P I E R

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No outono, há três anos atrás, Tom perdeu os avós, contudo, mudou-se para New Port, recebendo como herança por ser o neto único, uma bela casa na região mais rica da Califórnia.

Viver em Orange Country mudou a vida deles, principalmente do Gregg. Segundo ele, tinha mais atenção no colégio e alguns caras pra beber nos finais de semana. Incrível como o dinheiro consegue controlar toda a merda.

— Carrie? — Minha mãe, com uma bolsa no ombro, veio até a sala. — Eu vou comprar umas coisas, quer ir?
— Na próxima.
Me acomodei no sofá e liguei a tv.

— Engraçado, eu não estava esperando ninguém.
Minha mãe foi em direção da porta assim que escutou alarme acionar.

— Oi.
— Olá, posso ajudar?
Minha mãe com com uma mão posta no trinco, tinha expressões atípicas.
— Carrie está?
— Sim, mas...
— Carrie sou eu, o que está acontec...
Levantei do sofá deixando almofadas caírem.

O sangue sob a minha pele sumiu, e  eu não acreditei no que estava vendo.
— Carrie, eu preciso falar com...
— Vai embora. — Interrompido por mim, Lowis colocou a mão no rosto.
— Eu vim...
— Droga Lowis, o que você está fazendo aqui?
— Espere? Vocês se conhcem?
Minha mãe nos olhava, com mais dúvidas.
— Sim, ela é minha namorada, a propósito, sou Lowis Russel.
Ele estendeu a mão, e minha mãe a alcançou.
— Eu não sou a namorada dele. — Resmunguei.
— Entre.  — Minha mãe abriu a porta ao máximo.
— Obrigada. Eu preciso falar com sua filha.
— Não temos nada para conversar. — Passei pela porta e fui andando.
— Carrie, aonde você vai?
— Gritaram.
Não olhei para trás, e continuei caminhando.

Fui até o pier e fiquei olhando para as ondas. O jeito que elas vinham furiosas e na beira mar se desfaziam, me deixava mais calma.

— Eu sinto muito. — Lowis se aproximou e ficou ao meu lado, com os olhos ao horizonte.
— O que está fazendo aqui?
— Eu vim por você.
— Oh, me desculpe. Esqueci que tem um jatinho particular disponível pra quando quiser.

Ele se virou para mim.
— Carrie. Eu sei que deveria ter contado, me arrependo, por favor, me escuta.
— É uma longa viagem até aqui, pra ficar falando sozinho, então, diga.
— Não precisa ser rude.
— Tanto faz.
— Arrogante.
— Obrigada.
— Nossa, você é mesmo irritante quando quer.
— Você não viu nada.
— Não me faça se arrepender de passar a noite em claro por você.
— Adoraria.
— Já chega.
— Acha que manda em mim agora?
— Não. Eu só acho que deve parar de tentar ser má. Porque você é uma menina encatandora, e vive se escondendo. — Você é doce e gentil, o mundo tirou isso, mas eu prometo te ajudar a encontrar seu jeito dócil.
— Uau. Você escreveu esse discurso enquanto tomava uma champanhe durante o vôo?
— Caramba, você é boa em estressar alguém, mas de qualquer forma, não muda o fato de você ficar linda quando está brava.
— Nem vem.
— Posso continuar o discurso?

Dei de ombros e ele respirou fundo.

— A verdade é que, eu não escrevi decurso nenhum, é só o que eu sinto.

Eu virei para ele, e agora mais calma.

— Eu vim até aqui por que eu gosto de você, eu não viria por qualquer outra menina. — Ele olhou para as palmas das mãos, um pouco tenso.

Parte de mim quis sorrir, mas continuei séria.

— E?
— E eu não me importo com meu dinheiro, eu pretendo gasta-lo com batatas fritas pra você, ou te levar ao parque, ou... Eu não sei, você de repente me fez querer amadurecer, eu comecei ver um mundo de uma forma melhor, e isso é importante pra mim.
— Lowis, eu...

Ele falava rápido, e ansioso. Apesar de um clima quente, havia vento, e alguns pássaros sobrevoando de um lado para o outro.

— Não diga nada, só me escuta.
— Ok.
— Eu não pretendo voltar para Nova Iorque sem você. Porque assim que você saiu de lá, e eu observei o taxi se afastando e a chuva caindo, eu percebi que eu estou apaixonado por você, e agora, enquanto você está querendo me matar, eu só quero dizer o quando você é linda tentando esconder o que sente, e o quanto essa roupa te caiu bem.
— Lowis, na...
— Não terminei. — Ele me interrompeu, e apoiou os cotovelos.
— Você é linda, e eu tenho muita sorte de estar observando o mar com você. Dizem que garotas da Califórnia são as mais sexy mas desde eu cheguei, só você que tem o poder de controlar os meus olhos, então, por favor, não diga que vai parar de me ver só por isso, eu pretendo te...

Eu virei de repente, nos meus vintes segundos de coragem insana, e o beijei. Eu o beijei lento e romântico por um longo tempo.

— Droga.  — falei me afastando.
— Obrigado. — ele sorriu contente.
— Lowis, eu ainda estou brava. — cruzei os braços.
— Menina, você é toda complicada.

Eu continuei séria, mas ele de sorriso bobo.
— Não foi proposital.
— Carrie, você me beijou. — Ele me disse vitorioso, e com o sorriso satisfeito.
— Não era a intenção. — Revirei os olhos.

Nós dois ficamos em silêncio por alguns segundos, e por mais que no momento eu morreria a admitir, senti vontade de abraça-lo e não soltar até tudo ficar bem outra vez.

Minhas MarésOnde histórias criam vida. Descubra agora