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Faltava apenas cinco meses pro término da minha jornada na faculdade e consequentemente a entrega do meu diploma. Antes de tranca-lá estava muito ansiosa com aquele momento, não via a hora de começar a exercer minha profissão e assim poder cuidar dos meus pacientes.

Depois que todo esse tsunami teve uma leve calmaria na minha vida era hora de me reorganizar colocando minha vida nos trilhos novamente, e agora, mais rápido do que nunca. Queria pelo menos ter esse bebê depois que realizasse o sonho de me formar. Então, decidi que não iria esperar mais, voltaria o mais rápido possível. Pensei também em como iria fazer daqui pra frente, agora eu tenho minha vida de esposa, e mãe de família. E depender de Miguel para pagar minhas contas e ter que pedi-lo dinheiro e dar satisfações para tudo que fosse fazer estava fora de cogitação. Era hora de arregaçar as minhas mangas e procurar um emprego, alguma coisa que me agradasse e tivesse um bom salário no mínimo para que eu colocasse o que de comer na mesa. Acordei na manhã de segunda-feira com uma disposição assustadora, comparado as que tenho nas manhãs da vida. Miguel ainda estava dormindo, e eu bem lentamente me levanto e vou até o banheiro fazer minhas higienes seguidas de um banho.

Depois que terminei, me arrumei o mais simples que consegui colocando apenas uma calça jeans e uma regata preta. Cabelo preso e sorriso no rosto, sem make mesmo. Desço pra fazer café e deixo tudo organizado para quando os homens da minha vida acordasse.

Meia hora de caminhada depois no centro da cidade, e entrega de currículos, ouço meu celular tocando. Era Miguel.

ligação on
– Bom dia meu amor!
(dou um sorriso)

– Bom dia amor da minha vida, posso saber onde minha princesa está a uma hora dessa da manhã e com essa animação contagiante.
(sorri)

– Estou dando um role pelo centro (sorrio). Decidi que vou procurar um emprego.

– Emprego?! Porque essa agora? (esboça curiosidade)

– Porque agora mais do que nunca eu preciso ser independente. Tenho que cuidar do nosso filho, voltar a faculdade e ... (pausa)

– Termina o que você ia dizer amor. E, o que?

– Quando eu chegar em casa a gente conversa sobre isso. Tá tudo muito corrido agora Miguel. E isso é um assunto que precisamos conversar olho no olho.

– Tudo bem! Mas voltando ao assunto... Você não precisa trabalhar. Eu te sustento.

– Jamais... Quero saber como é a responsabilidade de ter um emprego, arriscar em uma nova etapa e enfim.

– Tudo bem, então.. Porque não trabalha na minha loja?!

– É, até que seria bom trabalhar do ladinho do meu homem. Mas prefiro tentar sair por ai e deixar currículos em outros lugares.

– Você é quem sabe amor. Espero que consiga encontrar algo que te agrade, caso contrário às portas das minhas lojas estão abertas pra você. Bom, terminando de tomar café vou deixar o Lucas na casa do meu pai. E em seguida vou tentar retomar minha rotina na loja, ver como anda tudo aquilo na mão do Renato, já fiquei longe tempo demais.

– Nada disso, o senhor vai ficar de repouso. Ainda está se recuperando, acabou de sair do hospital esqueceu?
(digo brava)

– Amor, eu estou bem, melhor do que nunca. Não se preocupe. (sorri)

– Tudo bem, mas nada de esforços ok?!

– Ok, te amo e se cuida.

– Eu também amo muito vocês! Tchau meus amores!
ligação off

Um currículo entregado aqui, outro ali, alguns lugares querendo me contratar só pelo sobrenome de prestígio da minha família, e outros não entendendo o porque uma menina tão rica estava fazendo ali procurando emprego, andando de lá, para cá por horas até encontrar uma biblioteca que anunciava precisar de alguém. Pagava pouco, não era o que eu procurava, mas me afeiçoei ao lugar e entrei.

