Capítulo 9: A Noite Inesperada

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O som da batida na porta quebrou a serenidade da noite. Eu havia terminado de encerrar o dia com uma sensação de cansativo alívio e havia começado a relaxar quando o inesperado visitador fez sua entrada. No instante em que a imagem de Ian se materializou diante de mim, um alívio imediato e quase palpável me envolveu. A tensão que antes havia dominado meu corpo foi substituída por um reconhecimento surpreso. Eu havia me esquecido da mensagem que ele havia enviado mais cedo, avisando sua visita. Mesmo assim, a incredulidade tomou conta de mim, e uma avalanche de perguntas e inquietações tomou conta dos meus pensamentos.

— Ian?! — A surpresa transparecia em minha voz quando abri a porta, encontrando seus olhos, que refletiam um misto de ansiedade e serenidade.

— Sei que é tarde, mas posso entrar? — Perguntou ele, com a voz baixa e um tanto hesitante. Seu olhar estava fixo no meu, tentando decifrar o que eu estava sentindo.

Eu assenti com um gesto quase automático, ainda atordoada pela surpresa e pela inquietação que se manifestava em meu peito. O medo da situação estava se dissipando, dando lugar a uma curiosidade inquietante.

— Como conseguiu o meu endereço? E, por que está aqui? — Perguntei, tentando manter a compostura.

— A sua amiga me passou. — Ele fez uma pausa breve, dando um leve sorriso. "A Bianca", pensei imediatamente.

— Você teve sorte. Eu quase liguei para a polícia. — Minha voz carregava um tom de alívio misturado com uma pitada de reprovação, e ele soltou uma risada suave.

— Como prometido, vim trazer o seu presente.

— Não sabia que era meu aniversário hoje.

— É preciso ser aniversário para ganhar presentes? — O tom dele era brincalhão, mas havia uma leveza em suas palavras.

— No meu caso, sim.

O Ian então me entregou uma caixa embrulhada com cuidado. Dentro, havia flores frescas, um pequeno urso de pelúcia e uma seleção de chocolates. Eu agradeci com um sorriso tímido, meu jeito peculiar de demonstrar carinho. Conversamos por horas, e a atmosfera entre nós se tornava cada vez mais confortável. Apesar da conversa agradável, não pude deixar de sentir o desejo crescente que pairava entre nós. Quando percebi a inquietação em seu olhar, ele decidiu ficar comigo para que eu não passasse a noite sozinha.

Embora eu tentasse seguir em frente com a minha vida, Ian parecia sempre reaparecer, desarranjando meus pensamentos e sentimentos. O destino parecia estar brincando conosco, aproximando-nos de formas que eu não conseguia entender. Sua beleza não passava despercebida, e sua determinação em conquistar o que desejava me intrigava, pois muitos já teriam desistido. À medida que o tempo avançava, percebi que, se não deixássemos claros os nossos sentimentos, seria melhor tomarmos rumos diferentes.

(...)

Ao abrir os olhos lentamente, notei que ainda era cedo. Um sorriso suave se formou em meus lábios ao ver Ian deitado ao meu lado, dormindo serenamente. Com cuidado, me levantei para não perturbá-lo. No entanto, o pequeno contentamento que eu sentia logo se transformou em mal-estar. Um enjoo intenso surgiu sem aviso, e eu corri rapidamente para o banheiro, onde aproveitei para realizar a minha higiene matinal.

— Está tudo bem, Isa? Escutei você vomitando. — A voz rouca e sonolenta de Ian ecoou do outro lado da porta.

— Estou bem. — Respondi, tentando manter a calma.

— Vamos ao médico! — A preocupação em sua voz era notável.

— Não precisa, já estou melhor. — Falei, tentando tranquilizá-lo.

— Quer água? Posso buscar para você! — Ofereceu de forma gentil, mas eu recusei com um gesto.

— Só quero ficar deitada. — Me aconcheguei em seu colo, sentindo-me confortável e segura, e adormeci novamente.

Quando despertei, Ian não estava mais ao meu lado. Notei sua ausência com uma ponta de tristeza, presumindo que ele tivesse ido trabalhar. Poucas horas depois, o cheiro do almoço preenchia a casa, e pensei como a Carla estava se revelando uma verdadeira benção. Se não fosse por ela, eu não estaria me alimentando tão bem.

— Boa tarde! Conheci o seu namorado hoje de manhã. — Carla anunciou com uma naturalidade desarmante, e eu senti meus olhos quase saltarem do rosto.

— O quê?! Você viu ele? Por favor, não conte nada a ninguém... eu imploro!!

— Já disse que pode confiar em mim. — Ela respondeu com um sorriso tranquilizador.

— Só mais um detalhe... ele não é o meu namorado.

— Ah, sim... relacionamentos modernos, né?

— Sim. — Esbocei um sorriso sem graça, sem saber exatamente como definir o que havia entre nós.

— O almoço está pronto, espero que goste!

Nos servimos e sentamos à mesa para a refeição. Meu apetite parecia ter aumentado nos últimos dias, e o sono interminável não me abandonava. Após o almoço, acabei adormecendo no sofá da sala, acordando mais tarde para ajudar Carla a limpar e organizar a casa. Um desejo inexplicável por doces surgiu em mim, e passamos a tarde preparando uma sobremesa deliciosa.

Eu nunca pensei que diria isso tão cedo, mas a Carla estava me surpreendendo positivamente. Meu pai estava certo ao dizer que ela era prestativa e que nos daríamos bem. Desde a separação dos meus pais, eu sentia uma profunda falta da minha mãe, e a Carla parecia preencher esse vazio da figura materna, mesmo que temporariamente. Nossa relação estava indo além da convivência cotidiana; sua presença feminina madura e experiente me proporcionava conselhos sábios e um apoio que eu precisava.

De Repente GrávidaOnde histórias criam vida. Descubra agora