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Depois de algumas comprinhas, lanches, e muita brincandeira era hora de voltar e provavelmente enfrentar a fera loira, chamada Sara. Providenciei uma cadeirinha e coloquei no banco de trás do carro com todo o conforto, na qual Lucas imediatamente se apegou, e no caminho de volta para casa acabou dormindo.
Chegando lá, estaciono meu carro na garagem deixando as sacolas por lá dentro mesmo, me pouparia um trabalho ter que voltá-las caso o que eu estava imaginando acontecesse, e subimos , com ele dormindo profundamente nos meus braços encontrando Sofia e mamãe conversando na sala.

- Sofia, quanto tempo não te vejo irmã! (vou na tentativa de lhe dar um abraço quando sou interrompida pela minha mãe)

- Eu posso ter o prazer de saber o que significa isso? (diz ela em tom debochado)

- Sim, e eu vou explicar tudo mamãe, assim que eu subir e colocar ele para dormir mais confortavelmente. (saio sem dar ouvidos para o que ela continuou dizendo e minha irmã vem atrás de mim)

– De quem é essa criança tão linda Clara? O que ela está fazendo com você? (pergunta sem entender nada)

- Meu filho! Mas daqui a pouco eu desço e explico tudo pra você e a Sara com riqueza de detalhes, eu juro. (ela desce de volta e eu fecho a porta rapidamente)

Eu já poderia imaginar o que iria acontecer. Aquela insuportável não vai aceitar que eu fique cuidando do filho do Miguel aqui. Ela odeia criança, odeia meu casamento com ele, odeia tudo que envolve atrapalhar seus "momentos de tranquilidade em casa" , odeia a ideia de apoiar alguma coisa que eu faça. Então por isso mesmo, antes que ela jogue tudo na minha cara e nos expulse daqui, eu mesmo vou sair.

Arrumo uma mala com o necessário para mim contendo roupas, sapatos e outras coisas, minhas coisas de faculdade, uma necessary com maquiagem; e depois de deixar tudo organizado e Lucas dormindo finalmente desço. Vou até a cozinha pedir Madá que dê uma supervisionada nele enquanto converso e assim ela faz.

- Essa criança é o filho do Miguel, o que me torna automaticamente madrasta dele. Eu descobri a existência desse anjinho a poucos dias, e finalmente pude ter um contato com ele ontem a noite. Ainda não sei quase nada sobre, são nossas primeiras horas juntos, mas eu quero e vou cuidar dele, está praticamente sozinho no mundo, perdeu a mãe, o pai está em coma sem previsão de um estado clínico bom, e sem saber de sua existência, e ele só tem a mim agora. Eu quero muito que ele possa ficar morando aqui conosco até o meu marido sair desse maldito coma, e nos dois juntos podemos cuidar dele.

- De maneira alguma. Ficou louca?! Pare de ser tão tola, você não tem responsabilidades nenhuma com esse fedelho.

– Não fale assim dele. Eu não tinha mesmo responsabilidades com ele, mais a partir do momento que eu escolhi ter, ele passou a ser meu filho do coração e eu a mãe que ele não tem. E eu vou sim cuidar dele você querendo ou não mamãe.

- Esse apartamento é meu e quem manda nele sou eu. Você não fica aqui com essa criança e ponto.

- Não precisa se preocupar. Se esse é o seu grande problema pego ele e saio agora mesmo desse seu apartamento, pelo qual você enche a boca para poder ter algum sentimentos de posse. Eu fico chocada com o tamanho do ódio que você tem por mim. E sabe o que é mais louco?! É que eu acredito ser sem motivo algum, você alimenta esse rancor por mim desde quando me entendo por gente, desde criança, você me trata com essa frieza, já até cheguei varias vezes a pensar que não é minha mãe de verdade, porque não é possível uma mãe odiar tanto um filho como você me odeia, nessas primeiras horas que eu passei com essa criança pude perceber que não há nada mais gratificante e emocionante o ato de ser mãe, e juro, fiquei tentando encontrar um só motivo pra te entender e adivinha, eu não encontrei. Por que, sabe, só queria entender o real motivo de me odeia tanto e tudo que está ao meu redor mamãe. Mas, já tenho um sentimento mãe e filho com aquela criança e não é você que vai me fazer desistir disso. Eu espero que algum dia você consiga sair desse mundo de escuridão e falta de amor que habita e consiga ser feliz.

