A luz da manhã penetrava suavemente pelas cortinas do quarto, iluminando os objetos de forma a criar um cenário quase etéreo. Era dia de ultrassonografia, e a ansiedade me acordou antes mesmo do despertador. Levantei-me da cama, a excitação pulsando em meu peito como o coração do bebê. Seria a primeira vez que veria aquela pequena vida, e a expectativa me deixava eufórica.
O olhar para o espelho refletiu uma versão de mim mesma que ansiava por um momento especial. Com um sorriso no rosto, dirigi-me ao closet, onde as roupas penduradas pareciam me encorajar a escolher algo que me fizesse sentir bem. Optei por uma regata preta, que destacava meu corpo em transformação, e uma calça jeans de cintura alta que me abraçava com conforto. O banho foi breve, mas revigorante; eu precisava estar radiante. Após me arrumar, passei um toque de maquiagem e um perfume suave, quase como uma carícia no ar. Calcei uma sandália preta que ganhei da minha mãe, e deixei meus cabelos soltos, como uma onda que dançava ao vento.
Antes das nove horas eu estava pronta, mas a sala parecia um eco do meu nervosismo. No café da manhã, carboidrato e proteína, era uma escolha para o início do dia. Enquanto eu aguardava, a inquietação crescia em meu estômago. Em instantes, finalmente o Ian apareceu. Quando abri a porta, percebi que sua hesitação era um reflexo do meu próprio estado.
— Pronta? — Ian perguntou, a mão suave deslizando sobre minha barriga.
— Sim. — respondi, tentando disfarçar o turbilhão que se formava dentro de mim.
— Estou ansioso, é a primeira vez que ouvirei o coraçãozinho dele batendo. — ele riu, a animação nos olhos.
— Dela. É uma menina! — corrigi, com um meio sorriso.
— Discordo, são gêmeos! — ele provocou, me fazendo rir.
A conversa fluiu entre sorrisos e lembranças até que a música romântica do carro envolveu-nos, criando uma atmosfera que parecia prometer um dia perfeito. Mas, ao chegarmos à clínica, um aviso interrompeu a minha felicidade. Enquanto conferia as horas no meu celular, uma mensagem estranha chamou a minha atenção:
"Olá, golpista!
Eu quero o meu homem de volta! O Ian é meu e sempre será. Namoramos por quase cinco anos e você acha mesmo que essa sua gravidez planejada vai prendê-lo? Só te digo uma coisa: se eu te encontrar sozinha dando bobeira por aí, acabo com você!
Beijos de luz. — Duda."
Senti o meu coração disparar, a raiva fervendo em minhas veias. Como ela tinha coragem? O que quer que eu fizesse, eu não podia me deixar levar. Engoli a seco e olhei para o Ian, que já me encarava, a confusão em seu olhar me fez querer desviar o meu.
— O que foi, Isa? — ele perguntou, segurando meu rosto, mas eu me afastei, dominada por um turbilhão de emoções.
Entrei na clínica, e ele veio logo atrás, sem entender minha súbita mudança de humor. Eu precisava me acalmar. Fui até a recepcionista e anunciei a minha consulta.
— Podem entrar, o doutor já aguarda vocês! — a mulher respondeu com um sorriso, mas a alegria parecia distante.
O Ian me seguiu, a expressão confusa ainda em seu rosto. Sentei-me na cadeira ao cumprimentar o médico, o nervosismo me deixou as mãos geladas. A mensagem ainda ecoava em minha mente, mas, no fundo, eu estava ansiosa para ver o meu bebê.
— Bom dia, papais! — o médico nos cumprimentou com um sorriso caloroso. — Como vai o bebê?
— Acho que tudo bem. — minha voz saiu hesitante.
— Bom, Isabele, você passou da fase dos três meses, mas ainda corre um risco grande se a sua gravidez não for saudável. — Ele preparou o aparelho, e meu coração afundou ao ouvir suas palavras. — Deite-se aqui e levante sua blusa!
Assenti, deitando-me na maca. A visão do Ian, com os olhos fixos em minha barriga, me fez sentir uma mistura de amor e vulnerabilidade. O doutor aplicou o gel frio, e um arrepio percorreu o meu corpo. Então, o milagre aconteceu: o som do coração do meu bebê ecoou pela sala, preenchendo o ambiente com um amor incondicional.
— Infelizmente, não tenho boas notícias... — O médico interrompeu nosso momento mágico. Senti meu coração despencar. — O bebê precisa ganhar peso, e você também. A desnutrição poderá fazer sua gravidez de risco.
As palavras dele se tornaram um pesadelo em minha mente. Eu não conseguia processar o que ele disse, as lágrimas começaram a escorrer pelo meu rosto. O Ian, que antes sorria, agora estava preocupado, seu olhar repleto de incertezas.
— Com gravidez não se brinca, Isabele. Você precisa ganhar peso! Isso significa comer bem, tomar vitaminas e, principalmente, descansar bastante. — O médico começou a escrever prescrições. — Seu retorno para descobrirmos o sexo do bebê já está marcado. Preciso que você faça tudo certinho até lá.
— Pode deixar comigo, doutor. Irei cuidar desses dois! — Ian disse, me lançando um olhar determinado.
Saímos da clínica em silêncio, uma nuvem de preocupações nos cercava. O Ian me deixou em casa, depositando um beijo suave na minha testa. Assim que entrei, avistei o Léo esticado no sofá, assistindo algo e mordiscando um lanche.
— Como está o meu sobrinho? — perguntou, acariciando a minha barriga.
— O médico disse que preciso ganhar peso e descansar mais, estou com ausência de algumas vitaminas essenciais.
— E o Ian? Estão mesmo juntos? — ele perguntou, levantando uma sobrancelha.
— Quero ele perto, mas ao mesmo tempo, não.
As notificações do meu celular interromperam a nossa conversa. Fui até a bolsa e peguei o aparelho. Era mais uma mensagem de Duda. Não me conformava com o fato de como ela conseguiu o meu número pessoal.
"Esteve com o meu homem hoje pela manhã, né? Eu fiquei sabendo, mas o recado já foi dado, flor. Continue perto dele de novo e eu acabo com isso que você chama de vida!
Beijos de luz. — Duda."
Um riso involuntário escapou de meus lábios. A audácia dela era quase cômica. Senti um impulso de resposta e não pude me conter em responde-la.
"Seu recado foi entregue sim, mas o máximo que você conseguiu arrancar de mim foram boas gargalhadas. Se a sua intenção era me causar medo, falhou!
Beijos de luz para você também. — Isa."
Enviei a mensagem, rindo e sentindo uma onda de alívio. Bloqueei o número dela e desliguei o celular, decidida a focar no que realmente importava: a saúde do meu bebê e o futuro que eu desejava construir.
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De Repente Grávida
Novela Juvenil+16 "Ela não quer alguém que a entenda por completo. Mas ela não abre mão de alguém que acalme sua cabeça e principalmente o seu coração. Ela quer por as vezes estar junto de ti e ficar apenas em silêncio, mas que esse silêncio nunca signifique...