Infelizmente a linha da imaginação não traça com a relidade.
O cheiro de hospital invadiu as minhas narinas, o barulho de aparelhos e bipes estavam altos e movimentos de carrinhos alimentícios passando pelo corredor.
O que foi que aconteceu? — Pensei enquanto ainda estava de olhos fechados.
Senti que meus pulmões estavam ardendo, e minha cabeça parecia explodir de dor.
Abri meus olhos vagarosamente e avistei Greggory dormindo em um pequeno sofá.
Corri os olhos pela sala hospitalar e eu já havia estado alí outro dia, mas o lugar agora estava com cheiros húmicos.Droga! — pensei Lembrando o porquê de estar internada.
Sim, veio na minha cabeça imediatamente que o plano falhara.
Uma coisa era saber que a filha tinha crise de ansiedade e precisava de ir pra uma clínica, agora, eles teriam me achado tirando a própria vida, pra onde iriam me levar? pra Suíça, para ter um suicídio assistido?Meu pai entrou rapidamente pela porta, jogando um copo de café no chão.
— Carrie... — Ele disse alto e veio até mim. — Meu Deus. — Ele pegou na minha mão.
— Oi. — Sussurei.
Por favor não toque no assunto agora, por favor.— Isso está te encomodando?
— Ele apontou para um aparelho de respiração. — preciso pegar outras almofadas?
— Está tudo certo, eu só quero descansar um pouco.
— Ok. Eu vou estar aqui do lado, eu posso pedir para colocarem outro sofá aqui dentro se achar melhor.
— Ele passou a mão no rosto. — Jenna e Clair foram comprar batatas, a gente não jantou.
— Que horas são?
— Quase meia noite.
Assenti.
— Tem roupas no carro, se quiser tomar um banho, acho que você pode não é?
— Ok.
Depois de perceber que meu pai não havia mencionado Lowis na lista de visitas em nenhum momento, presumi que ele não sabia, o que me deixou mais calma.Eu não queria parecer uma garotinha assustada, desesperada, pedindo socorro.
Meu pai saiu da sala, olhei por alguns segundos o soro pingando do plastico até uma longa e fina mangueira, injetada nas minhas veias, e como todo meu corpo parecia cansado, dormi outra vez.
— Ei, acorda? — Senti uma mão pegando suave no meu braço esquerdo.
— Abri os olhos. — Oi.
— Você teve alta.
Vi o enorme sorriso do meu irmão, apesar de ainda tonta.
— Legal. — Sorri de volta, fraco, como quando a gente acorda sem entender exatamente aonde está.
— A enfermeira acabou de checar seus sinais vitais, e eles conseguiram tirar toda água.
— Ág... ah, ok.
— Clair secou seu cabelo, pra você não pegar resfriado. — Ele riu nervoso, como quem tentava me animar, mas ainda assim, o toque de tristeza estava em seu olhar.
— Desculpa Gregg. — Disse baixo.
Ele fingiu não escutar e me ajudou a sentar.
Agora eu já estava aparelhos no meu corpo, apenas um roupão esquisito.
— Veste isso.
Ele colocou sobre meu colo, um vestido meu, que a propósito, eu sempre achei confortável. — Eles estão na cafeteria, eu avisei que ficaria aqui pra quando acordasse, mas ninguém quis sair antes de eu prometer não pegar no sono novamente.
— Ele sorriu mais uma vez. — Lowis está comprando água.
Ele finalizou e eu fiquei assustada.
— O que? Lowis está aqui?
— Se não fosse por ele ninguém estaria.
— Como?
— Olha, vá se trocar depois a gente conversa sobre isso, se quiser. Estou louco pra chegar em casa.
— Já amanheceu não é?
— Sim, mas não se preocupe, não é segunda-feira.
— Tudo bem.Era impressionante como eles agiam. Tentando me fazer rir, me tratando como uma grande sensível, e nem se quer tocaram no assunto da minha grande escolha egoísta.
— Pronto, agora... — Gregg não estava mais na sala, e Lowis me olhava encostado na parede.
