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Toc... toc...
— Entra! (digo tirando os fones)

A porta se abre revelando Madá que entra e se senta na cama.
— Oi Madá! Aconteceu alguma coisa?
— Não, eu que te pergunto! Aconteceu alguma coisa ontem à noite que você queira me contar?
— Não, está tudo sob controle.
— Tudo bem! Sua mãe pediu para vir te avisar que arrume uma mala pequena. Vocês irão passar o fim de semana na casa de Angra.
— Diz ela por favor que eu não vou. Mas só por curiosidade, quem irá nesse passeio.
— Pelo que eu sei está previsto seus pais, Sofia, o marido e você.
— E você? Não vai?
— Filha a viagem é só em família.
— Quando você vai enfiar na sua cabeça que você faz parte dessa família.
— Só você acha isso! Mas, obrigada, vou ficar por aqui mesmo!
— Tudo bem, então uma faz companhia para a outra. Eu também não vou.
— Mas a sua mãe...
— Prefiro mil vezes ficar aqui com você. E outra, a Gabi vai vir pra cá, vou intima-la a passar o fim de semana com a gente.
— Só você como sempre mesmo para enfrentar a dona Sara! Ela vai ficar furiosa com você. Parece que vai um fotógrafo fazer fotos de uma capa de revista também. É melhor ir, não faça nada que deixe sua mãe ainda mais mal-humorada, hoje ela não deve ter acordado muito feliz.
— E você já viu ela acordar feliz em algum dia? E deixe a dona Sara comigo!
— Você que sabe filha. (sorri e sai do quarto)

Cinco minutos depois um furacão loiro, pele branca coberto com maquigem e radicalmente furioso entra no meu quarto quase arrancando a porta do lugar.
— Madalena me disse que você não vai viajar com a gente para Angra! Posso saber o porque?
— Porque eu não quero mamãe, e você não pode me obrigar a ir.
— Posso, e vou! Você vai porque um fotógrafo irá somente para fazer fotos da nossa família a capa de uma revista famosa.
— Cansei de pagar o mesmo papel ridículo de sempre da família feliz. Sofia vai estar lá, faça bom proveito da sua bonequinha de porcelana.
— Odeio esse seu jeito arrogante de ser. E não começa implicar com a sua irmã.
— Talvez se você abrisse os olhos e percebesse que também tem outra filha além dela, e me desse um pouco do amor que transborda por ela. Isso não aconteceria.
— Tudo bem, não quer ir, não vai, fica aqui então o fim de semana todo com a sua Madazinha, enquanto nos divertimos lá. (diz com tom irônico).
— É preferível. O amor que ela me dá é melhor e paga qualquer passeio em Angra dos Reis e fotos
para capas de revistas fúteis.

Ela fica irritada com o que disse, afinal nunca engoliu o amor recíproco entre mim e Madá. Mas o que ela queria? Nunca tinha tempo para mim, sempre dava um jeito de ficar somente na companhia de Sofia, nunca participou das coisas mais simples da minha vida, não me dava amor de mãe. Enfim, com todas aquelas atitudes que tinha chegava a pensar que me odiava, e várias vezes me perguntava o porque e nunca encontrei respostas. Já enquanto Madá era totalmente diferente. Me dava tanto amor como se eu fosse sua filha de verdade, gerada nove meses no ventre e tudo. Então ela sai do quarto batendo a porta com tanta força que acaba derrubando meu porta-retrato com a foto minha e de Madá no chão. Me levantei, peguei e coloquei no mesmo lugar. Confesso que uma lágrima solitária caiu dos meus olhos, desejava que ela me amasse como ama a minha irmã. Mas acho que aquilo era pedir demais a ela.

Mandei uma mensagem para Gabi dizendo a ela para passar o fim de semana aqui em casa então que já trazesse suas coisas de uma vez. Uma hora depois dentro do quarto me deu fome, então desci para procurar algo de comer e eles já tinham ido. Somente Madá estava na cozinha cortando alguns legumes.

— Eles já foram? (perguntei confirmando)
— Sim, saíram agora a pouco.
— Convidei a Gabi para passar o fim de semana aqui com a gente, tudo bem?!
— Claro! Aliás adoro aquela sua amiga doidinha. (rimos)
— Doidinha é pouco para definir ela, mas tem um ótimo coração. E cara eu amo muito ela, é uma irmã que eu "nunca tive", e sempre sonhei em ter ao meu lado podemos dizer.
— Filha, o que disse a sua mãe lá encima? Ela saiu daqui cuspindo fogo.
— O de sempre. Ela... (A campainha toca) ... Deve ser a Gabi, depois a gente conversa sobre isso.

Vou correndo atender.

— Não vai morrer tão cedo.
— Porquê?
— Estávamos falando sobre você.
— Espero que bem! (dá um beijo na bochecha dela)
— Estávamos falando o quanto você é uma menina gente boa, louquinha do bem, e o quanto a gente te ama em comum. (diz Madá)
— Já disse que te amo muito hoje! O que eu fiz para merecer tanto amor?!
— Iiiiiiii melhor parar Madá, essa aqui é aquele tipo de pessoa que faz um elogio e fica se achando pelo resto da vida sabe? Vem vaca, vamos pro quarto, a gente precisa ter uma conversinha não acha?!(digo arrastando ela pelas escadas) Madá depois você leva algumas coisas pra gente comer lá encima por favor?!
— Claro filha, daqui a pouco chego lá.

Subimos e chegando no meu quarto coloco um filme para podermos assistir, deitamos na cama uma do lado da outra e começamos a fofocar sobre a noite passada.
— Posso saber onde e com quem a senhorita foi se enfiar? Depois de um tempinho fui te procurar e me disseram que você já tinha ido embora e acompanhada. (diz Gabi)
— Faço das suas, as minhas palavras. Pelo que eu me lembro a senhora também sumiu e não foi só por um tempinho não, mas sim algumas horas e com um boy mais velho que você. Me deixando lá sozinha. Belo papel de você e o Mat, mas depois xingo ele.
— Não tenta mudar de assunto não Clara. Me conta tudo, detalhe por detalhe. Não tenho mais unhas pra roer de tanta curiosidade.
— Depois que vocês me deixaram lá sozinha né, voltei pro balcão, um tempo depois um carinha veio todo galanteador, sentando do meu lado jogando charme. Bebidas vai e vem a gente saiu juntos e rolou.

(...)

Depois de duas horas no shopping a gente se cansa de ficar andando de lá para cá olhando vitrine e resolvemos ir embora. Passamos primeiro na lanchonete e compramos um Mc'Donalds e daí fomos. Chegando em casa faltava poucos minutos para às 21:00hs, subi pro meu quarto tomei um banho gelado como estava fazendo muito calor e depois saio vestindo meu pijama e desci novamente para a sala.

Depois Gabi fez o mesmo e sentamos no sofá pra ver tv. Estava tão cansada e em outro planeta que nem prestava atenção no que se passava naquela tela a minha frente, então subi e fui dormir.

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O MARIDO DA MINHA IRMÃOnde histórias criam vida. Descubra agora