Meu pulso agora estava tatuado. Ao lado da tatuagem apenas uma grande cicatriz era visível, mas nenhum dos dois perguntaram sobre.
— Não vai doer, certo? — Lowis olhava para o outro lado, enquanto James, (o tatuador que há minutos atrás havia nos dito seu nome) já começava o serviço.
— Relaxa, são só agulhas rasgando o seu corpo. — Dei uma piscadela.
— Boa tentativa, mas não estou com medo.
— Quero ver quando chegar no osso.Nós três rimos, e depois de um bom tempo, estávamos com imagens gravadas em nossa pele.
Lowis não me deixou ver a sua tatuagem. Assim que terminou, colocou o moletom e disse que eu não poderia ver, não hoje.
Minha ansiedade chegou à 100% e mesmo depois de implorar, ele não cedeu.— Já posso ver?
Nós estávamos andando no frio das 9h00 e agora abraçados.
— Vai estragar a surpresa.
— Surpresa? Ai meu Deus você tatuou o meu rosto?
— Caramba, você descobriu. — Ele me empurrou de leve e depois me trouxe para perto novamente.
— Ou foi a Monalisa?
— Tá bom, vou falar. — Ele supirou, fingiu uma agonia. — O Batman.
— Que?
— Desenhei o Batman nas minhas costas.
— Idiota. Revirei os olhos e andei mais de pressa.
— Ei volta aqui, é brincadeira. — Ele andava rápido pra me alcançar. — Na verdade foi o Robin. — Ele disse quando chegou ao meu lado.
— Pelo menos não foi a mulher maravilha.Ele riu outra vez.
As ruas estavam lotadas. Até porque estávamos na quinta avenida de New York, e o local nunca teve dias calmos.
Muitos carros passavam de um lado para o outro. Buzinas e faróis frequentes, e eu naquela noite, olhava tudo como se fosse a primeira vez.Nós caminhamos bastante, curtindo o momento até que chegamos ao monumento mais famoso dos EUA.
— É enorme, eu sempre quis entrar aí. — Falei olhando sem piscar.
Nós estávamos parados em frente ao Empire State building.
— Eu nunca havia chegado tão perto. — Falei arrumando o cachecol. — A gente precisa entrar.
— Que? — Ele me olhou assustado. — Não.
— É uma oportunidade, não devemos deixar as oportunidades passarem assim e só acenar pra elas.
— Interessante metáfora, mas está cheio de segurança, a gente não vai conseguir. — Ele sorriu abafado.
— Não custa tentar. — Dei de ombros.
— Tá bom, deixa comigo.Lowis caminhou até a enorme porta de vidro e começou conversar com o segurança. Segundos depois ele voltou com semblante fechado.
— É melhor a gente ir ao o parque, ou sei lá, à estátua da liberdade? — Ele franziu o cenho.
— Espera, deixa eu tentar.
— Carrie espera nã...Me aproximei do segurança e agi formalmente.
— Boa noite — Sr...?
— Lincoln.
— Ok. — Eu sou a Carrie.
— Certo senhorita. — Ele me olhou por segundos e desviou a atenção — eu estou trabalhando, se me der licença.
— Eu estou chegando agora com meu namorado, e eu acho que minha mãe já está dormindo. — Perdi a chave reserva. — Fiz uma careta, enquanto tentava acompanha-lo de costas para mim.
— Mas você mora aqui?
— Sim.
— Que andar?
— 27. — Arrisquei
— Aguarde um instante.
Ele olhou fixo para o Lowis, fiquei sem entender, depois pegou o telefone e discou algum número.Lowis chegou até o meu lado e tentou me convencer para desistir. Eu poderia ter desistido. Eu poderia não ter entrado alí, eu poderia ter poupado tanta coisa, mas a gente nunca consegue ver o futuro, quem dera eu conseguisse.
— Chamou até cair.
— Caramba, a mamãe já dormiu. — Usei uma voz melancólica.
— Tá legal, entrem.Lincoln abriu a porta e nós entramos em passos firmes e rápidos.
Tudo era ainda mais incrível por dentro e tão iluminado.— Você tem certeza? — Lowis me parecia apavorado.
— Sim, aqui é incrível.
— E se pegarem a gente?
— Calma, vamos explorar um pouco.
— Tá legal. — Ele olhou para trás em reflexos rápidos.— Ei, vamos. — Lowis puxou minha mão me acordando do devaneio ao olhar com grandeza todos os cantos.
— Por aqui. — Ele indicou com um dedo.
Nós subimos uma escada, depois outra, e mais outra.— Porque não está tão encantado quando eu? — Perguntei ao ver sua reação tranquila.
— É lindo. — Ele deu um sorriso um pouco falso.
— O que é? Não está gostando?
— Não é que...— Lowis querido, tudo bem? como está sua mãe?
Uma senhora de em média uns 70 anos veio em nossa direção.
Ele virou de costas e me puxou para andarmos em direção oposta.— Ei, àquela mulher está falando com você.
— Deve ser engano.
— Engano? Ela sabe seu nome.
Eu soltei a mão dele e a mulher chegou até nós.
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Minhas Marés
Roman d'amour[COMPLETO] Com uma vida fora dos trilhos, Carrie entra em depressão. A falta do carinho dos pais afeta sua rotina, mas quando conhece Lowis e se apaixona mais rápido do que imaginou, enxerga a felicidade perto. Contudo, quando a doença começa causa...