E M P A Z

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— Tem razão, eu fui clara, em tudo. Mas eu não me sinto bem com isso, alguma chance de que seja a vida me mostrando que não fiz o certo?
— Eu não sei Carrie, mas você está me machucando. — ele falou com frieza.
— Foi o que eu pensei. Talvez devêssemos parar de nos machucar.
— É o que eu quero, só não sei como, porque toda vez que eu tento dizer que eu sinto muito você age como se eu não sentisse, e eu não sei se consigo lidar com isso por muito tempo.
— Amar significa não desistir. — indaguei.
— Amar também significa não sofrer, e olha só pra nós, olha o que fizemos.
— Sabe... — peguei uma almofada e coloquei no meu colo. — quando eu te tratava mal na escola porque tentava se aproximar de mim, era isso que eu temia, eu sempre tive medo do que o amor pode causar.
— Eu teria ido mais de vagar se soubesse.
— Está dizendo que se arrepende?
— Não! — ele respondeu rápido. — Eu faria de novo, eu subiria aquela arquibancadas no campo de lacrosse, eu entregaria a pizza e veria o filme, quantas vezes fosse preciso, mas, o principal, eu teria confrontado o seu pai e ido te ver naquelas semanas, eu juro, eu queria poder mudar isso.

Fitei o chão.
— Vou fazer um café.
— Ok.

Fui até a cozinha e ele me acompanhou, se escorando na porta e me observando andar de um lado para o outro. Eu estava ansiosa, não lembrava nem quantas colheres de açúcar eu deveria pôr.

— Porque me chamou até aqui? de verdade, sem desculpas, porquê, porque quer complicar mais isso? — ele me olhou exigindo sinceridade.
— Eu não sei ta legal? não sei.
— Não sabe ou tem medo de dizer?
— Acho que os dois.
— Hum. — ele ficou em silêncio por um bom tempo.

Servi o café em duas xícaras e chamei ele para a laje, onde tinha vista pra toda cidade, meu novo lugar preferido, já que agora eu não tinha mais minha janela.

— Willy me disse umas coisas. — Falei enquanto bebíamos.
— Tipo?
— Sobre o amor.
— E você concorda com ele?
— Sim, a maior parte do que ele disse faz sentido.
— E o que ele disse?
— Que a vida é muito curta pra sabe, fingirmos não sentir.
— Porque você acha que eu disse aquilo no telefone? porque a vida é como uma estrela cadente, de repente a gente pisca e já era.
— É. Acho que foi por isso que eu te chamei aqui.
— Pra me dizer que a vida é curta? — ele sorriu e logo ficou sério.
— Não. Pra parar de fingir que não sinto.
Pude sentir ele me fitando.
— O que você sente?
Eu dei um longo suspiro, eu não sabia se estava pronta pra dizer.
— Eu... Eu...

Meu celular que estava no meu colo, tocou.

— É o meu pai, preciso atender. — Falei e me retirei.

— Oi — atendi.
— Filha, você está bem?
— É um pouco tarde pra uma ligação casual hein?
— Eu sei, eu tive um pesadelo com você, não consegui dormir, eu jamais me perdoaria se algo acontecesse com você...
— Pai, amanhã eu te ligo ok, estou meio ocupada, beijos, estou ótima.

Quando voltei para a laje ele estava em pé, com os braços escorados na grade. O vento estava um pouco mais forte, e meus sentimentos completamente inexplicáveis.

— Ele nunca me liga. — aproximei.
— O que ele queria?
— Nada, só teve um pesadelo sobre mim, e não conseguiu mais dormir, será que é tão ruim assim sonhar comigo? — ri um pouco.
— Acredite, não.
— Lowis, eu amo você. — falei rápido.
— Você o que? — ele me flertou, perplexo.
— Eu amo você e provavelmente sempre vou amar. E eu não sei o que fazer quanto a isso, ás vezes fico tão assustada, porque eu não tenho ninguém, estou desesperadamente só, mas a única coisa que me faz falta é o seu abraço eu não sei o que fazer porquê se...

Ele me beijou.

Sentir seus lábios depois de tanto tempo foi como ver um por do sol pela primeira vez.

Eu senti sua leve mão no meu rosto, e o sabor da sua boca tão perto, era como descreviam o paraíso.

O vento balançava meus cabelos, e eu de olhos fechados senti outra vez, que, de todos os lugares do mundo, só perto dele era onde eu me sentia em paz.

Devagar se afastamos, e ambos sem saber o que dizer.
Olhei nos olhos dele, pra ter certeza de que era ele ali, comigo, e por fim disse;
— Foi pra isso que te chamei aqui.
Ele sorriu.
— Eu esperava mais um murro. — ele beijou minha testa. — Eu também amo você Carrie, de um exagero que você nem consegue imaginar, mas...
— Mas o que? — Me afastei.
— Mas eu não sei se consigo me perdoar. Às vezes acho que você merece mais do que eu possa oferecer.
— Eu não quero mais, nem menos, eu não quero medidas, nem meio termos, eu quero você... nós.

Ele me beijou de novo.
— Eu poderia passar a noite te beijando e não seria o suficiente.
— Então fica. — pedi.
— Eu fico, a vida inteira, se quiser.
— Eu quero.

Ele continuou me beijando e me levou até o quarto, passamos a noite juntos.

Minhas MarésOnde histórias criam vida. Descubra agora