F I L M E

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O filme havia começado em média de meia hora, e o silêncio era constante.
Nossos olhos se encontravam em alguns instantes, mas ambos recuavam. E de repente uma frase do filme, causou um diálogo.

"Ser esquecido é inevitável"

— Você acha? — Ele perguntou, tirando os olhos da TV e virando a mim.
— O que?
— É inevitável?

Fiz apenas expressões de dúvidas, e voltamos a assistir.
Assistimos o filme inteiro em um clima nada agradável.

— É melhor eu ir. — Ele iniciou ao olhar pro relógio de parede na sala e perceber que o tempo vôo.
— OK.

Embora eu quisesse que ele ficasse, não consegui dizer nada pra impedir.
Mesmo calado eu queria te-lo alí, do meu lado, a noite inteira se possível, e isso me deixava apavorada.

— Te vejo amanhã. — Lowis disse levantando.
— Certo. — Levantei também.
— Então tá.
Ele falava querendo prosseguir o assunto.
Eu apenas fiquei parada.
Ele me olhou fixamente, seus olhos castanhos claro estavam reluzente na meia luz, o cabelo estava bagunçado, sua boca com um sorriso torto, me fazia querer beija-lo naquele instante.

— Tchau. — Finalizei ao ver ele se afastando após sair pela porta.

Era uma noite fria, as árvores da esquina balançavam de um lado para o outro, algumas folhas voavam tão distante junto a alguns lixos do parque.

— Droga!
Falei pondo as mãos ao cabelo, e levando até o rosto.

Eu sabia que não podia me apaixonar, sabia que era uma má ideia e que eu provavelmente estragaria tudo, mas ele sorriu, e puxa, metade dos meus caos foram embora naquele momento.

Eu não sabia o que estava acontecendo entre a gente, ou que ía acontecer, mas eu estava gostando.
Fui pro quarto coloquei meu pijama, meu fone, e tive uma briga com meus pensamentos.

E se o suicídio não fosse a solução? e se ainda existisse um motivo pra ser feliz? e se ele pudesse me amar e consertar todos os caos dentro de mim, e se...

E se for tudo uma ilusão boba?...

Meus pensamentos sempre me deixavam quase louca, a ponto de por
músicas músicas no volume máximo do fone em uma tentiva fútil de me livrar deles.

Não posso mentir, é óbvio que minha vontade era de passar pela porta ir atrás dele, pedir que passasse a noite comigo. Era o que eu mais queria no momento, só que estava tudo acontecendo tão rápido e era assustador.

Estava quase pegando no sono, quando ouço meu telefone tocar. Saí da cama rapidamente, achando que era ele ligando querendo voltar, e me beijar loucamente igual aqueles filmes clichês. Fiquei muito empolgada com a idéia, e atendi.

— Oi. — Falei com calma.
— Oi filha, preciso que pegue o número do cartão que está na primeira gaveta do armário.
— O quê? pai?
— É que estamos no Mc donald's e, preciso...
— Tá. — Concordei antes que terminasse.

O final da minha noite estava sendo injusta mais uma vez, minha família se divertindo com batatas fritas, o menino que eu estava "afim" não mandara nenhuma mensagem de texto pra agradecer pelo filme ou sei lá. Disso eu tinha certeza pois havia checado meu celular duas vezes. Tá legal, talvez quatro.

Com muito custo consegui dormir, o que foi ótimo, pois tudo que me desligasse da realidade sempre seria a melhor coisa de se acontecer.

Minhas MarésOnde histórias criam vida. Descubra agora