B R I L H O

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Ele me olhou intensamente enquanto analisava cada curva do meu corpo, e suspirou aliviado:
— Pensei que não viria.

Eu havia saído do banho quase oito e meia, a hidromassagem me deixou tão à vontade, eu passaria a noite ali com certeza, mas eu tinha um encontro, e isso fez com que eu levantasse imediatamente para ir me arrumar.

Quando eu terminei minha leve maquiagem, pus o vestido. Não consegui ficar menos de dez minutos na frente do espelho, eu estava linda, minha autoestima estava altíssima, e então eu sorri. Seja lá qual for o plano dele, eu me sinto bem comigo mesma, consigo superar, pensei.

Calcei um sapato vermelho, e peguei uma pequena bolsa da mesma cor, combinando com minhas bochechas um pouco queimadas do sol matinal daquele dia, e então, enquanto eu olhava no relógio pela última vez antes de sair pela porta, notei que já eram nove e meia.

— Droga!

Analisei meu celular e vi que estava repleto de mensagens dele, e em uma delas a localização.
Exagerei um pouco no perfume e então, depois de um longo inspiro, fui até ele.

O lugar era tão chique que meus pés pareciam travar enquanto eu caminhava até a nossa mesa. Outras pessoas comiam e conversavam o mais baixo possível enquanto tomavam vinhos que pagariam  o aluguel do meu apartamento por anos, e então, quando eu o vi, meu coração pulou incontrolavelmente, era uma mistura de emoção com ansiedade, e com certeza meus olhos brilharam, mas não tanto quanto os dele, pois qualquer um que estava ali poderia perceber o quão bobo ele ficou ao me ver.

— Você está deslumbrante. — ele continuou, enquanto levantava do seu lugar e puxava uma cadeira para mim a sua frente.
— Obrigada. — me sentei, um pouco nervosa com toda situação.
— Espero que não se importe, eu já pedi a bebida, você... demorou.
— eu ri, porque ele parecia aliviado de um jeito muito engraçado.
— Eu só me atrasei, a hidro estava maravilhosa.
— Por um momento eu pensei que você fosse me deixar plantado aqui.
— Tentador, eu admito. — deixei meu olhar fixar nos dele, e abri um sorriso.
— Você está linda.
— Você já disse isso. — eu sorri boba.
— Sim, mas não consigo parar de te admirar.
— Você também não está nada mal. — fiz um elogio causal, quando na verdade eu estava completamente apaixonada por ele naquele segundo.
— Obrigado, precisa de ver sem o smoking.
— eu ri, enquanto minha tentava desviar minha mente dessa imaginação. — como está o seu pai? — mudei de assunto.
— Bem, eu espero. Ultimamente ele tem viajado muito, quase não temos tempo pra algum programa pai e filho, mas acho que isso combinava mais quando eu tinha 7 anos.
— E você não gosta de viajar com ele?
— Na verdade não.
— Reuniões e mais reuniões, isso me deixa irritado.
— Então você não pretende seguir o mesmo ramo que ele?
— Ter uma empresa? acho que sim, mas não entregar toda minha vida nisso, quero aproveitar, sabe? passar mais tempo fazendo o que eu gosto, perto de quem eu gosto. — nesse momento ele colocou a mão sobre a minha.
— Você está certo. A vida passa muito rápido, é uma bobagem não aproveitar.
— E você, tem aproveitado? — ele disfarçadamente, tirou a mão de cima da minha e levou até a gravada.
— Se isso inclui cantar no chuveiro e dançar na frente do espelho, sim.
— ele sorriu. — Sim, inclui! felicidade é o que a gente faz de melhor pra nós mesmo.
— Willy diz a mesma coisa.
— Willy? — ele pareceu desconfortável.
— Meu patrão.
— Aah, ele parece gentil.
— E é, você precisa conhecer ele.
— Quando voltarmos, que tal? podemos levar ele pra um passeio, aposto que ele vai adorar saber sobre como nos conhecemos.
— Ele já sabe.
— Você contou pra ele?
— Sim.
— ele sorriu surpreso. — e por que?
— Porque eu gosto dessa história.
— Eu também.

