Eu desde muito nova fui apaixonada pelo mar. Eu contava nos dedos os dias para o verão e geralmente comprava biquínis floridos.
Eu adorava contar conchas, e depois de brincar com elas por tempos longos, as guardavam e ía com um sorriso de orelha à orelha, colocar em um pode mais quantias para minha coleção. Meu plano era simples, ajuntar o máximo possível até conseguir fazer colares para minha mãe.
Eu tinha uma essência linda, e é uma pena usar essa frase no passado.
— Você começa. — Lowis pegou um pouco de areia nas mãos.
— Certo. — Olhei para longe e tomei coragem para prosseguir.
— Ei, eu estou aqui. — Ele apertou a minha mão e eu pude sentir rolinhos de areias na pele.
— Há um tempo atrás eu fui diagnosticada com...
— Continuo aqui. — Ele sorriu pra mim.
— Eu sei, obrigada. — Sorri de volta. — Com depressão. — Soltei a palavra, e meu coração saltitou.Lowis franziu o cenho e com toda certeza não tinha o que falar.
— É o motivo dos meus desmaios. — Arrumei meu cabelo impedindo de ir até minha boca.
— Pensei que fosse felicidade por ter me conhecido. — Ele riu e ficou sério ao mesmo tempo.
— Tavez seja. — Continuei olhando para a água.
— Duvido muito.
— Eu não consigo controlas minhas emoções, nunca.
— Ninguém pode. Mas você é capaz de escolher não se auto sabotar com isso, com coisas no seu cérebro.
— Não é tão simples assim.
— Imagino que não, mas agora você me tem, eu vou ajudar você.
— Acho que preciso enfrentar isso sozinha.As ondas iam em vinham frenquentemente, e o vento parecia não querer mudar à direção.
— Eu posso ajudar em alguma coisa?
— Ele passou o polegar na minha bochecha.
— Não se preocupe, estou aparentemente bem. Eu só me sinto sozinha na maioria das vezes, e o vazio me consome, me sinto frágil, e isso me assusta tanto.
— Você não está mais sozinha.
— Desculpa pelo transtorno nesses últimos dias, eu não consegui ficar calma quando achei que iria perder você.Ele me lançou um olhar loquaz, e me beijou a testa.
— Você me fez andar na chuva, e depois voar a noite inteira para o outro lado do país, então por favor, não me pergunte se eu tenho medo de te perder.
— Lowis?
— Oi?
— Obrigada.
— Pelo que?Eu achei que você fosse salvar meu dia naquele campo de lacrosse, mas já está salvando toda a minha vida.
— Ei, o que está pensando? — Ele interrompeu meu devaneio.
— Em você.
— Mas eu estou aqui.
— Eu gosto de pensar em você, quando estou com você.
— Você é muito boa em me deixar confuso.
— Ele se levantou. — Vem, vamos caminhar.Com as mãos entrelaçadas, nós começamos a andar perto da água.
— Eu me cortava. — Diminuindo meus passos passei a mão no rosto.
— Eu sei.
— Sabe?
— No hospital. Eu vi eles. Seus pulsos.
— Ele respirava antes das palavras que saíam da sua boca.
— E não me disse nada. Por que?
— Eu esperava todo dia que contasse sobre você.
— É difícil.
— Sempre é.
— Por que as coisas têm que ser assim, embaraçosas?
— Alguns embaraços são necessários.
— Você tem um lado poético. — Admiti e ele discordou com a cabeça.
— Sua presença me deixa assim.Eu parei, e fiquei a sua frente.
— Então vai Lowis, faça um poema pra mim agora.
— O que, agora?
— É, quero ver se a minha presença é mesmo boa.
— Não é assim, eu preciso me concentrar.
— Tá bom, eu espero o tempo adequado.
— Voltei para minha posição ao lado dele e fomos mais adiante.— Eu sinto muito. — Ele indicou meus pulsos.
— Não doem mais. — Dei de ombros.
— Eu sinto muito pelo que te causou fazer isso.
— Ah, eu também sinto. — Falei de vagar e lembranças me tomaram.— Bem, acho que é minha vez. — Lowis, parou, suspirou, e tentou buscar forças.
— Está tudo bem. — Passei minha mão no seu braço.
— É a minha mãe.
— Sua mãe? — Um nó me veio à gargantua e eu me lembrei de como ele reagia quando o assunto era ela.
— Sim. Ela tem tido dias ruins.
— Lowis secou com uma mão, a lágrima que escorreu automaticamente.
— Vai ficar tudo bem.
— Não vai. — Ele parou e sentou no chão novamente.
— Não pense assim.
— Ela está com pneumonia dupla. — Ele disse por fim.Eu fiquei triste, e calada.
— Eu sinto muito.
— Eu sinto tanto. — Ele começou a chorar mais forte.
Me abaixei e abracei-o.
— Quanto tempo ela tem? — Perguntei baixo.
— Três meses, no máximo. — Ele disse arrasado.Meu corpo ficou imóvel, e eu não sabia o que fazer para que ele ficasse bem.
— Você é forte. — Falei em sussuros.
Eu queria poder fazer alguma coisa. Ele ajuntou os meus caquinhos um por um, e agora, em choque eu apenas observava a sua decadência.
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Minhas Marés
Romance[COMPLETO] Com uma vida fora dos trilhos, Carrie entra em depressão. A falta do carinho dos pais afeta sua rotina, mas quando conhece Lowis e se apaixona mais rápido do que imaginou, enxerga a felicidade perto. Contudo, quando a doença começa causa...