Junkie passou a madrugada a procura de Kenia e infelizmente, não achou em lugar nenhum, tinha feito a primeira rota mostrada pelo GPS, a mais obvia,olhou a faixada de cada casa analisando a quantos quilômetros estavam do mosteiro citado por Górki, mas não havia sido o suficiente.
Não queria desistir tão facilmente, ainda que tivesse atravessado a madrugada e já pudesse ver o sol aparecendo no céu. Não dormia há dias e provavelmente não estava em boa forma para perseguir a mulher.
Esfregou os olhos e suspirou, decidindo não forçar seu corpo a seguir a rota número 2,que tinha traçado no GPS. Nessa, segundo algumas pesquisas feitas na internet tinha quilômetros a mais de distância do mosteiro, mais ainda assim usavam o lugar como referencia nas descrições feitas por muitos que tentavam vender ou alugar casas.
Não conseguiria se manter acordado por muito tempo e sentia que caso se obrigasse a prosseguir, poderia causar um acidente.
—Desculpa,Del... Eu mal consigo manter os olhos abertos! —Falou, tomando mais um gole do café que tinha comprado no posto de gasolina, planejando seguir o novo caminho mais tarde.
--◇◇--
Arina conseguiu dormir pouco antes do amanhecer e quando acordou, por volta das onze da manhã e a primeira coisa que fez, foi pegar o telefone e ligar para Olga, só lembrava do telefone de seus familiares e de Ivan e Piero,que para ela eram essências.Mas, por Olga não está com o celular, teve de procurar pelo papelzinho dado a ela por Junkie.
Arina encontrou o bendito papel em baixo de uma das bolsas com as roupas, que dividiam a cama com ela. Discou o número e ao ouvir alguns toques e finalmente a voz da irmã ela sorriu.
—Você está bem? —Arina questionou—Quando te liguei ontem, você basicamente desconversou porque queria saber de mim!
—Estou bem, o Lev está comigo e ainda que não faça nada além de dormir, é uma companhia.
Arina sorriu e segurou o fone com força contra a orelha —Sei que te mandei buscar esse dinheiro, mas me peguei pensando, isso é uma prova que pode agravar a situação dos nossos pais.
—Não, eu não darei a grana para a polícia!
Arina sabia que a irmã não seria fácil de convencer —Olga, pensa comigo, nossos pais estão aguardando julgamento e há provas, mas não há dinheiro algum que os ligue a isso. Contra o Górki há mais provas, ele lavava dinheiro no hospital. Mas nossos pais, eles estão pobres, quem vende crianças e não tem um tostão?
Olga se manteve quieta
—Eu só queria que você entendesse isso. Pensei a noite inteira em como essas pessoas estarão livres novamente e o quão ruim isso é. Eu os entreguei acreditando que era o certo a ser feito, mas do que adianta? Se eles voltassem as ruas, a interferir na educação das crianças...Eu apenas traumatizei os menores em vão, os fiz passar pela vergonha e pela perda dos pais por nada!
—Ari, era nossa chance de mudar de vida.
—Seríamos iguais a eles fazendo isso!Esse é o dinheiro proveniente de crianças como nós, que acham que foram abandonadas, mas podem ter sido apenas sequestradas e vendidas! Não quero ser igual a quem odeio!—Disse Arina lembrando-se das palavras de Junkie—Só pensa nisso, eu liguei porque senti que precisávamos tratar desse assunto. Te amo, dê um beijo no Lev por mim!
—Também te amo, Ari! —Disse Olga
Arina desligou a chamada e ligou para Ivan, que tinha ficado no hospital na noite passada em observação, um dos motivos para que ela não quisesse ir para o hotel, seus dois amores estavam piores do que ela, que ao ser examinada, soube que havia tido um bom tratamento vindo de Pavel. O pontos da boca que foram soltando durante os dias que estava em cativeiro haviam sido bem postos e aparentemente, os remédios fortes foram de boa serventia.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Os Traidores - Série Crianças de Moscou
Teen FictionPietro, Ivan e Arina tinham problemas e magoas que não seriam resolvidos com facilidade. Ivan era carente Arina só queria ajudar sua família Pietro sofria ao lembrar dos abusos do passado Por isso, assim que passam a conviver juntos, todo...