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Hoje era dia do enterro da Thaís.
Acordo cedo, tomo um banho, faço minhas higienes matinais e vou me trocar para poder ir pro enterro. Visto uma calça jeans, uma regata de alças finas, e um tênis. Tudo preto. Faço um coque no meu cabelo, passo um corretivo e uma base pra poder disfarçar meu aspecto de acabada, por não ter dormido direito a noite passada e desço.

– Bom dia! (digo a meus pais que estavam sentados à mesa tomando café, e minha mãe como sempre com o aspecto de brava olhando pro meu pai. Eles brigaram a noite passada, meu pai novamente chegou tarde em casa, e isso foi o estopim para uma nova "DR" do casal).

– Bom dia filha! (diz somente meu pai)

Me sentei com eles e comecei a tomar meu café. Péssima ideia, até dona Sara começar a tentar me desestabilizar, logo pela manhã.

– E mais uma vez o nome da nossa família é jogado no chão por sua causa não é mesmo Clara!

– O que eu já fiz dessa vez?!
(me mostra uma revista de fofoca fazendo tudo que aconteceu no dia passado, como capa)

– (solto bem baixinho um: Desgraçados!)... Eu não tenho culpa se esses abutres fazem de tudo por uma notícia. Eu não tive culpa do que a Thaís acabou fazendo comigo. Você está conseguindo perceber tudo que eu estou passando? Não né, como sempre. E ao invés de me dar o seu apoio, seu colo de mãe, se preocupa mais com uma capa de merda, de uma revista de merda, e de um status de merda que já foi jogado na lama varias vezes. (saio de lá indo para a cozinha, perdi meu apetite, só de olhar pra aquela mesa posta, e pra cobra da Sara, me dava náuseas fortíssimas).

– Bom dia mãe! (dou um beijo em Madá)

– Bom dia filha! Já brigou com sua mãe né?!

– Não tem como começar o dia de bom humor com essa mulher amargurada, ela briga com o papai e acha que pode vir descontar sua raiva em mim. Mas já me acostumei, essa não é a primeira, e nem será a última vez, ela não é aquela que merece todo meu amor. Bom, eu estou indo pro enterro da Thaís e depois vou pro hospital, não precisa me esperar para almoçar Tabom! (dou um beijo no rosto de Madá depois de tomar uma xícara de café e saio)

Chegando lá, coloquei meu óculos escuros e entro, fiquei espantada, não havia nenhum parente dela, e os poucos que compareceram eram curiosos. Não quis ficar muito tempo naquele local, que confesso, me causava arrepios. 30 minutos antes dela ser enterrada eu vou embora. Indo em seguida para o hospital.
Já era hora do almoço e eu não estava com um pingo de fome. Fiquei parada na frente daquele vidro olhando pra ele, até me lembrar de tudo que Thaís me confessou antes de morrer. O filho deles.

...

Fiquei com aquilo pelo resto do da semana martelando na minha cabeça. Encontrar o pequeno Lucas. E assim que contei minha idéia a Gabi, prontamente pôs-se a me ajudar porque depois daquele dia minha vida está sendo baseada em dividir o meu tempo em hospital e faculdade. Meu coração pedia insistentemente por aquilo, e eu iria encontrá-lo de qualquer maneira. Só de pensar que poderia estar passando necessidades, sozinho em algum lugar, sem proteção, abrigo e amor, chegava a sentir um aperto forte no peito... Enfim...
E ver o meu marido naquela situação. Com diversos aparelhos ligados a seu corpo, deitado em uma cama de hospital, lutando com todas as forças que tem contra a morte e com a imensa vontade de viver, me consumia cada dia mais. Ver o tempo passando e ele parado ali sem condições de correr atrás dos seus objetivos/sonhos que não são poucos, era muito triste. O médico nunca me dava uma previsão de melhora para ele, era como se estivesse ali vegentando encima daquela cama de hospital ontem, hoje, amanhã, semana que vem, e até o dia em que "um milagre" como o médico mesmo classifica desde o dia que Miguel deu entrada no hospital acontecesse. Só que para a minha sorte eu acredito em um DEUS muito poderoso que faz esses milagres se tornarem realidade. E bem no fundo do meu coração eu acreditava que ele iria sair daquela situação e iria voltar a ser o homem mais cheio de luz que eu já havia conhecido.

O MARIDO DA MINHA IRMÃOnde histórias criam vida. Descubra agora