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CLARA BORGHETTI
O dia estava cheio, e já tinha começado ótimo pelo visto. Continuei deitada na cama até alguém bater seguidamente na porta.

TOC, TOC...
— Pode entrar.
— Bom dia filha, tudo bem? (diz Madá)
— Não, minha cabeça parece que vai explodir a qualquer momento.
— Tomou algum remédio ou outra coisa para aliviar essas dores?
— Não, acabei de acordar.
— Vou na cozinha preparar um chá e pegar um remédio para você. Já volto!
— Tabom!

Ela sai do quarto e eu vou ao banheiro, faço minhas necessidades seguidas de um banho quente, terminando volto para escolher uma roupa. Alguns minutos depois ela volta com um chá de hortelã na xícara e uma caixinha de remédios nas mãos. Retira um comprimido e coloca encima da cômoda perto da minha cama enquanto me trocava.

— Toma, esse chá e o comprimido, juntos vão te fazer melhorar rapidinho!
— Tabom Madá, obrigada!
— O que houve com você?!
— Nada!
— Você não engana a sua velha Madazinha, aconteceu alguma coisa sim, você está com uma vozinha tão triste. (me sento na cama com ela)
— Eu não sei o que está acontecendo comigo, algumas semanas atrás sai com um carinha, um típico mulherengo sabe?! Ficamos e desde esse dia andamos nos cruzando. Ontem à noite no aniversário do Gustavo me encontrei com ele ficando com outra mulher em todos os sentidos, aquilo mexeu comigo, de uma maneira que não era pra mexer, tivemos apenas uma transa sem importância, e por um ato meu de vingança, beijei outro na sua frente. Me senti pior ainda por fazer isso, não é o tipo de coisa que eu faço, mas, foi mais forte que eu. Me disse que passei a ser muito importante para ele mas não acredito nisso.
— Você antes de tudo precisa conversar com esse carinha e saber qual intensão realmente ele tem com você, e uma pessoa em especial!
— Quem?!
— Fernando!
— Realmente, vou conversar com o Fernando hoje, ele anda tão estranho ultimamente, e depois que ficamos noivos então, parece que não quer se casar.
— Ele deve ter seus motivos para isso. Mas filha, se você ficou tão incomodada pelo fato de ver ele ficando com outra, talvez não foi só uma transa sem importância. Tenho certeza de que irá conseguir sair dessa situação bem. (ela me dá um beijo e vai embora)

Obrigada Madá por plantar a sementinha da dúvida na minha cabeça. Não, definitivamente não posso estar apaixonada por aquele mulherengo, cafajeste, desgraçado. Foi apenas uma transa, UMA TRANSA!

Confiava nela até de olhos fechados, então tomo o remédio que ela deixou encima da cômoda junto com o chá. Termino de me arrumar basicamente e pego minhas coisa para ir à casa da Sofia.

— E as dores, passaram!?
— Sim, obrigada! Estou indo para a casa da Sofia ficar com ela, não me espera para jantar Madá! (dou um beijo e abraço nela)
— A senhorita não vaí sair sem tomar pelo menos uma xícara de café. Fiz panquecas como você gosta. (sorri)
— Que pecado, muito obrigada, por fazer minha boca se encher de água mas agora não posso, prometi à minha irmã que iria com ela fazer algumas comprinhas pro bebê. Mas quando voltar quero comer todas!
— Não sai sem comer nada filha!
— Não vou sair sem comer nada, essa maçã vermelhinha vem comigo! (dou mais um beijo nela e saio)

Meus pais com certeza ainda estavam dormindo, o que para mim era um alívio, ter que encontrar com a mamãe com certeza irritada comigo por ontem, não seria uma boa. E, provávelmente não iria encontrar com ela hoje. Por precaução coloquei uma calça e uma blusa dentro da minha bolsa e também estou levando minhas coisas da faculdade lá para casa da Sofia, vou me arrumar e de lá sigo para a faculdade mais tarde.

[...]

