Minhas Marés

C O R P O S

Em umas das primeiras vezes que eu e o Lowis saímos, observamos as estrelas, e ficamos totalmente encantados com o complexo céu estrelado. Ele apontava com o dedo indicador algumas que formavam desenhos, e eu sorria pela imaginação e por estar alí. Nós estávamos deitados no chão do parque, em cima de um pequeno pano e só decidimos ir embora porque a noite caia e o frio aumentava.

— Mas você me beijou. — Lowis tocou meu ombro e deu uma piscadela.
— Impulso.
— É mesmo? Você não controla seus impulsos? — Ele veio chegando mais perto.
— Para. — Dei um passo para trás.
— Deveria controla-los.
Ele avançou e pegou no meu cabelo, me trazendo para perto dele, colando um corpo no outro.
— Eu ainda estou chatiada. — Surrurei no ouvido dele e saí.
— Como você pode ser assim?
Ele veio atrás de mim, e sua voz estava firme.
Eu sorri baixo ao perceber que estava o deixando desconfortável.
O sol havia se posto, e a noite surgia.

Chegamos em casa, e ele sentou no sofá.
Achei estranho o silêncio e fui em direção a cozinha chamando minha mãe, mas apenas minha voz permaneceu.

— Talvez ela desistiu de você. — Lowis se levantou e foi até a cozinha também.
— Cala boca. — Abri a geladeira e tomei água.
— Você não tem noção do quanto é chata. — Ele tirou o copo da minha mão e me encarou.
— Eu não ligo.
— Chata.
— Tá.
— Menina, não faz isso.
— Eu não sou uma boa moça.
— Boas moças dão tédio.
— De qualquer maneira, não estou afim de impressionar ninguém.
— É mesmo?
— Nem você.
— Falhou, porque quando me olha assim eu fico impressionado.
— Problema seu.

— Ele chegou mais perto. — Você me faz perder a paciência.
— Ótimo.
— Carrie, é sério.
— Eu sei. — Sorri e mordi o lábio inferior.
— Bom.
Ele agora olhava para minha boca.
— Eu não vou correr atrás de você.
— Não corra.
— Não vou.
— Certo.
— Certo.
Ele deu um passo à frente e ficamos quase grudados.

Minha respiração aumentou, e eu não pude evitar de sentir que o seu cheiro estava maravilhosamente ótimo.
— Eu não vou desculpar você. — Falei
— Ótimo. — Ele mexeu a boca e eu consegui ler os movimentos devido à aproximadade.

Nos olhamos por dois segundos, e rapidamente ele me pegou no colo, apoiando em seu corpo e me encostou na geladeira.
Ele me beijou intenso e com vontade, eu continuei com mais desejo. Ele me colocou em cima da mesa, empurrando com uma mão alguns objetos que estavam sobre ela. Começou beijar o meu pescoço, e agora uma de suas mãos passava pelas minhas coxas.
— Aonde é seu quarto? — Ele me pegou no colo.
— Por aqui. — Indiquei e passei meu braço em volta do seu pescoço.

Nós entramos no quarto e ele trancou a porta.
Lowis me pos na cama, e tirou a camisa vindo em minha direção.
Eu olhava maravilhada as curvas do seu corpo e desejando que ele chegasse até mim imediatamente.
Por cima de mim ele tirava as minhas roupas e eu o beijava com prazer.
E naquela noite, nós fizemos amor.

— Uau. — Ele me abraçou.
— O quê?
— Você está sempre me surpreendendo.
— Talvez eu seja boa nisso. — Sorri de canto.
— Tira o talvez.
— Isso não muda o fato de eu estar brava com você.
— O que? ainda está brava? — Ele me olhou cansado e assustado.
— Brincadeira. — Me levantei.
— Que susto, pensei que teria que partir para o plano b.
— Você tem planos para me acalmar?
— Você me fez criar um alfabeto inteiro de planos.
— E qual seria o b?
— Te jogar nessa cama e não deixar sair enquanto não estiver calma.
— Ainda estou estressada. — Mordi a boca.
— Ele se levantou em um pulo e me abraçou por trás.
— Ok, eu te perdôo.
— Tão rápido assim?
— Estou com medo do plano b, preciso andar até o aeroporto amanhã.
— Você é idiota.
Nós rimos, e ele ajeitou meu cabelo.

— Sem mais segredo? — Pedi
— Sem mais segredos.
— Melhor assim.
— E você tem algo à me dizer?

Eu perdi o foco, e desviei meu olhar.
— Como assim?
— Antes de fechar nosso ciclo de sinceridade, acho melhor nós dizermos tudo o que escondemos do outro, tem algo à me dizer?
— Eu...
— Eu tenho outra coisa, mas começa você. — Ele me interrompeu e nós sentamos na cama.
— Eu preciso dormir, a gente fala disso amanhã? — Pedi no intuito de adiar a conversa que eu temia.
— Tá legal. — Ele se jogou na cama.
— Ei, o que pensa que está fazendo?
— Deitado.
— Eu sei, mas aqui é minha cama.
— E?
— E isso significa que vai ter que dormir no sofá.
— Droga. Você disse que tinha me perdoado.
— Sim, mas não disse que dormiria contigo.
— Pois então vai dormir no sofá. — Ele se virou para o outro lado e fechou os olhos.

Eu o observei por um tempo, e vi sua tatuagem que teria de ser uma surpresa, mas ainda assim sorri pois ele estava sem camisa e era uma das miragens mais linda da noite.