N Ó S

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Na escola alunos conversavam em todos os cantos. Corredores repletos de jovens rindo e se paquerando.

— Olha só, a bela adormecida voltou. — Katy acionou a voz assim que passei pela porta.

Michelle e o resto do grupo riram.
Eu apenas continuei andando ignorando todos os olhares de dó ou zombaria.

— Oi. — Lowis olhou para trás e me cumprimentou.
— Oi. — Abri minha mochila e tirei os meus pertences.
— Você está bem? — Ele Sussurrou.
Assenti.

Ignorar. A palavra mais perfeita para todos os fatos. Naquela manhã era o que eu mais precisava fazer, na verdade o que eu vinha fazendo há anos.

Era aula de física. A professora Alisson, que usava um vestido marrom claro e sapatos cinza, estava sem controle de toda situação em classe.

— Isso aqui está mais para um hospício. Daniel, o nerd da turma estava assustado.
— Então a Carrie, está se sentindo em casa. — Vanessa, a patricinha com um olhar repulsive fazia piadinhas de qual Katy adorava.

Revirei os olhos, e olhei para o celular. Desejando que faltasse alguns segundos para o fim de toda aquela merda.
Descontrolados os alunos jogam papéis nos outros e alguns brincavam de jogo da velha no quadro.

— Silêncio. — Falhando miseravelmente, Alisson tentava retomar o controle.

— A gente precisa sair daqui. — Lowis olhou para trás novamente.
— Sair daqui? Como assim?
— É. Vamos sair dessa bagunça.
— Tá legal. Quer ir ao campus?
— Não. Vamos sair daqui.
— Você quer dizer... matar aula?
— Sim.
— Esse lado negro seu, eu não conhecia.
Comecei a guardar meu material.
— Está pronta pra conhecer? — Ele se levantou, colocou a bolsa nas costas e esticou uma mão para que eu pudesse pegar.

Eu o encarei e me levantei também.

— Ei, aonde vocês pensam que vão? a lousa está cheia! — Alisson gritou estressada, nos olhando firme.

Percebi que Katy estava furiosa ao ver nossas mãos grudadas.

— Que merda eles estão fazendo? — Katy passava as mãos no rosto.
Consegui ler seus lábios, que insistia em achar que Michelle tivesse respostas.

Passamos pela porta e corremos até o portão principal.

— Droga, está trancado.
Lowis levou uma mão à cabeça.
— Vem comigo. — Chamei

Ele ainda sem entender me seguiu. Fomos até o muro dos fundos.

— Você é um gênio. — Ele me elogiou enquanto eu jogava minha bolsa para o outro lado.

Ergui minhas mãos e segurei o muro. Em seguida joguei meu corpo e pulei para o outro lado.

— Você vem? — Gritei
— Sim, pega minha bols...

— Ei, o que pensam que estão fazendo? — Um dos guardas, veio correndo.

— Rápido. — Gritei mais uma vez.

Lowis conseguiu pular imediatamente, e começamos a correr.

— Voltem aqui.

Em cima do muro, o senhor ainda gritava e nós começamos a rir.

Rindo e correndo percebi que, o que eu estava vivendo, à dias atrás seria um sonho.

Nós paramos debaixo de algumas árvores, e eu fiquei observando ele arrumar o cabelo.

— Caramba, quase fomos pegos.  — O olhei firme com um sorriso.
— Eu colocaria toda a culpa em você.
— Em mim? foi você quem deu a ideia.
— Mas iriamos passar pelo portão.
— Então esse era o seu plano? fugir da aula e rezar para que o portão estivesse aberto?
— Ele riu. — Mais ou menos.

Ele me flertava, e dessa vez com mais freqüência, a minha boca.

— O que quer fazer? — Perguntei.

Lowis me puxou pela cintura, tão perto que eu sentia seu perfume. Levou a mão direita ao meu rosto e acordou todas as borboletas do meu estômago.
Eu olhei para os olhos dele, depois para sua boca, que estava em um tom rosado devido ao frio, e se me perguntassem o que eu mais queria no momento, seria beija-lo.

— Isso.

Meus olhos se fecharam automaticamente.

Minhas MarésOnde histórias criam vida. Descubra agora