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Pietro e Ivan foram andando até o metrô, sem trocar olhares ou qualquer palavra, o investigador tinha os levado na viatura do hospital até a delegacia, onde os interrogou separadamente.

Uma ação completamente desconfortável, onde Ivan teve de falar de Pietro apenas como um amigo próximo e Pietro, precisou falar como alguém que morava com um casal de amigos,  o que tornava a história mais simples e dentro dos padrões que eles tentavam manter, ainda que a tensão que havia envolta deles e a maneira a qual brigavam mostrasse claramente que eles possuíam algo mais que amizade.

Ivan entrou no metrô e dirigiu-se a um canto sem assentos, onde havia um vidro escuro,não tinham lugares vagos, então encostou-se no que deveria ser uma janela e segurou-se na barra de ferro a cima. Pietro estava de frente para ele e nem ao menos o olhava. 

Estavam brigados novamente, e ele só podia lembrar da noite anterior, quando estavam juntos na cama, abraçados e tentavam se confortar, tocando beijos e prometendo uma grande união para tentar achar a parte que os faltava, popularmente conhecida como Arina.

A situação em que estavam era ruim e a instabilidade entre eles piorava e fazia Ivan relembrar o que havia feito com Arina, a expulsou erroneamente e agora, a garota estava desaparecida e sendo acusada de crimes que ele não acreditava que ela teria cometido.

Sibilou e expirou. Brigar com quem você claramente ama, era doloroso e por mais que ele fosse o primeiro a quebrar e estivesse cansado de sempre tomar a iniciativa para fazer as pazes, era inevitável. Se desculpar estava em seu DNA, que não era nem um pouco parecido com o das pessoas rudes, mentirosas e possivelmente criminosas que ele chamava de pais.

Agora era mais fácil entender essa parte constante e frágil de sua personalidade, provavelmente seus pais biológicos eram pessoas bem menos orgulhosas que Kenia e Górki.  Por isso, aceitando aquele seu lado vulnerável e até mesmo carente, Ivan arrastou a mão para o lado e sem olhar para Pietro, buscando manter sua dignidade, passou disfarçadamente seu mindinho na mão dele, que também segurava na barra.

Fez isso duas vezes e quando estava prestes a fazer uma terceira, não sentiu mais a mão de Pietro por perto, respirou fundo e fechou os olhos momentaneamente, já que não queria nem ao menos olhar para seus sapatenis.

Convencido de que Pietro não estava tão interessado em consertar as coisas, ele se surpreendeu ao sentir algo bater em seu joelho, abrindo os olhos quase imediatamente, ele permitiu-se dar um sorriso  e arrumou a postura.

—Olha eu... —Tentou, mas Pietro o interrompeu

—Pega o celular. —Falou ao olhar em volta

—Que?

—Pega o telefone, Ivan!

Sem saber o que Pietro queria, mas atendendo a seu olhar e a voz necessitada e insistente, ele apenas obedeceu.

Mensagem -

Pietro :Assim não gritamos e evitamos brigar!😜

Ivan sorriu e balançou a cabeça negativamente  antes de digitar "Odeio brigar com você 💔"

Pietro o olhou e encostou seu pé no dele

Mensagem -

Pietro: Eu também. 😓

                  Ivan: Devemos evitar isso!

Pietro:Sim, mas não podemos esquecer tudo o que está acontecendo

                   Ivan: Falou a policia sobre minha mãe?

Pietro:Não quero mentir para você e nem precisar te enganar!

Os Traidores - Série Crianças de MoscouOnde histórias criam vida. Descubra agora