Minutos depois o garçom chegou com um vinho, despejando em nossas taças e entregando o cardápio, mas foi interrompido por Lowis dizendo que só iriamos beber por enquanto.

O vinho era ótimo, tanto que eu já estava mais alegre depois de duas taças.

— Caramba, preciso saber de onde vieram as uvas. — dei o último gole.
— Itália. Os vinhedos de lá são sem explicação. Acho que você deve pegar leve com isso. — ele apontou para a garrafa que já estava na minha mão outra vez.
— Ok. — dei uma piscadela.
— Você vai voltar morar com seu pai? ou ir para casa da sua mãe?
— O que? de jeito nenhum!
— Acho que eles sentem sua falta.
— Aposto que não.
— Carrie, independente de qualquer coisa, ele eles são os seus pais.
— Eu sei, mas...
— Não tem mas, por favor, tente falar com ele, mesmo que não volte, só não perca o contato.
— E porque está me pedindo isso?
— Porque eles ainda estão vivos, é um um enorme motivo.
— Ok. — fiz um silêncio refletindo no quanto ainda poderia estar doendo a perca da mãe.
— Você está bem mesmo? — perguntei
— Com você aqui comigo, me sinto ótimo.

A noite foi perfeita, eu não consigo colocar em palavras como eu me diverti. Depois de conversar sobre tudo e comer um ótimo macarrão ao molho japonês, fomos até a cobertura do barco.

Ele me ajudou subir a escada devido o meu salto, e continuou segurando minha mão.

Andamos até as laterais e nos apoiamos com os cotovelos, observando o quão lindo era o oceano a nossa volta.

A lua brilhava no céu deixando a noite mais encantadora, enquanto algumas estrelas dançavam perto dela em brilhos únicos, e então, eu avistei marte.

— Está vendo aquela estrela ali?
— Aonde?
— Ali, bem perto da lua?
— Sim, ela está brilhando mais do que as outras.
— Não é uma estrela.
— Não? então o que é?
— Marte.
— ele riu. — tá bom.
— É sério!
— E porque acha isso?
— Acho que vi em algum livro, incrível não é?
— ele tirou toda atenção do céu e virou-se pra mim. — sim, incrível.

Fez se um longo silêncio, enquanto nós dois observava a beleza a noite.

— Obrigada pelo vestido. — eu disse.
— Acho que eu quem deveria agradecer por estar acompanhado por uma garota tão linda, usando ele, ficou, fantástico. — ele me virou de vagar, e olhou cada centímetro do tecido até então pausar o olhar na minha boca.

Não foi preciso mais de dois segundos pra eu não resistir. Continuei olhando firme para a boca dele também, que então percebeu que não era o único a querer.

Nossas bocas se encontraram levemente em um beijo curto e então ele segurou o meu rosto e depositou um beijo na minha testa.

— Eu vou me casar com você.
— O que?
— Você é o amor da minha vida, eu quero passar cada segundo dela ao seu lado, eu prometo, eu vou me casar com você. — ele repetiu e me beijou outra vez. — Você é simplesmente tudo que eu quero. Amar você é a melhor coisa que eu já senti, preenche o vazio do mundo, é como se, respirar só valesse a pena porque você existe. Quase nada faz sentido na minha vida ultimamente, mas quando eu te beijo, meu Deus, é uma amostra grátis do paraíso. — ele me beijou mais uma vez, enquanto meu âmago explodia de felicidade.
— Eu não sei o que dizer. — admiti. — estou em uma colisão entre sentimentos, e é a melhor coisa que eu já senti.
— Não diga nada, vem cá. — ele me abraçou apertado. Seu cheiro estava irresistível, sua pele encostada na minha, era como se o mundo parasse ali, e nada mais importasse, porque enquanto ele estava por perto, as minhas marés estavam longes.

Minhas MarésOnde histórias criam vida. Descubra agora