C L A I R

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Acordei, tomei café, e quando estava subindo de volta pro quarto, ouço o alarme da porta. Fui em direção da mesma, e abri.

— Senhorita Carrie?
Um cara vestido de carteiro, provavelmente um carteiro, estava tão óbvio, me chamou com um papel em mãos.
— Sim?
— Isso é pra você. — Disse me entregando o invelope e saindo.
— Espera, quem... — Minha voz não foi alta o suficiente e ele já havia passado pelo portão.

Fiquei muito curiosa, parecia uma carta, ou algo do tipo. Quando abri fiquei totalmente incrédula.

"Olá, gostaria de convidar você para minha maravilhosa festa, na sexta à noite. Beijos. Michelle"

Bem desnecessário a parte em que ela dizia "maravilhosa festa" sem ao menos acontecer para já ter elogios, só que o que realmente me deixou curiosa foi ficar imaginando quem seria essa tal "Michelle".
Provavelmente a menina que falou comigo no colégio teria armado isso, mas tanto faz eu não iria. — Pensei.

Clarck, Carme, Clara. — Em pensamentos tentava lembrar o nome da garota.

Joguei o envelope no lixo e fui me arrumar pra aula.

— Tô indo pro serviço, quer carona? — Meu pai ofereceu, ao me ver indo em direção a porta com a mochila nas costas.
— Pode ser. — Concordei e fui até o carro.

Nossas conversas eram poucas, por mais que eu o amasse, nossos diálogos eram curtos e intediantes. E sim, por culpa minha.

— Pulseira bonita. — Ele elogiou tirando os olhos da estrada e fixando no meu pulso.
— Valeu.
— Sua mãe te mandou cartas?
— Que? — Perguntei sem entender.
— O carteiro hoje, o que era?
— ah nada, um convite.
— Algo importante?
— Não. Aniversário de uma vadia da escola.
Ele me olhou assustado, talvez pelo meu jeito que me referi a "Michelle", e estacionou o carro em frente ao colégio.
— Você vai?
— Por que eu iria? — Respondi rígida e sai do carro.

Passei pelos corredores com o mesmo sentimento de raiva e desânimo.

— Eeeei. — Uma voz alta veio em minha direção.

E como eu pudesse imaginar, era a Cla não sei o quê.

— Recebeu o convite? — Perguntou sorrindo espontâneamente.
— Convite? —  Agi com desentendimento.
— Não acredito que você não recebeu. Mas eu pedi pra...
— Não vai rolar. — Falei a interrompendo.
— Você deveria ir, te vi trocando olhares com o Lowis, ele comentou que vai.
— Quem? — Continuei o desentendimento.
— Lowis. O bonitão da nossa turma.
— Não sei. — Menti.
— Cara, todo mundo gosta de se divertir às sextas. — Disse ela com gestos empolgantes nos braços.
— Eu não.

Eu adorava toda a atenção que ela tinha comigo, com o jeito amigável de ser, mas eu queria poupa-la de mim. Queria que ela entendesse que eu não era a pessoa certa pra ser sua amiga.

— As sextas vou ao cinema. — Inventei.
— Você? Cinema? — Ela disse soando estranho.
— O que?
—Você tem cara de que odeia cinema. Qual é, para de desculpas.
— Não quero ir nessa festa mas que merda.
— Eu percebi o quão arrogante fui ao ver ela sem expressão alguma. — Vou ver. — Continuei para deixar o clima menos tenso.
— Tá legal, eu te ligo. — Ela saiu em passos rápidos.

Entrei pra sala e aguentei cada segundo miserável. Foi um saco. Principalmente quando descobri que era física e que ele não fazia essa aula comigo, e desejei como nunca o sinal para o intervalo. Graças à Deus depois de alguns minutos o sinal tocou. Eu fui pra cantina sozinha, como de costume. Era admirável o quão rápido passava o tempo quando não estava copiando, mas eu adorava isso, sinal que mais rápido estaria longe daquele inferno.
A segunda aula foi menos tediosa devido a minha troca de olhares com Lowis. Ele teve as duas últimas aulas comigo, e sentou um metro à minha frente e eu tentei imaginar seu perfume. Nesse dia ele usava uma calça jeans azul e jaqueta marrom, e estava incrivelmente gato.

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