— Você não vem Lowis?
— Katy falou outra vez, brava e insegura.
— Não posso deixar ela aqui. — Ele me puxou para mais perto. — Nessa situação.
— Claro que pode. — Ela disse por impulso.
— Katy, vai pra casa, amanhã a gente conversa.— Amanhã a gente conversa.
Eu repeti o que ele disse mas com uma voz de crianca manhosa, e ri outra vez.Ele saiu me puxando pela multidão, tirou o telefone no bolso e ouvi apenas que ele pronunciou Alfred.
Saímos da festa e uma limousine acabara de estacionar. Ele pegou no colo e me levou para dentro.
— Me solta, o que você pensa que está fazendo?
— Você precisa de um banho.
— E você precisa parar de querer mandar em mim. — Disse brava.
— Nos leve para o apartamento Alfred.
— Apartamento? que apartamento? pra onde está me levando, me deixe sair.
— Eu me batia e ele me segurava, abraçando-me.
—Ele pegou o celular e fez outra ligação.
— Ela está comigo, amanhã eu a levo pra casa. — Escutei enquanto eu sentia ânsia e muita dor de cabeça, não me lembro como, mas adormeci.***
Acordei em um lugar diferente, onde eu nunca havia estado antes. O lugar era chique e eu estava precisando de respostas.
Havia um balde do lado da cama, vazio por sorte, eu surtaria se tivesse cheio de vômito. Minha cabeça doía como se estivesse sido esmagada, presumi ser ressaca.
Os lençóis e travesseiros da enorme cama era branco e cheirava amaciante caro.Me levantei esfregando os olhos e fui rumo a uma porta que deduzi ser o banheiro.
Coloquei a mão maçaneta e estava trancada.
Segundos depois, eu ainda estava em pé frente a mesma, a porta se abriu e Lowis estava a minha frente, saindo do banho.— Lowis? — Meus olhos ficaram enormes de dúvidas. Ele estava com o corpo molhado, uma toalha posta nas pertas enrolada na cintura, notei que os seus músculos estavam maiores e por um segundo não quis ter outra visão.
— Bom dia! — Ele respondeu espontâneo e passou por mim.
— O que está acontecendo? por que estamos aqui? eu, e você, nós?
— Olhei para o meu corpo e notei que estava com um short curto de moletom e uma camisa branca, masculina, provavelmente dele.
— Sim, foi maravilhoso.
— Meu Deus. — Passei a mão no cabelo.
— Estou brincando.
— Ele beijou meu rosto. — Vou comprar café.
— Espera. Como eu vim parar aqui? e porque estou usando isso? você colocou essa roupa em mim?
— Alfred nos trouxe, e, você se comporta muito bem dormindo. — Ele deu uma biscadela.
— Lowis, você colocou isso em mim?
— Perguntei mais uma vez, e cruzei os braços.
— Sim, eu já me troco sozinho desde os 3 anos, presumi conseguir vestir uma mulher.
— Dei um tapa no rosto dele por impulso.
— Desculpa. — Olhei para minha mão vermelha. — Você não deveria.
— Ele riu. — Eu nem olhei tanto assim.
— Sai daqui agora.
— Como assim? esse apartamento é meu, você é a visita.
— Ótimo, estou indo.
— Peguei minha bolsa que estava no chão.
Fui pisando forte até uma porta que estava na nossa frente e quando a abri, era uma lage, com uma vista maravilhosa pra uma praia.
— A saída é por aqui.Fiquei encantada com o que via, acabei ignorando o que ele disse. Permaneci no mesmo lugar por um tempo, sentindo o vento e, quando notei Lowis chegou perto de mim com dois copos de café expresso.
— É lindo. — Eu disse.
— Meu pai me deu no meu aniversário.
— É um ótimo lugar. Aposto que Katy adora ficar de biquíni observando. — Usei ironia.
— Katy nunca veio aqui. — Ele disse sério.
— Não? — Eu escondi um sorriso.
— É meu lugar particular, eu venho aqui quando não estou em um dia legal.
— Não está em um dia legal?
— Ultimamente não consigo ter dias legais.Após um longo silêncio ele tentou quebrar o clima.
— Não podia deixar você naquela situação no halloween.
— Céus, o Halloween! — Voltei para o quarto e sentei na cama. — O que foi que eu fiz?
— Nada, só ficou bebendo com uns caras.
— Ele disse uns caras, com tanto ciúmes, que eu não consegui não rir.
