E M O Ç Õ E S

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É óbvio que eu fiquei pálida do outro lado da linha.
— É... eu...
— Desculpa, eu não deveria ter dito isso.
— ele parecia ansioso. — Mas é o que eu sinto. — ele completou, para minha supresa.
— Lowis, não faz isso.
— Porque não, Carrie? — ele disse meu nome devagar.
— Eu tenho que desligar. — só consegui dizer.
— Espera, mas...

Eu desliguei.

Fiquei alguns segundos olhando para o telefone em minha mão, processando.

Eu sei que você deve estar se perguntando porque eu não consegui dizer nada e agi tão previsível, mas esse é problema, aquelas palavras me deixaram sem defesa e eu não gosto de me sentir assim, não gosto de escutar isso e ter que aceitar o poder delas sobre mim. E então, concluí que eu teria que apaga-lo da minha vida, ele teria que virar passado, e só. Eu não queria mais ser uma garotinha sensível, eu iria ficar bem e isso sozinha.

Fui até o banheiro e lavei meu rosto, tentando me entender, precisando de uma luz que me guiasse a um ponto certo.

Rolei de um lado para o outro e não conseguia dormir. E então, para minha surpresa, decidi algo totalmente inaceitável. E se você está pensando se eu ferrei com tudo, a resposta é sim.

Tomei um banho, e desci até as frias ruas em uma madrugada idiota. Haviam táxis, obviamente por ser NY. É meio que uma tradição ver táxi por todos os cantos. E então, eu chamei um.

— Empire, por favor.

Isso mesmo que você leu, eu peguei um táxi as 4h00 da manhã para vê-lo.

Desci do carro, respirei fundo e entrei no prédio.

— Boa noite.
— Boa noite, posso ajudar?
O segurança me olhava como se eu estivesse completamente louca andando a essa hora por aí.
— Acho que sim.
— Está perdida?
— Que? não! claro que não.
— Eu vim, ver o Lowis.
— Hum, Lowis Russel?
— Sim.
— Desculpe senhorita, ele provavelmente está dormindo, não posso simplesmente acorda-lo e dizer que tem uma garota querendo vê-lo.
— Mas eu...

— Carrie?
— Graças a Deus. — Sussurei.

Lincoln estava vindo até nós.
— Tudo bem Marcus. Ela é a namorada do Lowis.
— Eu não...
— Me acompanhe.

Peguei o elevador e fui até o andar do seu apartamento. Centenas de calafrios corriam sobre meu corpo, e eu ainda refletia se era a coisa certa a fazer.

Com as mãos tremulas eu apertei a campainha. Tive que tocar três vezes até ele abrir a porta.

— Carrie?????! — foi a primeira vez que vi ele tão surpreso.
— Oi.
— Carrie? — ele perguntou de novo, perplexo.

Ele estava com olhos inchados, mas não parecia de dormir, era como se ele estivesse... chorando.
— Carrie! — afirmei.
— Meu Deus, oi.
— Desculpa acordar você.
— Não, eu não... não estava dormindo.
— Certo.
— Aconteceu alguma coisa? — ele passou a mão nos olhos.
— Não. Tecnicamente não. Eu só não consegui dormir depois de, ah, você sabe.
— Depois de?
— Depois de...

Para mais tensão sobre mim, ele disse;
— Depois de eu dizer que amo você.
— É. — concordei baixíssimo.
— Eu amo.
— Eu sei, por isso estou aqui.

Ele ficou em silêncio e eu continuei:
— Eu gosto de você.
Ele ficou assustado, e começou abrir um sorriso, mas logo eu disse coisas a mais, coisas que ele provavelmente odiou cada segundo escutando.
— Mas não te amo mais.
— O que? — ele fixou os olhos em mim.
— Eu não amo mais você, e não quero que você diga o que sente por mim, porque não faz diferença nenhuma.
— Carrie, não. Não faça isso.
— Eu não consigo. Não consigo deixar pra trás tudo que aconteceu e viver uma história de cinema com você, não consigo.
— Por favor, pare. — Ele deixou uma lágrima escorrer.
— Você me magoou Lowis.
— Eu não tive escolha.
— Todo mundo tem uma escolha.
— Eu não tive.
— Sim, você teve, e escolheu isso, que pena. — virei as costas pra sair, mas ele me chamou.
— Espera.
Virei devagar.
— Você também me magoou.
— Eu costumo fazer isso com as pessoas.
— eu respondi com desdém.
— Mas eu não consigo aceitar. Eu não queria que você arrumasse outro, não queria que me substituísse tão rápido. Mas você conheceu outro menino e fala com ele todos os dias sobre tudo e chora de saudades, você faz ele parecer tudo na sua vida.
— Caramba Lowis, ele está morto. Ele era tudo, tudo que eu tinha, porque de repente, eu já não tinha mais ninguém, nem família, nem amigos, nem visitas, mas ele estava lá, então por favor não ache que eu não vá considera-lo como um amorzinho de verão porque eu o amava, e ele foi tão importante, eu gostei tanto dele, mas então um certo dia eu percebi que os dias iam passando e eu jamais iria ama-lo como eu te amei, porque eu entreguei minha alma a você, agora me sinto do avesso. Já parou pra pensar que se você tivesse ido me ver tudo seria diferente agora? nós teríamos...
— Todos os dias. — Ele estava chorando mais forte agora.
— Eu não sinto mais isso por você. —menti. — e não sei se consigo sentir de novo.
— Tudo bem, acho que eu mereço seu desamor.
— Foi horrível. — eu passei as mãos no cabelo. — hora após hora, horrível.
— O que?
— Ter que aceitar o que minha vida estava se tornando. De repente, eu estava internada, depois, eu estava sem você, e dias depois sem o Pieter, e os dias foram passando e eu não tinha mais nada, e então eu te vi, e você sorria, como se sua vida estivesse perfeita, mas a garota que estava dançando com você, usando um lindo vestido de grife e jóias, essa garota não era eu, e o sorriso que você dava, eu pensei que só eu fosse capaz tirar, mas lá estava você, diabolicamente lindo, de terno, e um penteado deslumbrante, mas com outra companhia , e então, eu sorri, por saber que eu tinha um coração, porque naquele momento, ele estava doendo muito.
— duas lagrimas escorreram dos meus olhos, e ele me olhou chorando também.
— Eu só consigo dizer que sinto muito, é suficiente?
— Sim. Eu estou me recompondo longe de você agora, então sentir muito parece bom.
— Carrie, olha pra mim? — ele segurou meu rosto com as duas mãos. — Eu te amo tanto que, é como se tudo que você falasse tivesse o poder de controlar minhas emoções, é surreal, e seu beijo é o mais perto que eu consegui chegar do céu, por favor, não diz tudo isso e vá embora. Eu estou destruído com tudo isso que me disse.
— Que bom, agora sabe como eu me sinto. — devagar tirei as mãos dele do meu rosto.

Olhei alguns segundos para ele, que parecia tentar entender se eu realmente havia feito tudo isso. Segurando o choro me virei, e saí.

— Carrie, volta aqui. — Carrie você não pode vir aqui me dizer isso e ir embora. — sua voz foi ficando mais alta.
— Carrie???

Eu continuava andando, enquanto meu coração se partia em pedaços miúdos pela milésima vez.

Minhas MarésOnde histórias criam vida. Descubra agora