- Muito emocionante! Mas não espere que eu passe a mão em sua cabeça e me ajoelhe a seus pés implorando que fique. Se quer ir, vá, já passou da hora e tenha certeza não irá fazer nenhuma falta.

Algumas lágrimas solitárias escorrem pelo meu rosto e eu subo correndo antes de dizer coisas que com certeza eu iria me arrepender depois. Me rebaixar ao seu nível e dar mais argumentos para aquela conversa fudida que acabamos de ter.

Ao chegar no quarto vejo Madá e Sofia brincando com Lucas e um sorriso enorme no rosto. Nem percebi que ela não estava presente no momento do bate boca.

- O que houve?

- Vou embora com ele.

- Embora? Como assim irmã?!

- A mamãe disse que não irá aceitar eu e essa criança dentro da casa dela.

- Fica calma. Senta aqui e me explica direito toda essa história. Quem é esse amor de criança?

– Bom, esse é o filho desconhecido do Miguel e da Thaís.

(...)

Expliquei ela toda a história e sabendo que iria para um apartamento em obras com Lucas, praticamente me obrigou a aceitar ficar na sua casa até eu me reorganizar e as obras que estavam sendo feitas no nosso "esconderijo" fossem concluídas.

Pensando primeiramente no bem estar daquela pessoinha indefesa que eu agora tinha a obrigação de colocar antes dos meus planos, não tive outra escolha a não ser aceitar. Mas depois que me lembrei de Felippo e tudo (mesmo sendo tão poucas coisas) que a gente viveu dava um pouco de receio. Desci todas as coisas que eu havia organizado e depois de colocar tudo dentro do carro, fomos embora, me despedi de Madá com um abraço apertado e muito choro, prometendo ir salva-la em breve das garras da Sara e levar ele pra morar comigo como sempre disse. E vou embora sem olhar para trás.

Não demorou muito e chegamos na casa de Sofia. Me organizei no quarto de hóspedes e depois de muito ela insistir, acabei concordando em deixar Lucas no quarto que já estava organizado para o filho da minha irmã que infelizmente ela perdeu.

Uma hora depois ela sai, segundo ela para ir ao salão. E eu vou preparar um banho para Lucas , e Felippo chega em casa depois do trabalho, ficando sem entender quando me vê lá na sua casa com aquela criança.

– Clara?! O que?... (me parece confuso)

– Ficarei algum tempo aqui com vocês. Bom, eu e o Lucas né!

– E de quem é essa criança?
O que aconteceu?

– Vem comigo, eu preciso dar um banho nele e enquanto isso te explico o que houve.
– Tudo bem!

Expliquei a ele também tudo o que aconteceu e depois de dar um banho em Lucas, o alimentar e depois de muita brincadeira ele cai no sono, feito uma pedra.
Acordando de madrugada com um pouco de febre. Fiquei desesperada, me arrumei rapidamente só colocando a primeira roupa que encontrei e saindo com ele as pressas para o hospital. O hospital que fomos não poderia ser outro. Justamente para o mesmo que Miguel estava. O médico examina ele e depois de alguns remédios nos libera. Antes de irmos embora dei uma passadinha no quarto onde estava o meu amor e com Lucas no colo mostrei a ele através do vidro, o pai, pela primeira vez. Confesso ter ficado emocionada com aquele momento e senti uma conexão muito forte ali entre eles mesmo longes um do outro. Separados por um vidro e um estado de coma...

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O MARIDO DA MINHA IRMÃOnde histórias criam vida. Descubra agora