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— Continuando.. deixa eu pelo menos tentar me defender.. não julga sua mãe antes de saber toda a verdade.
Eu nunca queria ter me submetido a fazer aquilo, entregar a minha filha para minha maior rival criar, sabendo ou não da verdade. Escrevi uma carta para seu pai revelando que você era sua filha biológica, que eu estava indo embora da cidade e que ele cuidasse e te protegesse acima de tudo, e o implorei para que nunca revelasse a verdade, sentia muita vergonha pelo que fiz, e achei que você me odiaria se soubesse algum dia que de alguma maneira eu te abandonei.
Dois dias depois, voltei para minha cidade no interior de Minas Gerais tentando encontrar alguma solução pro meu problema. Mas foi tudo em vão, não consegui me manter afastada de você, o meu coração sangrava de tanta dor e culpa que sua ausência me causava. Foi então que comecei a trabalhar para juntar alguns trocados e poder voltar pra São Paulo e fazer de tudo para pelo menos ficar perto de você. Voltei para SP cinco dias depois, e ao chegar aqui descobri que a família estavam a procura de uma babá, era a minha chance, direto da estação corri para a casa onde seu pai morava, e me ofereci para o cargo, e de tanto implorar, ele acabou cedendo, mas me fazendo prometer nunca lhe dizer a verdade. Que eu era sua verdadeira mãe.
A Sara nunca quis lhe aceitar, sempre odiou a sua relação mais próxima com seu pai, para ela, "maldito dia em que aquele bebê apareceu na porta de sua casa e veio tomar o maior espaço no coração do Cláudio, e na fortuna da família." porque seu pai já sabendo de toda a verdade, já ciente de que ali era o fruto do nosso amor sempre foi mais apegado você e não a filha dela. E fez a Sara também prometer que nunca revelaria que você era "adotada", para não causar nenhum tipo escândalo com uma nova criança na família que surgiu do nada, fomos para França e ficamos lá durante alguns anos, retornando depois que seu avô morreu, para o Brasil.

— E você, me vendo sofrer nas mãos daquela cobra da Sara, minha vida toda, nunca teve coragem de enfrenta-la e proteger sua filha. E pelo que percebi iria cumprir sua promessa e levaria esse segredo com você pro túmulo não é mesmo?!

— Você não sabe quantas e quantas vezes chorei escondida no meu quarto... reconheço que sempre fui fraca, para a tomar alguma atitude, sempre tive medo das consequências, e um medo maior ainda do seu ódio. E os anos foram passando, estava tudo resolvido, eu estava ali presente, te protegendo e te cuidando de alguma maneira. Nunca te deixei faltar amor, carinho, afeto, e o melhor dia da minha vida, foi quando começou a me chamar de mãe Madá. Eu tinha tanto medo de perder aqueles momentos, já te conhecendo, sabia que iria perder todo sentimento que você tem por mim, como está acontecendo agora.

— Como você mesmo disse senhora Madalena, As coisas infelizmente não acontecem como planejamos. Eu poderia perdoar qualquer coisa, qualquer mentira, de qualquer outra pessoa... mas de você não. Me esconder a vida toda um assunto tão delicado como esse, porque! Está doendo tanto, o meu coração está em pedaços. Eu preferia mil vezes crescer sabendo a verdade, na pobreza, e do seu lado... Meu amor acabou de morrer, meu respeito, minha lealdade, e para mim, você também, já morreu. (seguro o choro e saio indo embora)

— Clara... Filhaa!

Deixo ela chorando lá e vou embora me encontrando com Felippo na porta do elevador, sem dizer nada apenas começo a chorar e o abraço.
— Fica calma meu amor, não fique tão nervosa assim, vai fazer mal para nossa filha.

— Ela não poderia ter feito isso comigo. Não poderia. (choro mais ainda e depois disso não lembro de mais nada)

Só fui acordar no hospital e com Felippo do meu lado.

— O que aconteceu? (pergunto ainda muito sonolenta)

— Meu amor, graças a Deus que você já acordou. (diz feliz e me dá um beijo)

— Aonde eu estou? O que aconteceu? Aii minha cabeça (coloco às mãos sobre ela)

— Depois da conversa com sua mãe, você ficou muito nervosa e acabou passando mal.

— E a nossa filha? Está tudo bem com ela?

— Acredito que sim, o médico disse que vira conversar com você, assim que os exames ficarem prontos.

Toc, toc...
— Posso entrar? (diz o médico sorrindo)

— Claro doutor! (dizendo juntos)

— Está tudo bem com minha filha doutor? (pergunto preocupada e passo a mão na minha mini melancia (barriga))

— Felizmente sim. Me diga... passou por algum momento de tensão ou stress ultimamente?

— Sim doutor, hoje mesmo ela passou por momentos um pouco turbulentos. (diz Felippo preocupado)

— Tente evitar preocupações para o bem da sua filha, com o resultado de alguns exames foi constatado problemas de pressão alta e outras coisinhas, e por isso sua gravidez é considerada de risco. Então é de estrema importância seguir as recomendações do seu (a) obstetra, fazer bastante repouso, seguir a fio o pré-natal, ter uma alimentação equilibrada e saudável, são alguns exemplos, para que a gestação decorra sem complicações até o final para você e o bebê.

— Aí meu Deus! (fico ainda mais preocupada e coloco as mãos no rosto)

— Mas agora já está tudo bem futura mamãe, com você e sua princesinha, normalizamos sua pressão e só preciso que fique mais algumas horas aqui, para observação.

— Obrigada doutor! Pode deixar que agora eu não vou sair do lado delas mesmo! (sorri e me dá um beijo)

— Bom, vou deixar o casal a sós e ir atender outros pacientes, com licença.

...

As horas se passaram e eu comecei a ficar com muita fome, já que não havia almoçado, e pedi Felippo para ir comprar alguma coisa gostosa para mim comer. E ele foi, prometendo não demorar.

Toc, toc, toc..

— Quem é? A porta está aberta, pode entrar?
— Sou eu, será que poderíamos conversar?...
— Você? ....

————

O MARIDO DA MINHA IRMÃOnde histórias criam vida. Descubra agora