Capítulo 51: Conforto Final

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Narrado por Isabele:

O sol começava a se pôr, lançando um suave tom dourado pela sala. Eu andava de um lado para o outro, a mente em tumulto. A ansiedade se manifestava fisicamente, e eu mal conseguia manter as unhas intactas por roer. O Ian deixava um vazio insuportável no meu coração, uma confusão que me cercava como uma névoa densa. Ele não atendia às minhas ligações, e essa ausência só aumentava a minha angústia. O almoço já estava há horas digerido, e o silêncio que se estendia entre nós parecia um abismo.

Uma dúvida perturbadora começou a tomar forma em minha mente: será que ele não queria mais voltar? A ideia de que poderia ter perdido Ian por causa de um desentendimento me deixava apavorada. Eu não conhecia as profundezas de sua alma e me perguntava até onde ele seria capaz de ir. Foi então que Léo entrou na sala, interrompendo o meu mar de pensamentos. Ele se jogou no sofá, um sorriso maroto no rosto.

— Se você continuar assim, vai acabar desmaiando. — ele disse, observando minha inquietação.

— Estou preocupada, Léo. — Respondi, a voz embargada.

— Deu para perceber. — Ele revirou os olhos, mas a preocupação em seu tom era clara.

— Eu preciso fazer algo. Não posso simplesmente ficar parada aqui! — A frustração escapava das minhas palavras.

— Olha, do jeito que você está, eu não vou deixar você passar da porta. — Léo cruzou os braços, um semblante sério no rosto.

— Você não entende... — Tentei protestar, mas ele me interrompeu.

— E você precisa cuidar mais da sua gravidez. Pense no seu bebê!

— Estou cuidando. — murmurei, mas a insegurança na minha voz era inegável.

— Tenta descansar e dormir um pouco. Mais tarde, eu te ajudo a resolver o que for preciso.

— Léo...

— Pelo seu filho. — insistiu, com um olhar firme.

— Tudo bem... Qualquer coisa, me acorda! — Suspirei, rendida.

O Léo tinha razão, e aquela realização me apertou o peito. Eu já tinha abusado da sorte com a gestação; o bem-estar do meu bebê era prioridade agora. O Ian é um homem crescido e sabia cuidar de si, mas a preocupação de que ele pudesse agir por impulso me deixava em alerta.

Entrei no banheiro, liguei o chuveiro e deixei a água quente escorregar pelo meu corpo, tentando me livrar do peso que eu sentia. Após um banho relaxante, coloquei uma roupa confortável e conectei meu celular para carregar, observando como a bateria lentamente subia. Deitei-me na cama, e a exaustão me envolveu como um manto. Eu precisava dormir, não apenas para descansar, mas para limpar a mente.

Acordei horas depois com risadas ecoando pela casa. Léo e meu pai estavam jogando videogame na sala, suas vozes altas se entrelaçando em uma dança de competitividade. Levantei-me da cama e fui até o meu celular, visando um alívio momentâneo. Porém, percebi que não havia nada de Ian. Uma onda de tristeza inundou o meu ser. Era como se um pedaço de mim estivesse faltando.

O meu pai havia pedido pizza para o jantar de hoje. Me entreguei aos sabores, comendo dois pedaços e tentando me distrair com a companhia deles. Assistimos a um filme, mas logo o cansaço me dominou novamente, e acabei adormecendo antes do final. Sonhei, com os olhos ainda molhados, sobre como eu desejava um final feliz ao lado de quem eu amava.

(...)

Narrado por Ian:

Ela dormia ao meu lado como um anjo, o rosto iluminado pela luz suave que filtrava pela janela. Um misto de pena e amor tomou conta de mim ao pensar em acordá-la. Afaguei delicadamente sua pele macia, inclinando-me para dar-lhe um beijo na bochecha. O relógio marcava onze horas da manhã, e a imagem dela adormecida, tão tranquila, me fazia sentir que o tempo não importava. Era como se cada segundo ali fosse um presente.

Seus olhos castanhos se abriram lentamente, e a voz rouca de sono fez o meu coração acelerar.

— Ian...? — Sussurrou, a preocupação ainda presente em seu tom.

— Oi, meu amor. — Aproximei-me, desejando que ela soubesse que tudo ficaria bem.

— Você está bem? Fiquei preocupada ontem.

— Não precisa se preocupar comigo. O que importa agora é a saúde do nosso bebê!

— Que horas são? Eu devo ter dormido muito! — Sua voz revelava um misto de confusão e fome.

— Não é muito tarde, o almoço ainda não está pronto.

— Estou com fome! — disse, sorrindo antes de selar nossos lábios com um beijo suave. — Nem acredito que você está aqui. Pensei que eu fosse te perder.

— Se depender de mim, você nunca vai me perder. — Falei com firmeza. — Podemos brigar, discordar, mas eu não te troco por ninguém.

— Te amo. — Sussurrou, e o mundo ao nosso redor pareceu parar.

Após ela se arrumar, fomos juntos para a cozinha, onde o aroma de comida caseira nos envolvia. A família dela estava reunida, e eu pude ver o brilho em seus olhos ao ver todos juntos, compartilhando risadas e histórias. O domingo era um dia sagrado, e eu havia prometido a mim mesmo que ficaria colado a ela, que teríamos aquele tempo para conversar e esclarecer tudo o que nos afligia. Era hora de nutrir o nosso amor, de encontrar a luz novamente entre as sombras.

De Repente GrávidaOnde histórias criam vida. Descubra agora