Capítulo 50: A Vingança

6.4K 297 57
                                    

Narrado por Ian:

Raiva. Era a única emoção que dominava a minha mente enquanto dirigia pelas ruas movimentadas da cidade. A confissão de Isabele me consumia, e eu não conseguia absorver as omissões que ela fez. Eu a amava, mas a dor da desconfiança me dilacerava. Era irônico pensar que eu também tinha um passado repleto de sombras. O mal caráter de Richard estava por trás de tudo isso, ele não tinha mais poder sobre mim, e sua vulnerabilidade se tornava um alvo de fácil acesso. Mas, por que a delinquente da Eduarda precisava se meter com a minha mulher? Ameaçar Isabele e o nosso filho era como me ameaçar diretamente. Foi o pior erro dela, e eu não toleraria isso, jamais perdoaria. 

Acelerei o carro e deixei a Isa em casa, sem prometer que voltaria. A minha mente girava em um turbilhão de pensamentos; aquela manhã, que deveria ser tranquila na piscina do clube, se transformou em um verdadeiro inferno. Como pude ignorar os sinais de que ela escondia tanto de mim? Ao chegar ao condomínio, estacionei na garagem da Duda, meu coração acelerado em antecipação. Apertei a campainha repetidamente, até que sua mãe, abriu a porta com uma expressão assustada. Eu sabia que ela me odiava — e com razão.

— Onde está a sua filha? — perguntei, tentando controlar o tom da minha voz.

— No quarto. O que você quer com ela? — Sua preocupação era evidente, mas eu entrei sem esperar por permissão.

— Mamãe, quem é? — A voz irritante de Duda ecoou pelo corredor, e em poucos segundos, ela apareceu com um sorriso que me causava náuseas. — Ian! Meu amor, o que você está fazendo aqui?

— Vamos sair! — Respondi, com um olhar determinado.

— Para onde? — Ela piscou, curiosa.

— É uma surpresa. — Sorri, e a expectativa brilhou em seus olhos.

— Espera um minuto, irei me arrumar. — Com um brilho de empolgação, ela desapareceu, enquanto eu aguardava impaciente no carro. 

Os minutos pareciam se arrastar até que ela finalmente apareceu, com roupas curtas, maquiagem impecável e cabelos arrumados. Tive vontade de rir. Quando ela entrou no carro, o seu forte perfume invadiu o ambiente, forcei-me a não reagir.

— O que aconteceu para você estar assim comigo? Brigou com a mimadinha? — ela perguntou, com um sorriso provocador.

— Não lhe interessa. — Minha resposta foi curta, e a irritação se acumulava.

— Ouvi dizer que ela virou amiga do RD. — Duda sorriu, e eu revirei os olhos.

— Cale a boca! — bradei, sentindo o ímpeto de dirigir rápido.

Acelerei em direção a um lugar afastado da cidade, para uma casa de madeira escondida na mata densa. Era ali que alguns dos meus parceiros me aguardavam. O trânsito foi um tormento, e percebi que Duda estava nervosa, talvez até um pouco assustada. O que mais me impressionava era a sua ingenuidade.

— Chegamos! — Declarei, tentando soar animado. Mas, ao nosso lado, o carro estacionado de Richard a deixou em estado de choque.

— O que é isso?! Ian, o que vocês querem comigo? — Ela gritou, tentando se soltar do meu braço.

— Hoje você irá pagar pelo o que fez! — Respondi com uma frieza que nem eu reconhecia.

— Eu não fiz nada! Por favor, Ian, não faça nada comigo! Eu prometo manter distância de você e da patricinha! — A voz dela tremia de medo, mas eu não tinha compaixão.

Adentramos a casa, e o ambiente pesado me causou arrepios. Richard estava lá, junto com o Marcelo, meu amigo de infância. O contraste entre o que éramos e o que somos agora pesava sobre mim. Eu havia superado o meu vício em drogas e aprendi a valorizar o que realmente importava: minha família, meu filho.

— E aí, parceiro! — Richard cumprimentou-me, e tive que respirar fundo para não agredi-lo. — Então quer dizer que a Duda andou perturbando a sua mulher... Vejamos, o que podemos fazer com ela? — Ele riu, e meu estômago se revirou.

— Não!!! — Duda gritou, aterrorizada. — Por favor, lembra dos nossos momentos juntos... — As lágrimas escorriam por seu rosto, e eu não podia deixar de rir.

— Vamos prendê-la e decidir o que fazer depois! — Marcelo sugeriu, e todos concordaram.

(...)

As horas passaram. Estávamos embriagados, relembrando histórias de infância e adolescência, gargalhando enquanto duas garrafas de uísque desapareciam. Eu recusei as drogas que me ofereciam, determinado a manter a clareza em meio ao caos.

Enquanto as risadas ecoavam, minha mente não conseguia se desvincular de Isabele. Percebi o quanto a amava, o quanto desejava tê-la sempre ao meu lado. Ela me concedeu o que eu sempre sonhei: um filho. Essa ideia me fez sentir um misto de gratidão e responsabilidade. O que quer que acontecesse, eu precisava protegê-los — a qualquer custo.

De Repente GrávidaOnde histórias criam vida. Descubra agora