M A I S I N T I M O S

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Me despertei e minha primeira visão foi Pieter. Eu imaginei que estaria rodeada de pessoas completamente preocupadas, mas só ele estava alí.

Pieter segurava minha mão direta e me olhava feliz enquanto meus olhos piscavam para abrir.

— Carrie? você está bem. — Ele deu um suspiro de alívio.
— Estou. — Falei em sussurro.

Minha cabeça estava no seu colo e o corpo em um colchão velho, o que eu pude deduzir devido a um vácuo onde encostava minhas costelas.

— Meredith ligou para o seu pai.
— Droga! — Me levantei em um pulo. — É serio?
— Eu disse para esperarmos você acordar, mas ela quis avisar, se caso... você não acordasse rápido.
— Que merda! ele não vai acreditar que estou pronta pra ir embora.
— Você vai embora? — Pieter se levantou também.

— Não, eu, eu ía mas... eu não sei.
— E você  quer ir? — Ele perguntou e eu notei uma tristeza estampada.
— Na verdade, eu não sei sobre isso também.
— Você é confusa. — Ele sorriu pra mim. Seu sorriso era sincero e diferente.
— Você não?
— Não sou confuso. Tenho certeza que prefiro você com os olhos abertos.
— Ele chegou mais perto.
— Eu sorri. — Isso eu também prefiro.
— Quando eu observo seus olhos lembro do céu.
— Eu uso lente. — Brinquei.
— Não é pela cor. — Quer dizer, também, mas, é pela intensidade.
— Me acha intensa?
— Te acho tanta coisa. — Ele sorriu mais uma vez e eu não aguentei.
— Não deveria ficar sorrindo assim pra uma menina que acabou de voltar a consciência.
— E por quê não?

— Carrie?  você acordou, graças à Deus! posso falar com você? Meredith observou que eu e Pieter estávamos perto. — A sós.
— Claro.

Nós estávamos no meu quarto (felizmente agora eu tinha um quarto só pra mim) e Pieter ao entender o olhar de aviso, decidiu se retirar.

— Eu falei com o seu pai mais cedo.
— Fiquei sabendo.
— Ele ficou preocupado, mas nós vamos entrar em contato e dizer que você já está bem.
— Como sabem que eu estou bem? não me perguntaram nada.
— Aparentemente. E, nós juntos decidimos que você precisa de mais uns dias aqui. Essa crise foi inesperada.
— Inesperada? não passam por coisas assim o tempo todo? afinal, isso aqui é um local pra jovens como eu, problemáticos.
— Olha só garota, eu não preciso ficar aturando seu mau humor. — Meredith me olhava com raiva e por um milênio de segundo, me assustei.
— Tá bom.

Perto da porta, Pieter tentava escutar o que nós estávamos conversando, mas logo se inscostou na parede ao ver ela saindo tão depressa.

— Estava demorando. — Pieter voltou para o quarto e encostou a porta.
— Ela é sempre assim?
— Só quando a tiram do sério.
— Pelo jeito eu consegui.
— É, parabéns. — Ele sorriu e eu percebi que adorava o jeito que seus olhos se tornavam miúdos.

— Pelo jeito não vai se livrar de mim tão cedo, hein?
— Pois é, mais alguns dias.

Ambos estávamos sem assunto. Ele colocou as duas mãos no bolso do moletom e me flertou.

— O que foi? — Eu disse sorrindo.
— Nada. — Ele sorriu de volta.

Eu estava sem noção do tempo, geralmente ficava assim depois de um desmaio. Pedi pra que Pieter buscasse algo pra gente comer, mas ele voltou com as mãos vazias.

— Disseram que o lanche é só daqui uma hora.
— Filhas da puta. — Xinguei, e fiz uma careta.
— Vem cá.
Ele puxou meu braço rindo. — Você está fraca, precisamos achar alguma coisa pra você comer.

Ele ainda com a mão no meu braço me guiava pelos corredores.

— Devagar.
— Calma, estamos chegando. — Fala mais baixo.
— Ei, o que vamos fazer?
— Shiu. — Ele pos o dedo endicador em cima da boca.
— Não! nem pensar! eu não vou fazer isso.
— Não é a minha primeira vez.
— Você é louco.
— Por que estou aqui mesmo? — Ele piscou pra mim, e sorriu.
— Não vou entrar aí.
— Elas não vão pegar a gente, qual é, medrosa.
— Esta me desafiando? — Cruzei os braços.
— Quase isso.
Ele piscou mais uma vez e eu notei que gostava daquilo.
— Tá legal, mas só hoje.
— Só hoje. — Ele confirmou e pegou minha mão.
— Por aqui.

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