver isso amanhã! — A seriedade em sua voz me deixou inquieta.

— Resolver? De que jeito, Ian?

— Deixa comigo, princesa... — Ele se inclinou e me deu um beijo suave, tentando aliviar a tensão que pairava no ar.

De Repente GrávidaOnde histórias criam vida. Descubra agora