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Me senti um pouco mal no começo da tarde, e Gui acabou me deixando ir embora mais cedo para casa.
Precisava ver Mada, estava com saudades e precisando do meu colo de mãe. Pego um Uber e vou até a cobertura na intensão de visitá-la.

Sofia havia comentado comigo no almoço que papai e sua esposa (Sara) haviam saído em viagem hoje pela manhã para Nova Iorque pretendendo ficarem lá por duas semanas, então, mais um motivo pra ir lá naquela cobertura e arrastar minha mãe pra ir ficar comigo no meu apartamento. Ela diz que prefere ficar só do que a vir "dar trabalho" para mim ou meu marido, mas é claro que eu não vou deixa-lá sozinha.

Chegando lá, toco a campainha inúmeras vezes e ninguém me atende. Estranho! O porteiro me disse que não viu ela sair.  Ainda estava com uma cópia das inumeras que eu fazia como era esquecida, sempre acabava perdendo minhas chaves, então fazia varias cópias para caso precisasse, e por sorte encontrei uma perdida no meio das minhas coisas na bolsa.  Pensei em ir embora, já que me parecia não ter ninguém, mas alguma coisa me estigava a entrar lá dentro, e então fui.

— Madaaaá, você está aí? Madalena!

(sem resposta)

Olho por toda casa e não à encontrei, vejo cada cômodo e bate uma melancolia de inúmeros momentos que vivi lá desde que me entendo por gente. Não nego que sinto Uma enorme saudade da Clara que fui, mas também amo a nova Clara que estou me tornando. Então, tá tudo certo.
Noto também que alguns porta-retratos que ficavam na sala sumiram, principalmente aqueles que continham fotos minhas, foram retirados, com certeza isso é coisa daquela bruxa da Sara.

Vou até o quarto de Madá ainda a procurando, e assim que abro a porta me deparo com os porta-retratos que haviam sido retirados da sala,  no criado mudo ao lado de sua cama. É gratificante e emocionante ver o quão a Madalena me ama. Fico mais surpresa ao encontrar em uma caixa coisas que eu imaginava terem tido um fim. Meu ursinho de pelúcia, tal qual não conseguia dormir se não fosse abraçada com ele,  meus lacinhos de cabelos multi-coloridos bregas pra caramba, mas que eu achava um máximo,  meus óculos maiores do que meu rosto (naquela época) velhos e estranhos, meus primeiros livros de literatura e contos de fadas, enfim, uma infinidade de lembranças que fizeram parte da minha vida e que me marcaram muito de alguma maneira. Ela conseguiu resgatar e guardar tudo! Eu realmente fiquei boquiaberta com o cuidado em que aquelas coisas foram preservadas pela Madá.  Me sento em sua cama e começo a revirar aquela caixa olhando tudo que tinha, era como se tivesse entrado em uma viagem no túnel do tempo e retornado as minhas melhores lembranças de uma época ótima. Hormônios maternais entrando em ação e eu me emociono vendo fotos de um álbum velho que encontrei também na caixa, até que me deparo com uma foto, aparentemente antiga, coisa de uns vinte anos atrás, e uma mulher linda e jovem grávida com algumas demais pessoas ao seu lado, e vestida de noiva.

Seria aquela mulher jovem a Madá?
Mãe?!
Não, não é possível ser. Na foto essa mulher aparece grávida de no máximo seis meses, se casando provavelmente, e pelo que eu saiba a Madá não tem filhos e muito menos foi casada. Então, quem será?
Agir pelo impulso e acabo retirando a foto do álbum e guardando dentro da minha bolsa. Retorno tudo no lugar e vendo que Madá não havia de chagar tão cedo, vou embora.

Cheguei em casa e lá estavam elas Gabi brincando com Lucas e Madá fazendo o jantar. Mandei mensagem para Gabriela vir se arrumar na minha casa para irmos pra faculdade juntas, mas a Madá foi surpresa encontrá-la lá, ainda mais que eu estava a procurando.

— Mãe?!

— Oi filha, como você está?

— Bem! Meu Deus, acabei de ir na cobertura a sua procura e não te encontrei.

— Me perdoa filha. Vim correndo pra cá assim que seu marido me ligou pedindo para ficar com Lucas.

— Tudo bem! Mãe, já te disse que você aqui não é empregada e por isso não tem que ficar fazendo essas coisas, deixa que eu mesma organizo tudo antes de ir pra faculdade.

— Só quero te ajudar filha. Você anda com mil coisas na cabeça Filho, casa, trabalho, estudos, marido, enfim. Aproveitei que o anjinho do Lucas está brincando com a Gabriela e vim fazer o jantar.

— Está bem, mas deixa isso aí é vem, será que a gente poderia conversar.

— Amiga vou tomar um banho e começar a me arrumar para irmos a faculdade.

— Ok, você já é de casa mesmo.

— O que você quer conversar comigo filha? (se senta na mesa e eu também)

— Queria saber o motivo de você estar tão estranha ultimamente. Depois daquele dia que lhe contei sobre meu sonho com a voz feminina misteriosa, você não é mais a mesma. O que houve?!

— Não houve nada. Isso com certeza é coisas da sua cabeça.

— Mãe, não mente pra mim. Eu estou vendo nos seus olhos que você está escondendo alguma coisa e eu quero a verdade, por favor. E...

— Filha... não se preocupe pois não está acontecendo nada. Eu nunca mentiria para você.

— Tabom! Vou acreditar em você. Mas qualquer coisa promete que não vai esconder de mim?

– Claro!

Somos interrompidas por Lucca chorando e eu vou ver o que havia acontecido e dar colo pro meu filho, já que não dei varios beijos nele quando cheguei. Ele estava de manha e assim que lhe pego no colo e nino um pouco ele para. Admiro meu "filho" por alguns minutos e depois vou me arrumar também para sair.  Já que Gabi havia terminado...

***

Continuo! 💗

O MARIDO DA MINHA IRMÃOnde histórias criam vida. Descubra agora