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Fomos então na frente, até que chegamos em casa, e uma hora depois Fernando e Henrique não haviam chegado. Comecei a ficar bastante preocupada, afinal estávamos em São Paulo e algumas coisas aqui não são tão calmas quanto se imagina.

– Calma meu amor, vai acabar abrindo um buraco no chão e roendo os dedos.

– Já era para eles terem chegado aqui Miguel. O que será que aconteceu?!

– Talvez os dois tenham parado em algum lugar para comer, ou beber mais um pouco.

– Não, eles disseram que iriam vir embora logo após a gente, vão embora amanhã, precisam estar descansados. E já se passou uma hora, estou mega preocupada.

– Senta aqui e ...

Somos interrompidos pelo toque do meu celular, e eu atendo rapidamente.

– Alô?!

– Oi, aqui é da polícia, esse número é da Clara Borghetti??

– Sim, sou eu. O que houve?!

– Você é parente ou algo do tipo de Fernando Rocha e Henrique Keltronyg?

– Sim, mas o que aconteceu com eles? (começo a ficar desesperada!)

– Eles foram brutalmente agredidos próximos a uma lanchonete na rua xxxxxxxx , e foram levados para o hospital.

– Já estamos indo pra lá.

Desligo o celular chorando e Miguel vem todo preocupado saber o que havia acontecido. Pego minha bolsa, tranco a porta e saímos, contando a ele o que aconteceu.
Chegamos no hospital mais próximo, dando o nome dos dois a recepcionista e por sorte haviam levado eles pra lá.   Comecei a chorar sem parar, ao vê-lós totalmente machucados, não podendo dizer quem estava mais. Meu coração se partiu de uma maneira inexplicável, e eu só queria entender o porque existiam pessoas capazes de fazerem coisas absurdas como aquelas.

Liguei para Caroline dizendo o que havia acontecido e em pouco tempo ela chega lá com o marido que não estava com um semblante muito amigável.
Carol logo que me vê vem me abraçar chorando tentando entender o que havia acontecido, não consegui explicá-la exatamente pois nem eu sabia e o médico ainda não havia dado notícias.

Otávio como havia dito, chegou no hospital com cara de poucos amigos, e ficou do lado de fora por durante todo tempo de espera. Até o médico chamar.

– Vocês que são os parentes de Fernando Rocha Donasci e Henrique Keltronyg?! (diz olhando alguns papéis)

– Sim! (Eu e Carol dizemos juntas)

– Bom, o quadro do Fernando é um pouco mais grave do que o do Henrique que sofreu apenas uma fraturas no antebraço, pernas e escoriações pelo rosto. Já o Fernando também sofreu uma fratura no antebraço, fêmur, quebrou uma costela, múltiplas escoriações pelo rosto e corpo e perdeu muito sangue. Pois os agressores o perfurou com uma faca. Acredito que esse ocorrido tenha sido uma tentativa de assalto, ou mais um de tantos casos que acontecem de homofobia na nossa cidade, infelizmente.

Caroline começa a chorar e eu lhe abraço, Miguel vai pegar um copo de água para ela e Otávio se aproxima.

– Mas, por favor doutor, será que o senhor não poderia deixar vermos o Fernando?!

– Eles agora estão sedados, mas sim vocês poderão ve-lós, mas apenas duas pessoas de cada vez.

Carol me pede para poder acompanhá-la até onde Fernando e o genro estavam, e eu concedo.
Como o médico mesmo nos disse, eles estavam sedados e muito machucados, aquilo não estava com cara de tentativa de assalto, até porque não levaram nada deles. Foi um ato grotesco, sem nenhuma explicação plausível para o ato de homofobia que provavelmente marmanjos nojentos tiveram contra eles dois. O rosto angelical do Fernando agora estava tomado por roxidão, olhos e boca inchados, cortes superficiais e o restante do corpo enfaixado. Pessoas que cometem esses tipos de atitudes não podem ser classificados de outra maneira, são monstros, não seres humanos.

O MARIDO DA MINHA IRMÃOnde histórias criam vida. Descubra agora