Capítulo 45: Céu Estrelado

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Um arrepio percorreu o meu corpo, como se cada fibra de mim estivesse à espera de um presságio. Meu coração disparou, e logo a sombra do medo tomou conta de mim. Eu não sabia o que fazer; atender aquela ligação era impensável. Tranquei a porta do meu quarto, desesperada, enquanto a culpa me corroía por dentro. O que Richard queria de mim? Ele precisava me deixar em paz, ou arruinaria o meu relacionamento.

— Isa? — A voz de Ian soou do lado de fora, fazendo meu coração saltar.

— Estou indo! — Desliguei o celular, jogando-o na bolsa com um movimento brusco. Respirei fundo antes de abrir a porta. Ele estava ali, sem a barba, parecia mais jovem e mais vibrante. — Você está mais bonito sem a barba! — declarei, selando nossos lábios com um beijo.

— Eu não acho, só fiz isso por você. — Ele sorriu, e eu rolei os olhos, divertida. — Vamos? — perguntou, e eu assenti, ainda com uma pitada de curiosidade.

— Mas para onde vamos? — insisti.

— É surpresa. Você vai adorar!

Antes de deixarmos o ambiente, me despedi de todos, determinada a deixar as preocupações de lado. Era nosso momento, depois de quase dois meses separados. A expectativa crescia dentro de mim, e eu não parava de pressionar Ian por detalhes sobre o destino. No entanto, ele apenas desviava a conversa, mantendo o mistério.

Atravessamos uma área deserta, onde os poucos quiosques à distância eram mal iluminados. Após alguns minutos, chegamos a um local que mais parecia um sonho. Um piquenique noturno, decorado com velas e flores, esperava por nós. Almofadas com padrões exóticos cobriam o chão, criando um ambiente romântico, com outros casais desfrutando da mesma magia. O cheiro da comida deliciosa fez minha barriga roncar.

— Que lindo aqui! — exclamei, meus olhos brilhando com a beleza do ambiente.

— Sabia que você ia gostar.

— Especialmente dessas comidas!

— Fica aqui, vou ali acertar umas contas e já volto.

— Tá bom, mas não demore. Estou com fome!

Enquanto me acomodava nas almofadas e começava a degustar aqueles petiscos saborosos, um impulso me levou a abrir minha bolsa e olhar o celular. A ansiedade me dominou, e não resisti; mandei uma mensagem de volta para Richard. Mas antes que eu pudesse entrar no bate-papo, verifiquei primeiro o Ian que estava em uma conversa intensa com um homem estranho, ambos com expressões sérias.

Bate-papo on: Richard / online

— Por que você me ligou, Richard? — escrevi, a tensão crescendo a cada segundo que se passava.

— Soube que você já está de volta. Também moro aqui, mas tenho uma chácara na outra cidade.

— O quê?! Você mora aqui? Por que não me contou antes?

— Vamos nos encontrar. Precisamos esclarecer algumas coisas.

— Não, sou comprometida. Me esqueça, por favor!

— Eu sei que você está com o Ian, esperando um filho dele.

— Como assim você conhece o Ian?

— Nos conhecemos há muito tempo, mas não somos tão próximos.

— Richard, por favor... Não me ligue e não me procure mais!

Bate-papo off.

Fiquei ali, perplexa, tentando entender o quebra-cabeça confuso que se formava na minha mente. Como Richard conhecia o Ian? O medo se infiltrava em meus pensamentos, me deixando em um estado de transe. Apenas desliguei o celular, enquanto viajava em meus pensamentos.

— Planeta Terra chamando Isabele! — Ian me sacudiu, interrompendo meus devaneios.

— O que você estava conversando com aquele cara? O que ele te contou? Quem é ele?! — levantei-me, a inquietação crescendo.

— Calma, linda! Virou detetive? Por que está gritando? — ele respondeu, surpreso.

— Desculpa, fiquei nervosa... Mas quem é ele?

— Apenas um amigo. Ele também está acompanhado, viu?

— Sei... — Revirei os olhos, tentando me acalmar enquanto tomava um gole de água.

— Irei pedir mais doces para você se acalmar, irritadinha! — Ele riu e selou nossos lábios novamente.

Depois do jantar, nos juntamos a alguns amigos de Ian, embora eu preferisse me afastar. Eles falavam sobre assuntos estranhos, como se estivessem em um código indecifrável. Mantive-me em silêncio, o coração acelerado, enquanto olhava para o celular, relutante em abrir as novas mensagens que aguardavam por mim.

As horas se arrastaram, e meu cansaço aumentava. Quando Ian sugeriu que eu passasse a noite em sua casa, concordei, desejando apenas deixar aquele lugar e descansar. Ao entrarmos em seu carro, coloquei a mão na barriga, sentindo a falta do bebê mexendo. Ele não havia se movido desde o dia anterior, e uma pontada de preocupação me atingiu.

Ao chegarmos ao condomínio, um arrepio percorreu o meu corpo. Era sempre uma sensação estranha estar ali. Já passava das duas da manhã, e o silêncio indicava que todos já estavam dormindo. Para finalizar a noite, a magia surpreendente aconteceu, me deixando mais aliviada para que eu pudesse dormir melhor:

— Ian... o bebê está mexendo! — disse, sorrindo ao sentir uma leve movimentação. Ele encostou a mão na minha barriga, e juntos, sentimos o nosso pequeno milagre dançando sob nossos toques.

De Repente GrávidaOnde histórias criam vida. Descubra agora