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Pietro chegou em casa e se surpreendeu pelo cheiro bom que sentiu ao abrir a porta

—Ivan? —Chamou e o viu acenar de  dentro da cozinha

—Chegou antes que eu terminasse o Borscht.

Pietro colocou as chaves no bolso

—Está cozinhando para mim?

Ivan estava mexendo a sopa que estava na panela —Você disse que não comia isso desde que se mudou—Deu de ombros—Resolvi fazer. Para comemorar sua libertação!

Pietro riu—Vou te pagar, pode ficar tranquilo!

Ivan riu—Eu não ligo.—Tirou a colher da panela e colocou na boca,fez uma cara típica de um avaliador e anuiu—Vem provar!

Pietro entrou na cozinha e se aproximou de Ivan—Aposto que está bom, você cozinha bem!

Ivan lavou  colher e pegou mais um pouco do liquido na panela —Eu tento! —Soprou para afastar a fumaça e colocou o talher na boca dele

Pietro o olhou e sorriu—Está ótimo

Ficaram se olhando em silêncio, não havia tensão alguma entre eles, Pietro sorriu de volta, mordendo o lábio inferior e recebeu um beijo rápido nos lábios,mas não foi o bastante, sem deixar que Ivan se afastasse, Pietro o puxou contra seu corpo e o beijou, de forma lenta, demorada e intensa. Os lábios macios dele se encaixavam perfeitamente com os seus.

Ivan acariciou os cabelos dele o puxando para frente, depois de um dia de estresse e reconciliação, seu corpo clamava por aquele beijo.

—O-bri-ga-do! —Disse Pietro, dando selinhos curtos em Ivan antes de se afastar, uma prática que havia aprendido com ele.  Ivan sempre lhe dava selinhos depois de um beijo longo, como se pedisse por mais.

—Não precisa, caso o contrário entraremos no looping do agradecimento

Pietro riu—Você é incrível, a gente briga, você me perdoa, me dá dinheiro e ainda cozinha para mim.  Tem que parar de ser tão bonzinho!

Ivan desligou o fogo—Gosto de agradar, quando eu era pequeno, enchia minha governanta de desenhos para agradecê-la por cuidar de mim. É tosco, mas o que posso fazer se minhas referências amorosas se perderam entre os problemas de meus pais?

—Ainda está sentido com a adoção?

—Ainda estou tentando compreender... Eles sempre foram do tipo presentes e não presença,agora estão sendo carinhosos,e isso é estranho.—Suspirou

Aquilo explicava muita coisa, Ivan presenteava as pessoas por não saber se abraços, beijos e outras atitudes bastavam. Arina o humilhou e ganhou um carro, ele mentiu e ganhava uma espécie de jantar especial.

—Como eram seus pais?

Pietro passou a mão pelos cabelos, não queria relembrar nada, aquela comida já lhe trazia lembranças demais.Porém,não iria destratar Ivan e ser grosso a ponto de não responder.

—O meu pai era meu grande amigo—Passou a falar da parte boa de sua vida,antes de seu pai morrer e sua mãe conhecer seu padrasto —A gente jogava bola e passava grande parte do dia lendo livros de história. Ele era professor na faculdade de Moscou, onde a gente estuda agora.  Meus pais se mudaram para Ucrânia antes de eu nascer,ele passou a ser professor lá!—Colocou as mãos nos bolsos, sentia falta do pai, no início, o culpava por ter morrido e o abandonado com uma mulher tão cruel, mas agora se arrependida disso

—Seu pai me parece legal!

Pietro sorriu —Ele era, mas ele morreu há muito tempo.

—Morreu de quê?

Os Traidores - Série Crianças de MoscouOnde histórias criam vida. Descubra agora