— Oi. — Ele disse sem expressão.
— Oi.Seu cabelo estava bagunçado, ele usava uma jaqueta preta de marca, que combinava totalmente com sua calça creme e um olhar de desapontado.
— Eles estão esperando você, no café ao lado.
— Pois é.
— Mas achei que se quisesse, talvez nós poderíamos dar uma volta primeiro.Eu não disse nada, apenas olhei pra baixo.
— Tem uma escova no carro. — Ele analisou meu cabelo.
— Obrigada, mas acho que meu cabelo nesse estado é o menor dos meus problemas hoje.
— Está ótimo assim. Combina com você.
— E com você. — Fixei meus olhos no cabelo dele também, fazendo ele tentar arrumar rapidamente com os dedos.
— Na verdade, eles já foram embora. Sua família.
— Deveria estar surpresa?
— Mas foi porque eu pedi, eles me deviam essa. Eu prometi te levar antes das cinco.
— Mas ainda é cedo. A volta que quer dar, é no globo terrestre?
— Ele riu. — Vamos.Saímos do hospital depois de preencher alguns papeis e pegar receitas para um milhões de remédios, incluindo para depressão e ansiedade. Andamos até o carro lado a lado, e isso me deixou desconfortável por não poder entrelaçar nossas mãos.
— Coloca o cinto. — Ele exigiu ao fazer e ligar o carro. — Está se sentindo bem?
Ele me olhou nos olhos.
— Sim, já usei cintos antes.
— Você nunca tem hora pra sarcasmo, hein?
— Eu andei pensando nisso, que tal, toda terça, a amanhã inteira?
— Parece ótimo. — Ele firmou aos mãos no volante e conduziu o carro até a rua.
— Pra onde a gente vai?
— Fazer compras.
— Você precisa de algo?
— Sim. — Ele disse devagar, tirando os olhos da pista e fixando em mim.
— Eu não sou boa com isso, deveria chamar a Katy pra ajudar.
— Ela está viajando.
— Aé, eu sou a segunda opção.
— Ela foi essa madrugada, e caso você não sabe, eu passei a noite com você.
— Fiquei quieta, e percebi que estava na hora de parar com a ironia em um clima tão delicado.
— Nós vamos ao shopping. — Ele quebrou o silêncio.
— Eu não deveria ficar de repouso?
— A enfermeira não disse nada.Ele entrou com o carro no estacionamento e pegou na minha mão me ajudando descer .
***
— Olha aqui. — Ele colocou um óculos em mim. — Ficou legal, vamos levar.
— Caramba, que absurdo. — Disse por impulso ao olhar o preço.
— E nem é o original. — Ele riu. — Eu não vou comprar uma peça original, você pode quebrar ele rápido, sem ao menos perceber.
— Verdade, as pessoas fazem isso, e nem se dão conta do estrago que fez.Respondi ele, entendendo a referência.
— Vamos entrar aqui? — Ele mudou de assunto, mostrando uma loja de roupas.
Pegou um vestido mega ridículo e pediu pra eu experimentar.
— Hum, não.
— Fala sério, esse é um clássico.
— Faz assim, você compra e eu dou palpite.Peguei uma camiseta branca e dei a ele. Busquei uma calça de um jeans diferente, e um sapato que não fazia o seu estilo.
— Ele riu.
— É serio isso?
— Anda logo, veste isso.Enquanto ele foi vestir, fui comprar um suco.
Depois de dez minutos encarando uma fila, voltei ele estava sentado em um sofá da loja com uma mão escorando sua cabeça, desaprovando o look.
— Eu adorei.
Falei sorrindo, e apesar de tudo, admiti pra mim mesma que ela estava bonito.
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Minhas Marés
Dragoste[COMPLETO] Com uma vida fora dos trilhos, Carrie entra em depressão. A falta do carinho dos pais afeta sua rotina, mas quando conhece Lowis e se apaixona mais rápido do que imaginou, enxerga a felicidade perto. Contudo, quando a doença começa causa...