Capítulo 11: Amanhecer Turbulento

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O sol despontava timidamente no horizonte, quando abri os olhos, sentindo um mal-estar familiar que se aninhava em meu estômago. O enjoo era uma sombra persistente, uma sensação nauseante que me forçou a levantar da cama com a pressa de quem escapa de um pesadelo. Minhas pernas tremiam, e o desejo de permanecer sob as cobertas era completamente sufocado pela urgência de encontrar o banheiro.

— Não vai ser mais uma manhã de sacrifícios, Isabele. — pensei, enquanto corria pelos corredores frios da casa, a cabeça girando. A culpa dos lanches exagerados da noite anterior me consumia, mas não havia tempo para lamentações. O que me aguardava era bem mais premente.

Após alguns minutos angustiantes, consegui finalmente aliviar o meu estômago. Com uma leve sensação de alívio, voltei para o quarto, ainda atordoada. Foi então que ouvi a voz suave de Ian, que entrava pela porta.

— Está com enjoo de novo, Isa? — perguntou ele, a preocupação estampada em seu rosto.

Assenti, tentando esconder o meu desconforto.

— Isso não é normal, precisamos ir ao médico! — insistiu, os olhos fixos nos meus, transbordando uma mistura de cuidado e determinação.

— Já estou melhor, acredite! — respondi, tentando soá-la confiante. — Deve ter sido só uma indigestão.

— Ainda é cedo, você deve descansar. — Ele se levantou, inclinando-se para selar nossos lábios com um beijo suave. — Estou indo embora, mas não hesite em me chamar se precisar de algo.

O relógio marcava 7:00 da manhã quando o Ian saiu. Com a mente ainda turva, decidi me permitir mais algumas horas de sono, esperando que o enjoo fosse apenas uma nuvem passageira.

(...)

Quando abri os olhos novamente, o dia já havia ganhado cores mais vibrantes. Uma leveza começava a se instalar em meu corpo, e, por um momento, pensei que o pior já havia passado. No entanto, o apetite ainda me parecia um distante e esquivo amigo. Decidi ignorar o café da manhã e fui cuidar do meu quarto, arrumando o espaço desordenado em um esforço para dissipar a névoa que pairava na minha mente.

Após um banho revigorante, dirigi-me à cozinha. Encontrei a Carla, minha amiga e uma espécie de segunda mãe, organizando a mesa.

— Bom dia, Carla! Você viu o Ian? — perguntei, observando-a com um sorriso.

— Bom dia! Ele só passou por aqui de manhã. Nunca fica para o café ou almoço. — respondeu ela, com um tom firme.

— Imagino que seja por causa do trabalho. — disse, suspirando. — Mas hoje de manhã eu acordei com aquele mal-estar de novo.

O olhar de Carla se tornou sério.

— Há quanto tempo você está com esses enjoos, Isabele? — indagou, preocupada.

— Algumas semanas... — confessei, a voz baixa.

— Está na hora de ir ao médico. Vou marcar uma consulta para você hoje mesmo! — disse ela, decidida.

— Tudo bem, mas não conte nada ao meu pai, por favor!

— Por quê? — Carla parecia confusa.

— Não quero estragar as férias dele, deixando-o preocupado. Ele está tão relaxado. — expliquei, tentando evitar mais preocupações desnecessárias.

Quando o almoço ficou pronto, senti o meu apetite voltar, embora eu precisasse me esforçar para não sucumbir à fraqueza. A comida de Carla era reconfortante e deliciosa, e isso ajudava a reanimar meu espírito. Depois de comer, limpamos a cozinha juntas, enquanto ela tentava ligar para uma clínica de saúde.

Enquanto isso, meu celular começou a vibrar. Eram mensagens que eu não podia ignorar.

Bate-papo on: Pai / offline

— Filha, consegui sinal de internet! Como estão as coisas por aí? Hoje à noite vou tentar te ligar para conversarmos melhor. Você não quer vir mesmo? Posso mandar a sua passagem!

— Por aqui está tudo em ordem. Eu e a Carla estamos nos dando super bem! Ah, queria conversar com você sobre eu passar um final de semana com a minha mãe... estou sentindo muita falta dela.

Bianca / online

— Para quem prometeu que ficaria comigo e acabou me abandonando na noite anterior... senhorita, Isabele Rosie!

— Me perdoe, Bia... acabei não avisando porque você já estava dormindo e eu não queria te acordar. O Ian apareceu aqui em casa de repente.

— Tudo bem. Que tal irmos agora naquela sorveteria do bairro?

— Claro, vou me trocar e já te encontro lá!

Bate-papo off.

O dia estava quente, e o clima abafado tornava a tarefa de escolher o que vestir um desafio. Optei por uma roupa fresca, sabendo que Bianca me receberia com uma mistura de cobranças e risadas. Apesar das nossas brigas, a amizade dela sempre foi um porto seguro, e eu sabia que precisava dela mais do que nunca.

Enquanto me arrumava, um pensamento me atormentou: ela não fazia ideia de como eu andava me sentindo. A consulta médica agendada para amanhã à tarde poderia ser a chave para desvendar todos os mistérios do meu estado de saúde. Assim, me despedi da incerteza e fui ao encontro da minha amiga, na esperança de que, ao menos por algumas horas, o peso da preocupação pudesse ser esquecido.

De Repente GrávidaOnde histórias criam vida. Descubra agora