E U F U I

52 12 0
                                        

eu ja tinha dito um milhão vezes a Clair, que eu não iria, e pronto. mas ela continuava insistindo.

— Acho que você vai se arrepender se não for. Aposto que vai estar tudo chique, e cheio de caras inteligentes, e o melhor, podres de rico.
— Até parece que eu estou
afim de arrumar alguém. Vou fazer um chá e assistir, divirta-se.

Essa foi a última tentativa, até que ela gritou pelo Greggory, que desceu rápido e a abraçou, e foram. Meu pai e Jenna saíram logo depois, eu precisei repetir para o papai que estaria bem, e que não, eu não queria que eles ficassem por minha causa.

Meia hora depois que eles saíram eu comecei me arrepender. Não estava passando nada bacana na tv, e só tinha chá de camomila, a qual eu não tomava a séculos.
Tomei um banho e me deitei na cama, escutando Lifehouse, minha banda de rock favorita.
Eu estava entediada, isso era óbvio, porém, não queria fazer o ridículo papel de aparecer na mansão do Lowis, sabendo que o pai dele é quem tivesse exigido o ridículo namoro do filho com a Katy, e se ele adorava a nora rica, tinha uma grande porcentagem dele não querer seu filho em uma noite dessas comigo.

Me virava de um lado pro outro na cama, até que decidi que iria. Assim, de repente? eu vou e pronto?
meu eu interno fazia questões.

Sim, de repente. Eu olhei pela noite da janela e achei um enorme desperdício estar sozinha em casa enquanto havia um belíssimo vestido preto pendurado no meu guarda roupas.

Maquiei-me de um jeito formal, exagerando apenas no batom vermelho. Depois acabei ficando mais uns minutos resolvendo se usava cabelo solto ou feito coque. (optei por solto.)

Quando pronta, olhei no espelho, sorri pra o meu reflexo, gostando do que via.

Desci as escadas, ainda ciente de que estava fazendo o certo. Spoiler; não estava.

Chamei um taxi e antes de pedir que me levasse ao Empire, fui ver algo primeiro, ou melhor, alguém. Na verdade sentir, ver era meio que impossível, ainda é.

Andando na grama molhada com orvalhos da noite, eu deixava pequenos furos do salto para trás, queria poder fazer isso com o passado.

Como de costume, coloquei as rosas em cima do túmulo. Dessa vez, fiquei em pé, não estava vestida corretamente para uma visita aos mortos, mas eu sentia falta dele.

— Oi.  — Olhei para o nome dele, desenhado feito uma tatuagem no cimento. — Desculpe não ter vindo ontem, mas eu senti sua falta.  — Olhei para avenida, centenas de faróis iam e vinham em uns cem por hora, enquanto o taxista me esperava, falando no telefone. Olhei para os meus pés, depois para o túmulo outra vez.
— É estranho sabe, eu vir aqui e ficar conversando sozinha, eu queria ouvir sua voz outra vez.  — Fiz um silêncio.
— Eu estou indo para uma festa, queria que fosse meu acompanhante, aposto que ficaria um charme usando terno.
— Ri alto. — Eu preciso admitir que está sendo difícil essa de ter que ser forte, é tão dolorido pra mim ter que enfrentar esses caos sem você. Queria voltar para aquela noite chuvosa, na nossa casa da árvore.

Uma lagrima escorreu, e eu limpei com cuidado, torcendo para não ter lascado minha maquiagem.
— Você foi importante, ainda é. Preciso ir, Lowis está me esperando.  — Suspirei. — Calma, não estamos juntos, é só uma festa. Preciso ir, até amanhã. As rosas estão lindas, provavelmente colhidas essa tarde, e o cheiro está incrível, como amendoim.  — Sorri para o vazio do noite, e voltei para o carro.

Conversar com ele, era como se fosse uma terapia, não havia respostas nem olhares, mas ele estava ali, eu podia sentir.

Cheguei no prédio e dois homens bem vestidos me levaram ao elevador rapidamente, passei por pessoas riquíssimas olhando totalmente para baixo e fui diretamente procurar Lowis, que não estava no salão.

