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Dária estava morta e Arina exausta do funeral cheio de orações, palavras de conforto e frases sobre como mortes de crianças são tristes ou como uma criança alegre como a menina que faleceu, se sentiria livre da doença, que havia lhe tomado tudo.

Arina não tinha derramado uma lágrima, até Olga havia chorado, abraçada a Lev que também estava inconsolável, como todo resto da família.

Pietro e Ivan estiveram ao lado dela durante o velório, a menina seria cremada, por isso, após velarem o corpo, Arina pôde voltar ao apartamento, que era um mundo aparte do caos. Lá não haviam traficantes perigosos, país ameaçadores, irmãs com namorados por interesse e nem segredos. Sua casa era seu porto seguro, onde podia fazer o que tinha vontade, beijar os meninos, mostrar a eles o melhor que tinha a oferecer e receber deles o melhor.

Enquanto tomava um banho para se livrar da carga emocional que havia trago da capela, sentiu-se agradecida por ter dormido com a garota em sua última noite, por ter pego nas mãos dela e falado sobre o que esperava do futuro, por em alguns momentos ter assistido a irmãzinha sorrir, ainda que fosse apenas uma ilusão de sua cabeça. Daria foi um ensinamento de sua vida, se uma criança com tanto a viver, podia morrer, ela não iria desperdiçar um segundo de sua vida.

Saiu da banheira, sentindo-se como as bruxas que estudou em uma aula que selecionou na faculdade, ditada como "Direito na cultura e lendas" ,um nome chamativo e até mesmo tolo se comparado com tudo que aprendeu com uma senhorinha magrela que se pudesse, socaria a cara do presidente da Rússia.

Em uma das aulas tinha estudado sobre mulheres acusadas de mexerem com magia, e por mais que tenha estudado tal ato como uma emancipação da mulher, injustiças e polarização, a única coisa que lembrava claramente era de ter lido em um livro que, bruxas trabalhavam nuas para que a magia e as ideias fluissem -E também,que elas eram retratadas assim por conta de homens pervertidos,mas isso não vinha ao caso.

Acreditou que ao tirar a roupa para se banhar, tinha conseguido refletir e renovar as energias, a ponto de trazer-lhe ideias, por isso se comparou com as bruxas ao enrolar-se na toalha e sair do banheiro, prestes a tomar uma decisão arriscada, que estava em sua mente há mais tempo do que podia dizer.

Passou as mãos nos cabelos e respirou fundo —Meninos? —Chamou e não ouviu resposta—Pietro, Ivan?

Não demorou para que eles aparecessem na porta, com suas vestimentas pretas e olhos abatidos. Pensou em como era sortuda em tê-los,  no mesmo instante em que abriu os braços, esperando que eles se aproximassem e para seu conforto, ambos se aproximaram e tomaram seu corpo em um abraço apertado

Ela recebeu beijos na bochecha vindos de Pietro e no pescoço, proporcionados por Ivan, assim que eles a soltaram, se viu sorrindo

—Chamei os dois, por que quero estar com vocês —Tocou o rosto de ambos e os selou, um de cada vez, com calma e ternura —Mas, beijos e abraços não me bastam hoje... Conseguem compreender?

Encarou os meninos e percebeu que eles trocavam olhares. Pietro estava notoriamente apreensivo e Ivan, sustentava seu olhar com calma e confiança. Arina segurou a gola da camisa dos dois e olhando de um ao outro resolveu ousar.

—Quero sentir vocês, preciso disso... —Beijou Pietro, diretamente com a língua, movimentando-a rapidamente em sua boca, mordeu o lábio dele no final e não precisou dizer mais nada, apenas virar-se para Ivan e beija-lo da mesma forma, o namorado passou a mão nos cabelos dela enquanto intensificada o beijo, a sensação de está abraçada com os dois, usando apenas uma toalha branca, era indescritível.

Pietro tocou o rosto de Ivan e o beijou, Arina os assistiu, eles ainda a seguravam com um dos braços, estavam quase em um circulo.

—Acha que podemos fazer isso? —Perguntou Ivan e obviamente esperava uma resposta vinda de Petro que o olhava com atenção

Os Traidores - Série Crianças de MoscouOnde histórias criam vida. Descubra agora