Capítulo 54: A Social

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Duas semanas passaram num piscar de olhos. O apartamento, que em breve seria o lar do nosso pequeno, já estava quase pronto, e a ansiedade crescia a cada dia que passava, assim como a minha barriga, que agora parecia um balão prestes a estourar. Hoje, o Ian decidiu organizar um jantar em sua casa, uma oportunidade perfeita para reunir amigos. Embora eu não soubesse quem seriam os convidados, apoiei a ideia dele com entusiasmo.

Ao anoitecer, deixei os livros que me acompanhavam de lado e fui me preparar. O banho quente foi um momento de conexão; acariciei minha barriga e conversei suavemente com o bebê sem nome, por enquanto. Era um amor palpável, uma troca silenciosa que me preenchia de alegria. Após o banho, envolvi-me em um roupão e, enquanto me dirigia à sala, ouvi o meu celular tocando. Corri para atender, meu coração acelerado.

Ligação on:

— Alô?! — disse, a expectativa na voz.

— Filha, que saudade! Esqueceu de mim? Quando virá me visitar de novo?

— Mãe!! Desculpe pelo sumiço, prometo que em breve irei visitá-la.

— E como estão as coisas por aí? E o seu irmão, por que não me atende?

— Tudo tranquilo. O Léo está na correria por causa da faculdade, mas hoje vamos jantar na casa do Ian.

— Que bom! Aproveitem bastante!

— Tenho uma grande novidade para te contar!!

— O que foi?

— O Ian comprou um apartamento para morarmos juntos! Olha que incrível! Vamos ter mais espaço e liberdade para o nosso bebê.

— Uau! Que benção! Até hoje não consigo imaginar você morando sozinha e cuidando de uma criança. Lembro que você nunca segurou um bebê no colo. Estou feliz, mas também um pouco apreensiva.

— Quando imagino a cena, entro em desespero. — ri, tentando aliviar a tensão.

— Com a ajuda da Carla, tenho certeza de que tudo vai dar certo. E assim que o bebê nascer, poderei visitar vocês.

— Ela é uma pessoa maravilhosa! Mal posso esperar para decorar o quartinho do meu pequeno.

— Estou tão orgulhosa de você.

— E ainda tem mais uma novidade!

— O que mais?

— O Ian me pediu em casamento no meu aniversário! — exclamei, a emoção transbordando.

— Que ótima noticia! Parece que esse rapaz realmente gosta de você. Só não esqueça dos estudos e dos seus objetivos futuros, os sonhos que você sempre teve.

— Pode deixar, mãe!

— Bom, filha, vou desligar. Mande um abraço para o Léo e diga que depois ligo para ele. Aproveitem a festa e cuidado, viu? A mãe ama vocês!

— Nós também te amamos! Beijos!

Ligação off.

Após desligar, mergulhei na decisão sobre o que vestir para essa noite. Optei por um vestido que destacasse a minha barriga e calcei um salto baixo. Arrumei o cabelo com carinho, apliquei uma maquiagem suave e passei o meu batom favorito. Por fim, borrifei um perfume floral e me senti pronta para a ocasião.

Estava sentada no sofá, verificando o celular enquanto aguardava o Léo chegar, quando uma enxurrada de mensagens da Bianca me surpreendeu. Ela tinha mudado de número, e mesmo com um pé atrás, decidi ignorar por enquanto; não queria que nada estragasse a minha noite. Escutei a porta se fechando e avistei a Carla se aproximando, estava pálida e visivelmente mal. Levantei-me rapidamente para ajudá-la.

— O que houve, Carlinha? Onde está o meu pai? — perguntei, a preocupação estampada no rosto.

— Ele foi ao mercado, mas eu comecei a passar mal e vomitei no banheiro.

— Isso pode ser normal, lembra de mim no começo? Você precisa descansar!

— Estou me sentindo tão fraca...

— Vamos para o quarto. Vou te ajudar! — Segurei seu braço, firme e protetora.

— Não precisa, Isa. Se eu desmaiar, você não vai conseguir me ajudar.

— Farei o possível!

— Prefiro ficar aqui no sofá. Aliás, acho que o Léo acabou de chegar! — O som do carro dele confirmava.

— Não quero te deixar sozinha.

— Não se preocupe comigo. Quero que você se divirta!

— Se sentir qualquer dor, liga para a gente!

— Vou ficar bem. — Carla sorriu, e eu a beijei na testa antes de sair.

Tranquei a porta e entrei no carro do Léo. Sentia uma inquietação, um pressentimento de que algo estava errado, e queria que meu pai chegasse logo. Em poucos minutos, chegamos ao condomínio do Ian, onde a casa estava cheia, a música alta e a animação no ar. O Ian estava lindo, arrumado e sorridente. Aparentemente feliz com a sua social.

Eu mal tive tempo de cumprimentar as pessoas, quando Iago gritou, chamando-me para a mesa de petiscos. Aceitei na hora, pois meu estômago roncava e eu não recusava comida, especialmente agora que estou grávida. Apenas suco e refrigerante zero açúcar era o que eu bebia nesta noite. Enquanto ouvia as fofocas, soube que a Duda e sua mãe foram expelidas do condomínio. Um alívio imenso me percorreu.

Sozinha, encostada na parede do corredor da casa, observei Ian conversando animadamente com os seus amigos, enquanto Iago devorava os petiscos. Foi quando uma loira de cabelos longos e tingidos se aproximou. Ela exibia um corpo escultural, mas a sua fala cheia de gírias me fez questionar suas intenções.

— Você deve ser a fiel do Ian. — Ela sorriu, mostrando os dentes com aparelho ortodôntico azul. — Prazer, sou a Vanessa, esposa do Richard!

Meu coração disparou, e a raiva borbulhou ao ver o Richard se aproximar. Como o Ian teve coragem de convidar aquele desgraçado? A incredulidade tomou conta de mim.

— Prazer, sou a Isabele. — Tentei disfarçar o ódio na voz.

— Então, Isabele, a Duda mandou te avisar que ela quer uma conversa franca com você.

— Diga a ela para continuar sonhando. Aliás, se ela realmente quiser me encontrar, sugiro que espere eu ganhar o bebê primeiro.

— Você é incrível! — Vanessa riu, divertida. — Eu já briguei com ela por causa do Richard.

— Entendi... Agora preciso ir ao banheiro. Já volto! — Interrompi a conversa.

Sinceramente, eu não entendia como algumas mulheres poderiam se submeter a essas relações afetivas. Mas a certa altura, admiti que ela era divertida e educada, mesmo que a ameaça de Duda pendesse sobre mim.

Quando tranquei a porta do banheiro, um arrepio percorreu o meu corpo. Richard estava lá, me encarando de forma predatória. Minhas pernas tremiam, e a paralisia do medo tomou conta de mim. Ele avançou, cobrindo forte minha boca com a mão, e um pavor avassalador me dominou. Pensamentos de arrependimento por ter conhecido aquele homem passaram pela minha mente. O que o Ian estava pensando ao convidá-lo? Ele queria me machucar? O meu coração pulsava descontrolado, e a única coisa que consegui pensar foi em proteger o meu bebê.

De Repente GrávidaOnde histórias criam vida. Descubra agora