Um arrepio percorreu o meu corpo, como se cada fibra de mim estivesse à espera de um presságio. Meu coração disparou, e logo a sombra do medo tomou conta de mim. Eu não sabia o que fazer; atender aquela ligação era impensável. Tranquei a porta do meu quarto, desesperada, enquanto a culpa me corroía por dentro. O que Richard queria de mim? Ele precisava me deixar em paz, ou arruinaria o meu relacionamento.
— Isa? — A voz de Ian soou do lado de fora, fazendo meu coração saltar.
— Estou indo! — Desliguei o celular, jogando-o na bolsa com um movimento brusco. Respirei fundo antes de abrir a porta. Ele estava ali, sem a barba, parecia mais jovem e mais vibrante. — Você está mais bonito sem a barba! — declarei, selando nossos lábios com um beijo.
— Eu não acho, só fiz isso por você. — Ele sorriu, e eu rolei os olhos, divertida. — Vamos? — perguntou, e eu assenti, ainda com uma pitada de curiosidade.
— Mas para onde vamos? — insisti.
— É surpresa. Você vai adorar!
Antes de deixarmos o ambiente, me despedi de todos, determinada a deixar as preocupações de lado. Era nosso momento, depois de quase dois meses separados. A expectativa crescia dentro de mim, e eu não parava de pressionar Ian por detalhes sobre o destino. No entanto, ele apenas desviava a conversa, mantendo o mistério.
Atravessamos uma área deserta, onde os poucos quiosques à distância eram mal iluminados. Após alguns minutos, chegamos a um local que mais parecia um sonho. Um piquenique noturno, decorado com velas e flores, esperava por nós. Almofadas com padrões exóticos cobriam o chão, criando um ambiente romântico, com outros casais desfrutando da mesma magia. O cheiro da comida deliciosa fez minha barriga roncar.
— Que lindo aqui! — exclamei, meus olhos brilhando com a beleza do ambiente.
— Sabia que você ia gostar.
— Especialmente dessas comidas!
— Fica aqui, vou ali acertar umas contas e já volto.
— Tá bom, mas não demore. Estou com fome!
Enquanto me acomodava nas almofadas e começava a degustar aqueles petiscos saborosos, um impulso me levou a abrir minha bolsa e olhar o celular. A ansiedade me dominou, e não resisti; mandei uma mensagem de volta para Richard. Mas antes que eu pudesse entrar no bate-papo, verifiquei primeiro o Ian que estava em uma conversa intensa com um homem estranho, ambos com expressões sérias.
Bate-papo on: Richard / online
— Por que você me ligou, Richard? — escrevi, a tensão crescendo a cada segundo que se passava.
— Soube que você já está de volta. Também moro aqui, mas tenho uma chácara na outra cidade.
— O quê?! Você mora aqui? Por que não me contou antes?
— Vamos nos encontrar. Precisamos esclarecer algumas coisas.
— Não, sou comprometida. Me esqueça, por favor!
— Eu sei que você está com o Ian, esperando um filho dele.
— Como assim você conhece o Ian?
— Nos conhecemos há muito tempo, mas não somos tão próximos.
— Richard, por favor... Não me ligue e não me procure mais!
Bate-papo off.
Fiquei ali, perplexa, tentando entender o quebra-cabeça confuso que se formava na minha mente. Como Richard conhecia o Ian? O medo se infiltrava em meus pensamentos, me deixando em um estado de transe. Apenas desliguei o celular, enquanto viajava em meus pensamentos.
— Planeta Terra chamando Isabele! — Ian me sacudiu, interrompendo meus devaneios.
— O que você estava conversando com aquele cara? O que ele te contou? Quem é ele?! — levantei-me, a inquietação crescendo.
— Calma, linda! Virou detetive? Por que está gritando? — ele respondeu, surpreso.
— Desculpa, fiquei nervosa... Mas quem é ele?
— Apenas um amigo. Ele também está acompanhado, viu?
— Sei... — Revirei os olhos, tentando me acalmar enquanto tomava um gole de água.
— Irei pedir mais doces para você se acalmar, irritadinha! — Ele riu e selou nossos lábios novamente.
Depois do jantar, nos juntamos a alguns amigos de Ian, embora eu preferisse me afastar. Eles falavam sobre assuntos estranhos, como se estivessem em um código indecifrável. Mantive-me em silêncio, o coração acelerado, enquanto olhava para o celular, relutante em abrir as novas mensagens que aguardavam por mim.
As horas se arrastaram, e meu cansaço aumentava. Quando Ian sugeriu que eu passasse a noite em sua casa, concordei, desejando apenas deixar aquele lugar e descansar. Ao entrarmos em seu carro, coloquei a mão na barriga, sentindo a falta do bebê mexendo. Ele não havia se movido desde o dia anterior, e uma pontada de preocupação me atingiu.
Ao chegarmos ao condomínio, um arrepio percorreu o meu corpo. Era sempre uma sensação estranha estar ali. Já passava das duas da manhã, e o silêncio indicava que todos já estavam dormindo. Para finalizar a noite, a magia surpreendente aconteceu, me deixando mais aliviada para que eu pudesse dormir melhor:
— Ian... o bebê está mexendo! — disse, sorrindo ao sentir uma leve movimentação. Ele encostou a mão na minha barriga, e juntos, sentimos o nosso pequeno milagre dançando sob nossos toques.
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De Repente Grávida
Ficção Adolescente+16 "Ela não quer alguém que a entenda por completo. Mas ela não abre mão de alguém que acalme sua cabeça e principalmente o seu coração. Ela quer por as vezes estar junto de ti e ficar apenas em silêncio, mas que esse silêncio nunca signifique...