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— Porque ela me odeia tanto? O que foi que eu fiz pra ela não me amar como filha?!

— Mas eu te amo muito, além da minha vida, filha, a sua mãe sempre foi uma pessoa amargurada e por isso tenta descontar tudo em você, que é a peça mais frágil do jogo dela, e porque sabe que me machuca muito, fazendo isso.

— É por isso que eu te amo madá, você sempre foi a mãe que eu não tive. (a abraço)

— E eu sempre vou estar aqui pra você minha menina! (ela enxuga minhas lágrimas solitárias escorridas pelo rosto, me dá um beijo entre fios de cabelos e depois de um tempinho voltamos)

Uma hora depois de muita angústia o Dr. Luís, médico que estava cuidando do caso da minha irmã veio a minha procura.

— Clara?!

— Sim Dr. Como está minha irmã?!

— Ela já está no quarto e bem graças a você, se estivesse demorado mais alguns minutos teria sido bem pior. Me acompanhe por favor, a Sofia insiste em vê-la.

— Porque ela?! Eu que sou a mãe, e tenho que entrar primeiro, quero ver minha filha e...

— Me desculpe Sara, mas a Sofia insiste em falar primeiro com a irmã. Por favor me acompanhe Clara. (percebo que ele tinha alguma coisa para me dizer então o sigo)

— Sei que esse não é o momento mais propício, mas acredito que você seja a única pessoa a alertar sua irmã. A triste realidade é que a Sofia insiste em dar murros em ponta de faca. Já expliquei e seus exames comprovam, que ela tem um problema uterino que não possibilita vingar uma gravidez até o final, e mesmo assim ela usa de teimosia em acreditar no impossível. Se a sua irmã continuar assim irá colocar sua vida em riscos graves, com uma hemorragia ou algo parecido, se não fosse você chegar no momento certo hoje, poderia ter sido bem pior, eu sinto muito, mas ela novamente perdeu o bebê que esperava.

— Eu sei que agora um dos sonhos mais íntimos dela é poder ser mãe, aliás toda mulher quer que isso aconteça um dia, mas eu não sei mais o que fazer em relação a esse assunto. Ela é ciente dos riscos que suas gestações oferecem. Mas vou conversar mais uma vez com a mesma, e tentar enfiar na cabeça dela que possa adotar uma criança e dar amor da mesma maneira. Já que não é possível gerar uma. Obrigada por tudo doutor Luís!

— Eu que agradeço! Agora se me dá licença, preciso ver outros pacientes!

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Assim que entro no quarto e ela me vê começa a chorar já imaginando o acontecido.

— Oi minha irmã!

— O meu pior pesadelo mais uma vez aconteceu não é Clara?

Sinto meu coração ser esmagado de uma forma sinistra por dentro ao vê-la daquele jeito, seguro o choro, que dá um nó na garganta rapidamente me impedindo de dizer uma só palavra e meus olhos se enchem de lágrimas.

— Não precisa dizer nada, o seu silêncio já diz tudo. Eu também consigo sentir esse vazio aqui dentro de mim, só a barriga que continua uma pequena melancia que estava em crescimento, mas que daqui a alguns dias ela vai voltar ao normal. Como sempre! (diz tristonha)

— Eu sei que isso é a pior coisa do mundo, nenhuma palavra que eu puder dizer, vai te confortar nesse momento. Mas, eu quero que saiba que eu estou aqui com você pro que for, pro que precisar. (seguro em suas mãos)

— Obrigada pelo apoio, é muito bom saber que tenho seu apoio. Mais eu preciso dizer, que não consigo nem mais sentir vontade de viver, pelo tanto que estou sofrendo. A mamãe, o Felippo irão ficar loucos.

— Ei, não fala isso nem de brincadeira. Eu entendo que eles podem e é de todo direito ficarem tristes com o que aconteceu, mas isso infelizmente é uma coisa inevitável, Deus sabe das coisas que faz, e não devemos julga-lo por suas atitudes.

— Obrigada, mas, agora Eu queria ficar sozinha.

— Claro, mais tarde eu volto pra ver como você está! (dou um beijo na cabeça dela entre cabelos e vou embora)

Depois de um bom tempo ela ainda continuou chorando, os enfermeiros acharam melhor dar a ela um calmante, e depois disso caiu no sono. Ela ficaria em observação por aquela noite, e como haviam dado um calmante que só iria passar efeito no dia seguinte o médico nos aconselhou a ir embora para casa e descansar.  Só havia restado eu e Felippo no hospital. Pois depois que minha mãe ficou ainda mais furiosa pelo fato do médico não ter deixado ela entrar primeiro para ver minha irmã.  Só passou no quarto por cinco minutinhos e foi embora logo em seguida, arrastando madá com ela. Todos ficaram bastante tristes com a notícia e Felippo coitadinho, parecia sem direção.
Assim feito como o médico disse, Felippo me oferece uma carona para casa e eu decido aceitar. Na saída do hospital ele começou a chorar muito, feito uma criança, e não estava em condições nenhuma de dirigir, então, eu mesma vou dirigindo.

Chegamos no apartamento cerca de uma hora depois, o trânsito ficou horrível depois de um acidente, Felippo me diz que estava passando muito mal com dores de cabeça, dou a ele um remédio que depois sobe para o quarto se trancando lá. Não seria bom deixá-lo sozinho, então decidi passar o resto da noite lá.

Subo, e vou tomar um banho no quarto de hóspedes! Não suportava hospital, e aquele cheiro que impregna na roupa me causava náuseas. Minha sorte foi que em um dia esqueci algumas peças de roupas minhas aqui. E por mais sorte ainda, havia uma bem levinha que vesti depois que terminei meu banho. Me troco e vou procurar ou preparar alguma coisa para comer.

Fiz um sanduíche, e depois assistir tv, estava tão cansada que não demorou muito para eu acabar pegando no sono ali no sofá mesmo, que era muito confortável por sinal.

FELIPPO PONTES
Depois de horas trancado no quarto sentindo aquele perfume de bom de bebê das poucas roupas que chegamos a comprar pro nosso filho e relembrando das outras gestações frustrantes da minha esposa decido tomar um banho. Dez minutos depois desço e encontro com Clara dormindo no sofá e a tv ligada.  Vou até ela.

O MARIDO DA MINHA IRMÃOnde histórias criam vida. Descubra agora