Andei até o seu quarto, onde eu já havia estado uma vez, e decorado a ida.
Abri a porta e lá estava ele, totalmente despercebido, e maravilhosamente exibindo seu peitoral. Fingi desinteresse ao olhar as curvas do seu corpo, enquanto todos os meus átomos sentiam falta do daquele calor.

— Oi.  — Falei,  e ele se virou rapidamente enquanto eu aproximava meus passos.

Depois de pequenos diálogos fomos para a festa. Ele trouxe algo pra eu beber e ficamos em um lugar mais reservado, por minha opção. Mas ainda assim, a cada cinco minutos algum conhecido chegava, e o cumprimentava.

A minha esquerda, uns dez passos de distância meu pai e Jenna bebiam e conversavam como adolescente, enquanto Gregg parecia estar discutindo com Clair sentados em um sofá, ambos com expressões tensas.

— Está com fome? tem comida japonesa ali.  — Ele indicou o lugar e eu assenti.

Enquanto acompanhava Lowis pela multidão vi que Clair se levantou e saiu emburrada.
— Só um instante.

Fui atrás dela, que passava rapidamente por todo mundo, sem ao menos pedir licença. Estava difícil de alcança-la devido meu salto, mas felizmente ela teve que esperar o elevador, e eu apressei os passos.

— Clair o que houve? — A toquei seu ombro esquerdo.
— Nada.  — Ela virou para trás, ainda emburrada.
— O Gregg fez alguma coisa pra você?
— Não. Quer dizer, sim. Não sei, estamos brigando, ele sabe exatamente como me tirar do sério.
— Não fique assim, vocês são um casal, é normal acontecer essas discussões.
— Não na sua primeira festa de alta classe no Empire.

Ela disse engraçado, não aguentei segurar o riso.

De repente, a porta do elevador se abre. Um casal estava se beijado, abaixamos o rosto, e quando eles se viraram pra gente notei de soslaio quem era.

Fiquei pálida, não era possível.
Na verdade era sim, pelo que eu a conhecia, mas no elevador daquele lugar, droga, eu nem estava acreditando.

— Carrie? — Ela disse meu nome quase gaguejando.
— Você a conhece? — O rapaz olhou estranho.
— Oi Katy. — Sorri irônico. E Clair riu baixinho.
— O que está fazendo aqui?
— Dando uma volta. — Ela suspirou estressada. — Não aconteceu nada aqui, me entendeu?
— Entendeu?  — Ela perguntou novamente depois que a ignorei, e dessa vez parando na minha frente.
— Fala logo que não é pra mim contar para o seu namorado que anda beijando outros no elevador da casa dele, fica tranquila, pouco me importo com isso.
— Não? aposto que está desesperada pra ir contar pra ele, mas fique sabendo que ele não vai acreditar.
— Não se preocupe não vou estragar o romance incrível de vocês. Só não quero que se culpe, até porque ele também namora você gostando de outra né?
— Me desviei dela, e entrei no elevador.

— Você tem namorado? — Pude escutar o rapaz, questionando.

— Você foi ótima. — Clair rindo, entrou no elevador comigo.
— Tem certeza que vai deixa-lo te esperando? — Ela me perguntou.
— Sim, Katy procurará ele imediatamente, despachando o coitado do ficante de elevador.  — Nós rimos.
— Ah Carrie, sinto muito por ter ela na vida de vocês.
— Pelo menos, eu não tenho namorado pra me fazer de idiota.
— Isso foi uma indireta? porque estou me sentindo muito idiota com o jeito que seu irmão está me tratando hoje.
— Idiota é ele que acha que você ainda está na festa.

Rimos outra vez, e eu apesar de estar com uma certa tristeza por não poder voltar para comer shushi e aproveitar a noite, fiquei feliz por ter Clair comigo, rindo como amigas, e sem se importar com nada.

— Conheço um barzinho aqui perto, quer ir?
— Tá, mas vamos deixar o número do telefone da minha casa com o garçom.

Minhas MarésOnde histórias criam vida. Descubra agora