Não havia nenhum leitor no horário e somente um garoto com cara de 19 anos, magro, óculos e sorriso merecedor de atenção e elogios retirando a poeira de alguns livros, abro um sorriso simpático e entro.

– Bom dia, vi que estão a procura de alguém que trabalhe aqui. Você é o dono?!

– Bom dia, bom, não exatamente minha mãe que é a dona daqui. E sim, estamos a procura de alguém.

– Nossa, que maravilha. Estou à procura de emprego e aqui está meu currículo.

– E como é seu nome?!

– Ah sim, prazer me chamo Clara Borghetti e você?! (dou mais um sorriso tímido torcendo para que fosse com a minha cara)

– Me chamo Guilherme, prazer. Bem, como mesmo disse, eu não sou o "manda chuva" daqui (faz aspas com os dedos) - mas quando minha mãe retornar eu entrego o seu currículo a ela.

Dessa vez vai, estava confiante e percebi que o Guilherme foi com a minha cara, então era só contar com a sorte da mãe dele também gostar de mim e a contratação.  Depois de me fazer algumas perguntas com as respostas anotadas a um pedaço de papel a mãe dele chega. Era uma senhora bem afeiçoada com cara de uns 50 anos, e bem vestida. Eles me deixam sentada a uma das cadeiras de leitura e vão para uma sala a frente conversar sobre.
Minhas mãos estavam suando e batia os dedos a mesa insistentemente em um ritmo meio desconhecido e desajeitado.

Minutos depois eles saem de lá e eu coloco um sorriso forçado no rosto para disfarçar a minha ansiedade.

– Você começa amanhã às 8 da manhã! Não gosto de atrasos e muito menos de falhas. Meu nome é Teresa e esse é o meu filho Guilherme. Geralmente quando ele sair da faculdade irá vir para cá lhe ajudar. Seja bem-vinda. (diz a senhora com tom seco já indo embora)

– Sério?! Obrigada mesmo. A senhora não irá se arrepender. (sorrio vitoriosa)

– Espero que não mesmo. (ela da de ombros e sai)

– Não liga pra minha mãe, ela é durona assim mesmo , mas é legal.

– Tudo bem, eu não ligo.

– Vem, vou te explicar tudo sobre a biblioteca. (sorri)

Fiquei mais algum tempo conversando com Guilherme e ele me explicando tudo o que fazer e não fazer. O ponto mais importante acredito. E depois vou embora com ele também fechando a biblioteca para o horário de almoço. Vou embora para minha casa e depois ligo para Gabi. Loucura da minha cabeça mas aquele garoto e a Gabi formariam um belo casal. Ou não?! É melhor deixar rolar. Passamos a tarde juntas e ao cair da noite Miguel chega com Lucca e uma mala de roupa.

Fiz o jantar com Gabi e depois dos dois tomarem um banho, jantamos juntos. Ela se despede e vai embora por volta de 20:00hs da noite e ao ficarmos vendo tv uma hora depois coloco o Lucca para dormir.

– Amor!? Vamos para o quarto? (da Miguel a idéia com uma cara de safado e somente com uma bermuda preta)

– Você não está totalmente recuperado. Esqueceu que acabou de sair de um coma?!

– É?! Não era você que me disse ao pé do ouvido em um dia no hospital que estava quase subindo pelas paredes.

– O que? Você ouviu?

– Claro, só estava dormindo. Anda amor não muda de assunto. Eu já estou 100% e estamos morrendo de saudades de você, se é que me entende.

– Estamos?! Disse no plural, quem mais além de você está com saudades de mim? (faço jogo)

– Você sabe muito bem...

– Amor, antes de tudo, a gente precisa conversar. (me solto de seus braços e subo as escadas indo pro quarto, e ele vem atrás de mim)

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C o n t i n u a . . .
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O MARIDO DA MINHA IRMÃOnde histórias criam vida. Descubra agora