Pietro entregou-se nos primeiros segundos. Talvez, por não ter sido beijado daquele jeito antes, não deveria significar nada, mas Ivan beijava com ternura e pressa, diferente dos outros beijos que havia dado na vida, aquele não lhe causou uma repulsa extrema.
Caindo em si, Pietro empurrou o loiro e o encarou,o segurando pelo suéter—Tá maluco?
Ivan só o olhava, Pietro era o segundo menino que beijava em sua vida,mas diferente do primeiro, dessa vez deu o primeiro passo,tomou a iniciativa; Perguntou-se durante o beijo se estava fazendo aquilo apenas para afetar Arina, ainda que de forma indireta. Porque se ela tinha direito de beijar outros, estava lhe entregando carta branca
"A traí!"-Pensou enquanto observava Pietro.
Mas,como não gostava da sensação de se sentir um cara capaz de trair a namorada, formou uma justificativa para seu ato, em segundos: Arina beijou Pietro, se fiz o mesmo, não é traição. Foi a mesma boca.
—Porra, qual seu problema?—Pietro se levantou, passando a mão nos próprios lábios
Ivan viu novamente irritação na face do outro —Pietro... —Tentou se explicar, mas não tinha o que dizer, havia, simplesmente, o puxado e beijado, fosse por curiosidade, carência, raiva de Arina ou qualquer outra coisa...
Você e a louca da Arina são iguais! —Suspirou dando passos para trás, ainda olhando para Ivan—Sabe das leis? Se alguém visse... Não estou na merda do meu país!—Passou a mão na cabeça e deu um passo para trás -Não vou ser deportado porque você não sabe se controlar!
Ivan demorou um pouco para entender o que ele dizia, até que finalmente tudo fez sentido. As leis russas não permitiam um beijo entre pessoas do mesmo sexo na rua.
—Pietro, desculpe!
—Vou passar na sua casa para buscar minhas coisas devagar, fique tranquilo,mesmo que não consiga sumir de uma vez, prometo desaparecer bem rápido
—Quê?—Perguntou confuso—Onde você vai?
—Até para o inferno, portanto que seja longe de você e da Arina.—Afirmou, com um mix de confusão e vergonha
Ivan tentou o alcançar enquanto ele se afastava —Pietro,desculpe...—Disse olhando para os sapatênis
O moreno não disse absolutamente nada,apenas continuou andando e Ivan,decidiu deixá-lo em paz.
(...)
Foram-se dois dias, dois longos e entediantes dias, sendo desprezado por Arina que, o chamava de covarde a cada aproximação nos corredores da faculdade e ignorado por Pietro, que nem o olhava. Mesmo quando ele o chamou para perguntar se ele voltaria para o apartamento, ao menos para levar o resto das roupas, que Arina tinha comprado e lhe dado de presente há alguns dias.
Era frustrante, se ver sozinho, olhando para o nada, sem a voz de Arina ou as músicas em inglês ouvidas por ela, ou, sem a presença de seu hóspede que por mais que não interagisse muito, havia ao menos uma hora no dia a qual tomavam um café, na verdade ele bebia café, Pietro preferia chá de maçã ou de erva doce.
—Ivan? Está me ouvindo?
—Desculpe pai...
—O que há de errado nesse raio-x ?—Perguntou o doutor
Ivan suspirou, eram pulmões, ele não estava nem um pouco a fim de dizer que as manchas brancas na parte superior, indicavam a presença de algum tipo de infecção como pneumonia ou tuberculose, pois aquilo era apenas mais um teste inútil. Tinha seus problemas com Arina, trabalhos da faculdade e o beijo que havia dado em Pietro --de maneira impensada- infernizando sua mente.
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Os Traidores - Série Crianças de Moscou
Teen FictionPietro, Ivan e Arina tinham problemas e magoas que não seriam resolvidos com facilidade. Ivan era carente Arina só queria ajudar sua família Pietro sofria ao lembrar dos abusos do passado Por isso, assim que passam a conviver juntos, todo...