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—Bom Alina...

—Arina! —Ela corrigiu ao cruzar as pernas. A sala era pequena e cinza, a cadeira desconfortável e o ambiente gelado, tudo era estranho, mas o que menos se encaixava, era o fato do homem branco com sardas e olhos cansados, tê-la levado a uma sala diferente daquela que usou com seus irmãos.

Sabia que Hera também deveria está em um lugar assim, caso o contrário, algo muito estranho estava acontecendo

—Desculpe! —Bebeu um gole do café no copo de isopor e deu um sorriso, observando que ela mantinha os olhos vidrados na pasta verde e no bloco sobre a mesa que os separava—Arina Medvedeva, eu farei algumas perguntas e quero que me responda com  sinceridade, entendeu?

Ela afirmou fechando mais um botão do casaco vermelho

—Quando foi a última vez que esteve com seus pais?

—Quando dormi na casa deles, após a morte da minha irmã e...

—Poderia contabilizar?

—Dária morreu há seis dias—Pensou—Não vejo minha mãe há cinco e meu pai há quatro dias.

—Todos te acham tão devotada, porque se afastou de sua família por uns dias?

Arina arrumou a postura na cadeira desconfortável e ajeitou a bolsa no colo—Por que as pessoas se afastam de suas famílias?  É uma questão complexa, mas famílias geralmente são irritantes! —Deu de ombros, recebendo um olhar questionador —Minha família é grande e complicada, precisei me afastar por me sentir restrita e presa.

—Brigou com seu pai na última vez que o viu?

—Tivemos uma conversa na Pizzaria perto de minha casa!

—Qual sua relação com Weremy Chaban? 

Arina o olhou e pensou rapidamente em como responder —Nenhuma, ele trabalhou para a mãe do meu namorado, investigando o doutor Górki.

—Como o conheceu?

—Já disse, pelo meu namorado.—Ela encarou o Oficial, vendo que ele queria mais—Encontramos com ele no Carlisle, eu, Ivan e um amigo!

Não queria envolver Pietro na situação, mas sabia que existiam câmeras na rua e no estabelecimento, logo, não dava para esconder ou camuflar a presença dele.

—E sobre o que conversaram?

—Tentamos descobrir o que Kenia queria que ele investigasse, mas o detetive foi extremamente profissional!

—Não viu o homem em nenhuma outra situação?

Arina pensou um pouco em como responder, podia imaginar e supor o que o oficial buscava tirar dela—Ele foi ao velório de minha irmã caçula, mas não ficou muito tempo!

—Que relação tinham?

—Nenhuma, mas... —Pensou em como se referir, escolhendo agir como se não soubesse da morte do homem—Ele é namorado da minha irmã, da Hera.

O homem anotou algo e olhou diretamente para ela—Mas não foi Hera  Medvedeva quem os apresentou?

—Não!

O homem ficou em um silêncio introspectivo enquanto anotava algo no bloquinho —O que a senhorita foi fazer em Kopirka?

—Onde?

—Kopirka,em Prospekt Mira?

Foi naquele instante que percebeu que suas suposições estavam certas, provavelmente estavam ligando-a com o detetive morto

Os Traidores - Série Crianças de MoscouOnde histórias criam vida. Descubra agora