V I S I T A S

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Por mais que eu tentasse evitar, meus pensamentos sempre voltariam a uma única pessoa; Lowis Russel. O menino rico que morava no Empire State e tinha a total facilidade de acabar com o meu dia, que foi a opção dele naquela tarde ensolarada.

— Eu preciso falar com você.
— Bom dia Carrie, aposto que esteja adorando.
— Meredith colocava um chá verde em uma xícara de pequena estatura.
— Sim, não pretendo ir embora. — Falei com irônia, e careta depois de sentir o aroma da erva.
— O que foi querida? precisa de toalhas novas?
— Na verdade, é um grande problema.
— Sabonetes também?
— Tem uma garota machucada no meu quarto, a gente deveria, sei la, fazer alguma coisa, você tem o número de algum hospital?

Meredith riu e depois ficou em silêncio.
— O que foi?
A acompanhei enquanto andava na mesma velocidade de quando a conheci e desta vez indo para um cômodo que eu não tinha notado antes.
— Ela só estava se divertindo.
— Foi o que a Avril disse.
— Avril?
— É, a outra menina que divide o quarto comigo... — Espera? qual o problema de vocês?

Parei imediatamente de segui-la e fiquei congelada sem saber mais o que dizer, ou fazer, eu só quis esmurrar uma parede, o que eu fiz dois segundos depois.

— A mão direita é melhor.

O menino que eu conheci no jardim se aproximou com uma jaqueta e capuz. E meu primeiro pensamento foi como eu consegui gravar completamente os traços do seu rosto.

— Então agora quer falar comigo?
— Se for pra ajudar te machucar, acho que sim. — Sou Pieter.
— Me poupe, eu estou em um péssimo dia.
— Olhe só pra esse lugar. Acha que alguém está em um ótimo dia?
— Você. Não vejo sangue nas suas mãos.
— Eu machuquei meu pescoço agora.

Eu dei um suspiro rápido e tentei enxergar seu pescoço, o que foi impossível devido o capuz tão alto e fechado que em meia luz, parecia estar sendo enforcado.

— Machucou pouco, ainda está respirando. — Falei por impulso.
— Caramba, ela sabe ser rude, isso é um máximo. Sabe, combina mais com você esse jeito.
— Eu gosto mais de você em silêncio. — Falei mais uma vez sem pensar e me virei.

Era uma manhã de muito sol, o que me fazia sentir estranha por todo o costume que eu tinha com os dias frios. Eu me sentia vazia, eu tentava sentir algo e parecia que meus sentimentos sumiram por um momento e, então resolvi ficar em silêncio.

Andei novamente até o campus até encontrei uma árvore, me deitei debaixo dela, aproveitando um pequeno pedaço de sombra.

Fiquei por alguns minutos de olhos fechados e o mundo pareceu estar diferente, eu tentei imaginar uma vida melhor com várias tentativas de que eu estaria abraçada com o Lowis e tomando um Leroy Domaine e observando nossos filhos brincando em algum parque na França.

— Descanse em paz.

Ouvi uma voz ao meu lado e abri os olhos em um reflexo rápido.

— Estaria em paz, se não tivesse aqui.
— Estou adorando isso. Ele deitou do meu lado.
— O que?
— Essas respostas assim, duras. Uau, você está indo bem.
— Vai se ferrar.

Pieter estava novamente conversando comigo, o que era totalmente estranho, só não mais do que eu ter lembrado o nome dele, mas naquele lugar, o que não era, não é mesmo?

— Me fala sobre ele.
Pieter olhou pra mim, e eu percebi que seu olhar era vazio.
— Lowis?
— É, ou, sei lá como gosta que chamem ele.
— Como sabe dele?
— Uma menina sem vida amorosa, já teria me beijado.
— Rá rá. — Olhei para o outro lado, entediada.
— Me diz.
— Ah, ele é incrível.
— Incrível? só isso?
— E porque está interessado? não foi você que evitou me dizer até o seu nome na noite passada?
— Eu gosto de assustar os novatos.
— Você não me assustou.
— Bu.
Ele disse alto e rápido que me fez dar um pulo.

— Tem certeza?
— Você é um idiota.
— Não quer saber como eu vim parar aqui?
— Não.
— Tá bom, eu conto mesmo assim.

— Carrie? — Uma voz que nos interrompeu brandiu sobre o campus me fazendo sentar imediatamente.

Meredith veio ao meu encontro.

Me levantei e Pieter fez o mesmo. Arrumei meu cabelo e dei alguns passos à frente.

— Têm visita pra você. Você tem meia hora, divirta-se. — Ela disse sem tonalidade.

Meu coração batia em uma velocidade que eu nunca pensei ser capaz de atingir e eu só lembrava daquele sorriso encantor que eu estava prester a ver e comecei a correr.

Passei pelos corredores de pressa e abri em um empurro brusco porta da sala de visistas. Fiquei parada assim que entrei, e se eu pudesse gritar o quando eu odiei a vida naquele momento, até os marcianos escutariam.

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