— Eles eram legais, pelo que lembro.
— E você lembra de alguma coisa?
— Acho que sim. — Me esforcei pra lembrar, e a primeira lembrança que veio foi ele e Katy saindo do quarto.
— Eu tenho que ir. — Disse ríspida.
— Por que, o que houve?
— Nada!Quando fui em rumo a porta ele foi mais de pressa e parou em minha frente. Tão perto que eu senti seu cheiro, que para minha ruína, era ótimo.
— Pode sair da minha frente, por favor?
— Não.
— Lowis, não torne tudo complicado outra vez.
— Eu posso explicar.
— Explicar o que?
— Eu sei porque ficou irritada imediatamente, foi porque lembrou de ontem não é? — Dei de ombros.
— Você comentou ontem que viu eu e ela saindo de um quarto, e você disse com tanta magoa. — Ele prosseguiu.
— Jura? nem lembro. — Menti.
— Não aconteceu nada.
— A vida sexual de vocês não me interessa.
— Não temos vida sexual, nós nunca...
— Tanto faz, eu não estou afim desse papo, ok? — Menti outra vez. Estava claro que eu fiquei aliviada e torcendo pra ser verdade.
— Ela disse que queria falar comigo, me levou até aquele quarto, mas na verdade era queria dizer que já havia passado da hora de termos nossa primeira vez, ela me beijou e tentou me dizer coisas legais, mas eu não estava no clima, ela não é você Carrie.Eu continuei em silêncio, e ele continuou:
— Depois fomos dançar, eu tentei parecer feliz no começo, mas de todo jeito meu pensamento sempre foi voltado a você.
— Acho que deveria parar de pensar em mim, a sua namorada é ela.
— E você, consegue não pensar em mim? é fácil me pedir isso? porque você diz com tanto desdém.
— Deu um nó na garganta, e eu respirei fundo.
— Ando praticando. Pelo menos eu não tenho uma tatuagem sobre nós.
— Eu ri ironicamente, olhando para o seu braço.
— Eu pensaria mesmo sem a tatuagem.
— Ele sorriu.
— preciso tirar essas roupas, são da sua namorada?
Fiz questão de repetir "sua namorada".
— Tem uma loja alí em baixo, foi questão de minutos para conseguir esse short, e a camisa é minha, aposto que está adorando o cheiro.
— Ele saiu da minha frente e abriu o guarda roupas.
— É melhor eu ir andando antes que você comece se despir na minha frente.
— Na verdade, você precisa me esperar, eu prometi ao Gregg que te levaria hoje de manhã.
— Ele sabe que estou aqui?
— Sim, liguei para Clair hoje de manhã, para que ela ajudasse na roupa.Olhei para meu short curto.
— Eu deveria imaginar.Alfred estava lá em baixo. Provavelmente Lowis teria ligado para ele minutos antes. Fomos até a minha casa.
— Obrigada. — Desci do automóvel.
— Posso entrar? — Ele desceu também.
— Melhor não, sua missão é ficar longe, lembra?
— Ele disse que não poderíamos namorar, não disse que não poderíamos ser amigos. — Ele tocou meu ombro.
— Quer dizer que somos amigos agora?
— Não quero ser seu amigo Carrie.
— Ele passou uma das mãos no meu cabelo, colocando atrás da orelha.
— Mas seu pai talvez possa gostar da idéia.Fomos até a porta.
Quando entramos meu pai ficou boquiaberto.— Bom dia. — Eu disse leve.
— Bom dia Oliver, bom dia Jenna.
— Lowis fez questão de provar que lembrava os nomes deles e pegou na mão dos mesmos.
— Bom dia. — Meu pai respondeu sem expressão e me olhou desaprovando o short e a companhia.
— Eu vou subir. — Apontei para a escada.
— Quero conhecer seu quarto. — Lowis me seguiu.Meu pai ficou estérico. Mas não disse nada.
Antes de abrir a porta, parei no final da escada.
— Lowis, o que está fazendo?
— Indo conhecer o seu quarto.
— Você não me perguntou se eu queria que conhecesse.
— Você quer que eu conheça?
— Não.

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Minhas Marés
Romance[COMPLETO] Com uma vida fora dos trilhos, Carrie entra em depressão. A falta do carinho dos pais afeta sua rotina, mas quando conhece Lowis e se apaixona mais rápido do que imaginou, enxerga a felicidade perto. Contudo, quando a doença começa causa...