Narrado por Ian:
A luz da manhã se filtrava pelas cortinas, desenhando formas suaves no quarto. Eu e Isabele estávamos juntos, entrelaçados em um sonho doce. Já fazia alguns meses que começamos a namorar, e essa fase, sem dúvida, era a mais bela da minha vida. Ela, minha morena corajosa, sempre se arriscava por mim, enfrentando o mundo com um sorriso que fazia o meu coração bater mais rápido. A ideia de um apartamento só nosso me preenchia de um desejo profundo de protegê-la, de torná-la totalmente segura sob o meu olhar atento.
Admiro a Isabele por sua compreensão inabalável. Nossos momentos juntos eram preenchidos por conversas sinceras, olhares cúmplices e risadas que ecoavam no ar. Ela me entendia como ninguém, perdoando as minhas falhas com uma facilidade que me deixava sem palavras. A mesma sabia que muitos queriam nos ver desmoronar, mas mesmo assim, ela persistia, lutando por nós com a determinação de uma guerreira. Orgulhava-me de ter escolhido uma mulher tão incrível para compartilhar a vida. E imaginava que, um dia, quando ela se tornasse mãe, haveria ainda mais transformações que eu adoraria testemunhar.
No entanto, essa tranquilidade foi abruptamente interrompida. Acordei no meio da madrugada, um frio na barriga me despertando. Eram quatro horas da manhã e uma mensagem do MC me esperava: Duda estava na casinha de reuniões. Os meus instintos de proteção se ativaram. Apressado, deixei o quarto de Isabele, desejando evitar qualquer encontro com o Léo. Ele ainda me olhava com desconfiança, como se eu fosse aquele cara que errava em cada esquina. Não era mais assim; minhas prioridades agora giravam em torno da Isabele e do nosso filho.
A Duda... bem, eu já havia avisado. Uma, duas, três vezes. "Pare de se meter na minha vida!" Mas a audácia dela não tinha limites. Quando ela tocou na Isabele, cruzou uma linha perigosa. Agora, as consequências estavam prestes a ser cobradas. Cheguei na casinha e avistei Marcelo, seu semblante tenso e distante, como se estivesse carregando um fardo invisível. Eu o conhecia bem e percebi que algo estava prestes a estourar.
— E aí, cadê a Duda? — perguntei, logo depois de cumprimentá-lo.
— Amarrada lá no outro cômodo... Mas, mano, precisamos conversar.
— Fala, então. — Ele estava com um copo de whisky nas mãos e bebericar o meu parecia a única opção.
— Lembra da Bianca? Eu te contei que estava saindo com ela há alguns meses.
— Sim. — Lembrei da forma como ela tratou a Isabele. — Você não está apaixonado por aquela menina, está?
— De jeito nenhum. Não ligo pra ela.
— E o que aconteceu? — indaguei, curioso.
— Ela está grávida! — Marcelo tomou um gole de cerveja e minha expressão se transformou em incredulidade.
— Você está brincando?!
— Não, infelizmente é sério! E agora? — Ele revirou os olhos, um gesto que me fez suspirar.
— Meus parabéns!
— Você sabe que eu nunca fui um pai exemplar para o meu outro filho. Sinceramente, não tenho paciência para isso, muito menos com essa menina mimada.
— Para tudo tem um jeito, irmão. Apenas assuma suas responsabilidades. O bebê não tem culpa de nada.
— É por isso que somos melhores amigos. Somos tão diferentes, mas conseguimos nos entender. — Ele bateu na minha mão, um sinal de cumplicidade.
— E aí? Vamos resolver essa situação da Duda?
— Só se for agora! — A determinação na voz era inegável.
Abri a porta de madeira com um estrondo e entrei. A Duda estava amarrada a uma cadeira, os olhos vermelhos de tanto chorar. Os hematomas em seu corpo contavam uma história que não queria saber, mas que me deixava indiferente. Ela começou a gritar e pedir perdão, mas eu já havia passado da fase de perdão. Desde a morte do RD, ela achava que estava acima de tudo, e cansei de atura-la.
Organizamos a Duda para ir embora do país e, caso tente voltar, não terá chances de vida. Após a resolução dessa situação, saí daquele cômodo em passos pesados, como se cada movimento me deixasse mais leve. Peguei a garrafa de whisky e comecei a beber do lado de fora. O Marcelo estava lá, usando suas drogas. Recusei sua oferta e apenas me concentrei em esquecer tudo aquilo.
— Estou me sentindo aliviado. É como se um peso enorme tivesse desaparecido. — Falei, com sinceridade.
— Eu senti o mesmo quando matei RD. — Marcelo sorriu, mas não havia alegria em seu olhar. — O que vai fazer hoje?
— Pensei em sair com a Isabele. Precisamos comemorar o nosso dia.
— Então vai à festa lá em casa depois?
— Mas você não vai resolver a situação da gravidez?
— Falei para ela fazer o que quiser, pois não estou nem aí com isso!
— Você acha que eu não te conheço, MC? Se você não ligasse mesmo, já teria abandonado ela. Estão ficando há meses e você ainda não largou. Por trás desse jeito marrento, existe um possível Marcelo apaixonado. — Fiz um coração com a mão.
— Vai ou não para a festa? — Mudou o assunto.
— Veremos. Preciso ir trabalhar agora, o meu pai já me ligou umas dez vezes! — Respondi.
Saí de lá determinado em proteger a Isabele e o nosso futuro. O Marcelo, por outro lado, estava em negação sobre os seus sentimentos. O tempo diria o que nos aguardava, mas uma coisa era certa: eu faria de tudo para que a segurança da Isabele e do meu filho estivesse garantida.
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De Repente Grávida
Ficção Adolescente+16 "Ela não quer alguém que a entenda por completo. Mas ela não abre mão de alguém que acalme sua cabeça e principalmente o seu coração. Ela quer por as vezes estar junto de ti e ficar apenas em silêncio, mas que esse silêncio nunca signifique...