Fui ao shopping com a minha irmã pela tarde, às 15:00h, compramos as primeiras coisinhas pro bebê dela, mas na hora de voltar ela se encontrou com as suas "sombras" Victória e a Louise e as três me deixaram de lado fazendo outras coisas juntas. Decidi então ir embora para a casa da Sofia estudar um pouco. E claro, ela me fez levar as sacolas de compras para casa.

Duas horas depois e ainda não tinha chegado, já era quase 17:00hs, fiquei preocupada e decidi ligar para ela.
— Sofia, onde você está?
— Estou na casa da Vic, mais tarde eu vou embora, não se preocupa comigo.
— Tudo bem, quer que eu vá te buscar?
— Não precisa, eu ligo pro meu marido e ele vem me buscar. Pode ir para casa.
— Tudo bem então! Se cuida, tchau!!

Como já estava quase na hora de eu ir para faculdade decidi tomar um banho lá mesmo e me arrumar. Ligo o chuveiro e entro no banheiro do quarto da minha irmã.

FELIPPO PONTES
Fim de expediente no escritório graças a Deus, tudo que eu queria era ir para casa e ficar com a minha mulher é meu filho. Peguei um atalho pra não pegar trânsito, e chegar em casa mais rápido. ... Chegando em casa e ouço o chuveiro do nosso quarto ligado, provavelmente Sofia estava tomando banho. Subo, retirando meu paletó, gravata, e sapatos. Coloco em um canto tudo e entro somente de bermuda debaixo d'água com quem acreditava ser minha mulher. Passo minhas mãos por sua cintura, e depósito um beijo em seu ombro direito, até ouvir um grito e perceber a merda que estava acontecendo.

— CLARA?! FELIPPO?! (diz os dois ao mesmo tempo)

Ao notar que era minha cunhada que estava ali, e não a minha mulher, não pude evitar que meus olhos analisássem todo seu corpo. Ela desliga rapidamente a água e eu saio, indo pro quarto.

— O QUE VOCÊ TÁ FAZENDO AQUI?
(ela aparece enrolada na toalha e mais uma vez pergunta os dois ao mesmo tempo)
— Calma! Eu moro aqui esqueceu?! (gargalho). Pensei que era sua irmã, e você, o que está fazendo aqui?
— Vim como sempre ficar com a Sofia, fomos ao shopping mais ela seguiu para a casa da Victória de lá. Mas isso não importa, você não percebeu que era eu?
— Me desculpa, eu entrei lá com os olhos fechados, realmente achava que era a minha mulher. Me desculpa pelo ocorrido.
— Tudo bem!! Você não deve ter visto nada, ou viu?!
— Não, não, claro que não.
— Menos mal, vou terminar de me arrumar e ir para a faculdade.
— Tabom! E eu... vou fazer o jantar.

FELIPPO
Desço para a cozinha sorrindo e lembrando da cena que meus olhos acabará de presenciar. Meu Deus, que mulher é aquela?! Como tudo aconteceu bem rápido não pude ver todo seu corpo com riqueza de detalhes, mas pelo pouco que notei, vi que é uma mulher e tanto, ela acaba de destruir a imagem de cunhada sem graça que sempre tive em relação a ti. Quer dizer, desde ontem comecei a enxerga-lá como homem e olhar de uma maneira diferente. Estava com um vestido bem chamativo e decotado, muito linda por sinal. Mas claro, com todo devido respeito, afinal ela era minha cunhada.

CLARA
Ele acaba de quebrar a ideia de homem comum que imaginava em sua relação. Que homem é aquele meu Deus, todo trabalhado no tanquinho, braços, e peitos. Tinha mais peito que eu. Para, para, tenho que respeitá-lo assim como ele, afinal eu sou irmã da mulher dele. Sou retirada dos meus devaneios pelo sinal de mensagem recebida no meu celular. E término de me arrumar. Mais dez minutos depois estava pronta; blusa, calça e um coque meio desarrumado nos cabelos, pego minhas coisas e desço com o coração parado na garganta; como iria sobreviver a situação de encara-lo sem o demônio do meu subconsciente me fazer ter pensamentos obscuros. Vou pensando nisso enquanto desço as escadas, e o avisto logo à frente, fazendo o jantar.

O MARIDO DA MINHA IRMÃOnde histórias criam vida. Descubra agora